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Sem vacinas, Coreia do Norte reconhece primeiro surto de Covid-19 e impõe lockdown nacional

A Coreia do Norte reconheceu nesta quinta-feira (12) estar vivendo um primeiro surto de Covid-19 no país desde o início da pandemia, declarado pela imprensa oficial como um "grave incidente de emergência nacional". A agência de notícias KCNA disse que as amostras coletadas de vários pacientes doentes com febre em Pyongyang no domingo eram "consistentes" com a altamente contagiosa variante ômicron do coronavírus.

Uma estudante tem as mãos desinfetadas antes de entrar em uma escola do ensino médio em Pyongyang, na Coreia do Norte, em 3 de novembro de 2021.
Uma estudante tem as mãos desinfetadas antes de entrar em uma escola do ensino médio em Pyongyang, na Coreia do Norte, em 3 de novembro de 2021. AP - Cha Song Ho
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De acordo com a agência, o líder norte-coreano Kim Jong-un afirmou, em uma reunião de emergência de seu gabinete político, que implementaria um sistema de controle do vírus de "emergência máxima" com o objetivo de "eliminar na raiz e no menor tempo possível". "Ele nos garantiu que, devido ao alto nível de conscientização política da população, (...) superaremos com toda segurança a emergência e teremos êxito com o plano de quarentena de emergência", acrescentou.

Kim ordenou controles de fronteira mais rígidos e medidas de confinamento, pedindo a seus cidadãos para "conter completamente a propagação do vírus malicioso, bloqueando cuidadosamente a circulação em todas as cidades e regiões do país", informou a KCNA. Todos os negócios e atividades de produção serão organizados para que cada unidade fique "isolada" para evitar o contágio, acrescentou.

O país impôs um bloqueio ao exterior no início de 2020 para se proteger da pandemia, o que causou problemas econômicos e paralisou o comércio. Desde o surgimento da Covid-19, a Coreia do Norte não havia confirmado um único caso de coronavírus.

País não importou vacinas

Segundo a Organização Mundial da Saúde, Pyongyang havia realizado 13.259 testes de Covid-19 até o final de 2020, todos com resultados negativos. Analistas dizem que o debilitado sistema de saúde da Coreia do Norte teria dificuldades para lidar com um grande surto de coronavírus.

O país, isolado e pobre, não importou vacinas contra o coronavírus, embora preencha os critérios para se beneficiar do programa global de compartilhamento de vacinas Covid-19, Covax. A emissora CNN lembra que, em fevereiro, o relator especial da ONU sobre direitos humanos na Coreia do Norte, Tomás Ojea Quintana, pediu à comunidade internacional fornecer à Coreia do Norte "60 milhões de doses de vacinas para providenciar pelo menos duas doses para toda a população", de 25 milhões de habitantes.

O país também não forneceu informações sobre sua situação de vacinação contra o Covid-19 à Organização Mundial da Saúde (OMS), de acordo com o último relatório da entidade sobre o andamento da imunização.

Divergências sobre programa nuclear

Enquanto isso, o futuro do programa nuclear norte-coreano continua a causar preocupação na comunidade internacional. No Conselho de Segurança das Nações Unidas, os Estados Unidos e a China divergiram nesta quarta-feira sobre como reduzir a tensão com a Coreia do Norte. Washington pede mais sanções contra Pyongyang, mas Pequim quer o contrário.

A reunião de emergência do Conselho ocorreu após temores de que a Coreia do Norte retome seus testes nucleares nas próximas semanas. "É hora de deter a ideia de permissividade tácita e começar a agir", disse a embaixadora dos EUA na ONU, Linda Thomas-Greenfield. "Precisamos avançar rapidamente para o endurecimento das sanções, sem considerar afrouxá-las."

Linda rejeitou o projeto de resolução da China e da Rússia – que, como os Estados Unidos, são membros do Conselho com poder de veto – visando a aliviar as sanções impostas em 2017. Em vez disso, a embaixadora disse que estavam perto do fim das negociações de um texto separado dos Estados Unidos que atualiza as sanções.

"Não podemos esperar até que a Coreia do Norte empreenda atos mais provocativos, ilegais e perigosos, como testes nucleares. Precisamos nos manifestar", ressaltou a embaixadora.

O embaixador da China na ONU, Zhang Jun, chamou de “preocupante” a possibilidade de uma escalada e pediu moderação. Ele acrescentou que endurecer as sanções em uma atmosfera de desconfiança "não seria construtivo". "O que a China quer é evitar um novo teste nuclear", disse à AFP, após a reunião.

"Conversar é melhor do que medidas coercitivas. Vimos muitas medidas coercitivas no mundo, na Síria, Iraque e Afeganistão. Vocês viram bons resultados? O que vimos foi apenas sofrimento humanitário", observou Zhang.

A embaixadora da Rússia, Anna Yevstigneeva, também defendeu a resolução que propôs com a China e pediu a retomada do diálogo.

Pyongyang aumentou drasticamente os lançamentos de mísseis, com mais de uma dúzia de testes de armas desde janeiro, incluindo o lançamento de um míssil balístico intercontinental de longo alcance pela primeira vez desde 2017. A reunião do Conselho de Segurança ocorreu um dia após a posse do novo presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk-yeol, que prometeu ser mais duro com Pyongyang.

Com informações da AFP

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