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Finlândia se prepara para tomar histórica decisão de pedir adesão à Otan

A Finlândia entra nesta semana na fase decisiva sobre sua candidatura ou não à Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte). Essa possibilidade, impensável até o começo deste ano, voltou a ser cogitada depois do início da guerra na Ucrânia.

“Teremos discussões muito cuidadosas sobre o assunto, mas não levaremos mais tempo do que o necessário”, disse a primeira-ministra da Finlândia, Sanna Marin.
“Teremos discussões muito cuidadosas sobre o assunto, mas não levaremos mais tempo do que o necessário”, disse a primeira-ministra da Finlândia, Sanna Marin. AFP - JOHANNA GERON
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O governo finlandês deve publicar na próxima quinta-feira (14) novas diretrizes de segurança do país, reconsiderando a movimentação russa iniciada em 24 de fevereiro. Encomendada no início de março, a revisão estratégica promete ser o ponto de partida para um encaminhamento ao Parlamento e um debate nacional durante várias semanas. A decisão definitiva é esperada para junho, pouco antes de uma eventual aprovação pela Aliança Atlântica, em seu congresso no fim do mesmo mês, em Madri.

“Teremos discussões muito cuidadosas, mas não levaremos mais tempo do que o necessário”, disse a primeira-ministra Sanna Marin na sexta-feira (8). "Acho que terminaremos nossa discussão antes do final de junho", acrescentou a jovem líder social-democrata.

As pesquisas apontam que o apoio da população finlandesa à medida dobrou, passando para 60%, um índice inédito. A parcela dos que rejeitam a ideia caiu para cerca de 20%.

Apoio no Parlamento

Também no Parlamento, uma clara maioria se mostra a favor da entrada na Otan. Como muitos de seus colegas, o deputado do partido de centro Joonas Kontta considerava que a aliança era "algo que não precisávamos no momento". Mas a invasão russa "mudou definitivamente a Europa" e "ser membro da Otan nos daria mais valor em termos de segurança", declarou neste domingo (10) à AFP.

Raros são os deputados opositores, como o da Aliança de Esquerda Markus Mustajarvi, que acredita que ficar de fora das alianças militares “trouxe estabilidade a todo o norte da Europa”.

A Finlândia aumentou as consultas nas últimas semanas com quase todos os 30 membros da Otan. A vizinha Suécia também está em pleno questionamento sobre sua proteção em relação a Moscou.

Ambos os países obtiveram garantias claras do secretário-geral da entidade, Jens Stoltenberg, de que as portas estavam abertas, com apoio dos Estados Unidos à Alemanha, passando pela França e pelo Reino Unido.

Já o presidente russo, Vladimir Putin, considera que a ampliação rumo ao leste justifica a invasão da Ucrânia. Uma possível nova fronteira adicional, de 1.340 quilômetros com a aliança militar ocidental, ampliaria as desavenças com o Ocidente.

"Consequências sérias"

Moscou ameaça regularmente Helsinque e Estocolmo com "sérias consequências políticas e militares" se aderirem à Aliança Atlântica, um aviso repetido nas últimas semanas.

O presidente finlandês, Sauli Niinistö, reconheceu no final de março que uma candidatura à Otan poderia provocar respostas "impetuosas" da Rússia – sites do governo foram alvo de ataques cibernéticos na sexta-feira.

Quanto à unanimidade dos membros necessária para a entrada de novos parceiros, o apoio da Turquia parece conquistado, mas o ponto de interrogação persiste em relação à Hungria, governada pelo premiê ultraconservador de Viktor Orban.

Para o ministro das Relações Exteriores finlandês, Pekka Haavisto, a Otan avalia que levaria entre quatro e 12 meses para finalizar a adesão – o procedimento havia demorado 13 para a Macedônia do Norte, a última a ingressar na organização, em março de 2020.

Militarização

No papel, a Finlândia (5,5 milhões de habitantes) é um candidato dos sonhos, com um número recorde de reservistas, refletindo a vigilância contínua em relação ao seu vizinho russo. O país está pronto para mobilizar entre 280 mil e 300 mil homens e mulheres em poucos dias.

Após encomendar 64 caças americanos F-35 no final de 2021, a Finlândia acaba de registrar um salto de 40% em seu orçamento militar até 2026, o que a coloca bem acima dos 2% do PIB recomendados pela Otan.

A Finlândia foi invadida pela União Soviética em 1939, em uma "Guerra de Inverno" de três meses, em que sua feroz resistência hoje traça paralelos com a guerra ucraniana.

No final de uma chamada guerra de "continuação" (1941-1944) contra os soviéticos, o país nórdico foi então submetido a uma neutralidade forçada durante toda a Guerra Fria. Foi apenas na década de 1990 que a Finlândia aderiu à União Europeia e se tornou uma parceira da Otan.

(Com informações da AFP)

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