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Coreia do Norte anuncia primeira morte por Covid-19 e China oferece ajuda

Pelo menos 187.800 pessoas estariam em quarentena na Coreia do Norte por apresentarem sintomas da Covid-19 e seis pessoas morreram, uma delas positiva ao vírus. A China ofereceu ajuda na quinta-feira (12) ao vizinho comunista que atravessa uma onda de seca que poderia piorar ainda mais a situação econômica do país. 

O líder norte-coreano Kim Jong-un usando máscara durante uma mensagem na televisão pública estatal na qual ele reconheceu o primeiro caso de Covid-19 no país, na quinta-feira, 12 de maio, em Pyongyang, na Coreia do Norte.
O líder norte-coreano Kim Jong-un usando máscara durante uma mensagem na televisão pública estatal na qual ele reconheceu o primeiro caso de Covid-19 no país, na quinta-feira, 12 de maio, em Pyongyang, na Coreia do Norte. AP
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Kim Jong-un decidiu isolar todo o país que tem um sistema de saúde muito frágil e uma população não imunizada, portanto sem condições de enfrentar um surto da doença. 

Com os três testes de mísseis balísticos realizados na noite de quinta-feira, a Coreia do Norte parecia querer mostrar que tudo estava sob controle. Mas a primeira imagem de Kim Jong-un com uma máscara e os milhares de casos de "febre suspeita" anunciados pelo regime, sendo 18.000 deles em apenas 24 horas, revelaram a gravidade da situação. 

De acordo com Cheong Seong-chang, diretor de pesquisa no Instituto sul-coreano Sejong, a parada militar de 25 de abril poderia ter sido o fator que causou a onda epidêmica atual.

"Enquanto a situação epidêmica na China estava muito grave, o regime (norte-coreano) organizava um grande evento com pessoas sem máscaras. O país estava muito confiante em sua capacidade de resistir à pandemia" analisa o especialista. 

Com um sistema hospitalar extremamente frágil, sem capacidade de realizar testes em massa, não é possível ter uma ideia precisa da propagação do vírus e é muito complicado para o governo aplicar medidas de restrição sanitária eficazes, de acordo com o correspondente da RFI em Seul, Nicolas Rocca. 

Seca e risco alimentar

A atual onda de "febre suspeita" na Coreia do Norte acontece em pleno período de seca e durante a colheita de arroz, crucial para a segurança alimentar do país.

Tanto que, enquanto em Pyongyang os habitantes teriam recebido ordens de ficar em suas casas desde terça-feira (10), na fronteira com a Coreia do Sul agricultores foram vistos nesta quinta-feira em suas atividades habituais. O regime tenta manter normalmente as atividades econômicas do país, mas, por outro lado, limita a liberdade de circulação.

A cidade de Kaepoong, na Coreia do Norte, onde agricultores trabalham, vista desde o observatório de unificação, em Paiu, na Coreia do Sul, na quinta-feira, 12 de maio.
A cidade de Kaepoong, na Coreia do Norte, onde agricultores trabalham, vista desde o observatório de unificação, em Paiu, na Coreia do Sul, na quinta-feira, 12 de maio. AP - Lee Jin-man

 Especialistas se questionam agora se a Coreia do Norte continuará com os testes de mísseis ou passará talvez a uma etapa superior com um teste nuclear. "Quando a situação é complicada e que a população está deprimida, o regime precisa de algo expepcional para estimular o povo", avalia Cheong Seong-chang. Esta seria uma opção, para Pyongyang, para "despertar" o fervor patriótico na luta contra o vírus. 

O momento é propício para uma escalada nas tensões: Joe Biden chega a Seul em 20 de maio para encontrar o novo presidente sul-coreano Yoon Seok-yeol, favorável a uma política linha dura com Pyongyang. 

A China pronta a ajudar

Autoridades de Pequim anunciaram a disposição de ajudar a Coreia do Norte em seu combate contra a epidemia. No entanto, o porta-voz da diplomacia chinesa não precisou qual poderia ser a ajuda ao país vizinho, se seriam roupas e máscaras de proteção, testes ou ainda profissionais de saúde. A Coreia do Norte realizou pouco mais de 13.000 testes PCR em 2020. 

Desde o começo da pandemia, o regime de Pyongyang optou por um isolamento ainda mais rigoroso. O país recusou ofertas de doações de vacinas de Pequim, Moscou e da Organização Mundial da Saúde (OMS). Ao sul, a fronteira está completamente fechada a partir da zona industrial intercoreana de Kaesong. A mesma situação é observada nos 19 km da fronteira com a Rússia.

Resta apenas a China onde os rios Yalu e Tumen são as únicas saídas para a economia norte-coreana. Os caminhões e os trens de carga retomaram suas atividades há um ano na região. Mas desde o começo de 2022, a região de Dongbei, no nordeste da China, e em particular a prefeitura autônoma de Yanbian, é fortemente atingida pelo reaparecimento de casos de Covid-19. O trânsito entre os dois países foi então suspenso por temores de uma propagação do vírus. 

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