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Rússia ameaça intensificar ataques em Kiev após naufrágio de navio de guerra

Em represália ao ataque ao cruzador Moskva no Mar Negro, atingido nesta quinta-feira (14), o governo russo ameaçou, nesta sexta-feira (15), intensificar os ataques em Kiev após acusar a Ucrânia de bombardear vilarejos russos situados na fronteira, o que o governo ucraniano nega. 

Imagem do cruzador "Moskva" no porto de Sébastopol , na Crimeia, em 7 de abril de 2022
Imagem do cruzador "Moskva" no porto de Sébastopol , na Crimeia, em 7 de abril de 2022 AP
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"O número e o alcance dos ataques com mísseis em Kiev vão aumentar, em resposta a todos os ataques terroristas e sabotagens ocorridas no território russo e perpretadas pelo regime nacionalista de Kiev", escreveu o ministério da Defesa russo, em um comunicado. A Rússia já anunciou que destruiu um ateliê de produção de mísseis terra-ar na usina de Vizar, situada no subúrbio da capital ucraniana.

O comitê de investigação russo afirma que dois helicópteros ucranianos, equipados de armas pesadas, entraram na Rússia e atacaram seis imóveis civis na cidade de Klimovo, na região de Briansk. Sete pessoas, entre elas um bebê, ficaram feridas, afirma Moscou. Essas informações são impossíveis de serem verificadas de maneira independente. A Rússia também afirmou ter matado cerca de trinta "mercenários poloneses" em um ataque em Kharkiv, no nordeste da Ucrânia. A informação foi confirmada pelo porta-voz do ministério russo da Defesa, Igor Konachenkov.

De acordo com os ucranianos, os serviços secretos russos realizam ataques na região de Klimovo para alimentar a histeria "anti-ucraniana." Segundo as autoridades regionais ucranianas, explosões também ocorreram durante a noite no sudoeste de Kiev, no distrito de Vassylkiv. A defesa antiaérea ucraniana "entrou em ação" e os alertas soaram diversas vezes na periferia da capital, de acordo com seu governador, Olexandre Pavliouk. As tropas russas, disse ele, se retiraram da região de Kiev no fim de março, mas os alertas continuam frequentes. 

O bairro de Merefa, no sul de Kharkiv, na Ucrânia
O bairro de Merefa, no sul de Kharkiv, na Ucrânia © RFI / Marie Normand

Ataque contra ônibus

 A Ucrânia informou, nesta sexta-feira (15), que sete civis morreram e 27 ficaram feridos na quinta-feira em um ataque atribuído aos russos contra um ônibus que retirava pessoas da região de Kharkiv, no leste do país."Em 14 de abril, militares russos dispararam contra um ônibus de retirada de civis na cidade de Borova. Segundo as primeiras informações, sete pessoas morreram e 27 ficaram feridas", informou a procuradoria-geral no Telegram.

Uma investigação foi aberta por "violação das leis da guerra, associada ao assassinato premeditado", acrescentou. No sul, na região de Zaporizhzhia, uma pessoa foi morta e cinco ficaram feridas no bombardeio russo da cidade de Vasylivka, onde várias casas, uma loja e uma instalação na estação ferroviária de Tavriysk foram danificadas, segundo a administração militar.

O navio Moskva em 12 de fevereiro de 2022
O navio Moskva em 12 de fevereiro de 2022 AFP - HANDOUT

Golpe duro

O navio lança-mísseis Moskva, de 186 metros de comprimento, foi danificado por um incêndio, nesta quinta-feira, causado por uma explosão de munições. Sua tripulação de mais de 500 homens teve que ser evacuada, segundo o ministério da  Defesa russo. As autoridades ucranianas afirmaram que o Moskva foi atingido por "mísseis Neptune", o que provocou "importantes danos neste navio russo", segundo o governador de Odessa, Maxim Marchenko.

O Moskva começou suas operações na era soviética, em 1983, e participou da intervenção russa na Síria a partir de 2015.O navio ganhou notoriedade no início da guerra na Ucrânia, ao se envolver no ataque contra a ilha das Serpentes, quando 19 marinheiros ucranianos foram capturados e trocados por prisioneiros russos.

Tanques ucranianos na periferia de Kiev, em 11 de abril de 2022.
Tanques ucranianos na periferia de Kiev, em 11 de abril de 2022. © Evgeniy Maloletka/AP

Ameaça sobre Kiev

Desde o início da guerra, o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, tem ficado no centro da capital, de onde reivindica aos países ocidentais o envio de armamento pesado para resistir à ofensiva russa. O presidente americano, Joe Biden, prometeu ontem uma nova entrega de ajuda militar avaliada em US$ 800 milhões, após hesitar em enviar equipamento pesado. Os EUA temem o agravamento das tensões com Moscou e de serem considerados parte no conflito.

O pacote inclui artilharia de última geração, como os canhões M777 Howitzer, 40.000 obuses, 300 drones "kamikaze", 500 mísseis antitanque Javelin, radares antiartilharia e antiaéreos, 200 veículos blindados de transporte e 100 blindados leves, segundo a Casa Branca.

A atenção agora se volta para o estratégico porto de Mariupol, no sudeste da Ucrânia. Sua conquista seria uma vitória importante para as forças russas, já que permitiria consolidar sua posição no Mar de Azov, unindo o Donbass com a península da Crimeia, que foi anexada em 2014. O prefeito da cidade, Vadim Boishenko, desmentiu as declarações feitas ontem pelo Ministério da Defesa russo, de que suas forças tinham assumido o controle da zona portuária de Mariupol.

Repercussões econômicas mundiais

Analistas acreditam que o presidente russo, Vladimir Putin, quer assegurar uma vitória no leste antes do desfile militar de 9 de maio na Praça Vermelha, em Moscou, que comemora a vitória soviética sobre os nazistas em 1945. Na Rússia, Putin pediu, em uma reunião de governo, para reorientar as exportações de energia para a Ásia.

É preciso "reorientar nossas exportações para os mercados do sul e do leste, que crescem rapidamente", disse o presidente russo, que também falou de uma possível redução nas entregas ao Ocidente por causa das sanções internacionais. Em nível global, o Fundo Monetário Internacional (FMI) reduziu suas previsões de crescimento mundial para 2022 e 2023, mas, ainda assim, prevê um aumento do PIB na maioria dos países.

Já na zona do euro, a guerra tem repercussões "severas", segundo Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu (BCE), devido ao aumento dos preços da energia, às perturbações na cadeia de suprimentos e à queda da confiança que entorpece as perspectivas.

(Com informações da AFP)

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