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Hong Kong: sem diversidade de candidatos, votação para parlamento tem baixa adesão

Os eleitores de Hong Kong votam neste domingo (19) para eleger os membros de seu parlamento, o Conselho Legislativo (LegCo). Essas são as primeiras eleições realizadas sob os novos procedimentos impostos por Pequim em março. Para evitar que a oposição pró-democracia conquiste a maioria, apenas candidatos "patrióticos" foram autorizados a concorrer. A adesão ao pleito até o meio-dia girava em torno de 19%, a menor taxa desde a entrega do território em 1997.

O povo de Hong Kong vota pela primeira vez desde a implementação da lei que restringe o direito de se candidatar a "patriotas" leais à China, neste domingo, 19 de dezembro de 2021.
O povo de Hong Kong vota pela primeira vez desde a implementação da lei que restringe o direito de se candidatar a "patriotas" leais à China, neste domingo, 19 de dezembro de 2021. © Vincent Yu/AP
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Por Florence de Changy, correspondente da RFI em Hong Kong,

Houve uma grande campanha promocional para motivar os cidadãos a votarem em Hong Kong. O governo anunciou a oferta de transporte gratuito neste domingo para incentivar as pessoas a deixarem suas casas e irem às urnas. Iniciativa que não está necessariamente tendo o efeito desejado.

O metrô está lotado neste domingo. Na linha azul, que vai de leste a oeste, parece um dia de semana na hora do rush. Mas a população só quer mesmo aproveitar a oportunidade para fazer as viagens mais longas possíveis, uma vez que em Hong Kong o pagamento é feito de acordo com a distância. Para as pessoas mais modestas, ir até o outro lado do território, seja de ônibus, seja de metrô, é um luxo raro.

No final da manhã, muitos parques nacionais, onde se pode admirar as "folhas vermelhas" do outono, estavam repletos como um mercado.

Muitos cidadãos de Hong Kong não foram votar, a exemplo de três jovens, que se encontravam em um restaurante: “Não temos intenção de votar”, disse um deles. “Nós usamos o metrô só por prazer, só por diversão”, outro completa.

“Eleição injusta”

O fato é que, como a oposição tradicional pró-democracia não existe mais, os eleitores provavelmente se recusarão a votar. Como explica John Burns, professor de Ciências Sociais da Universidade de Hong Kong: “As pesquisas mostram que a maioria da população, 58%, considera esta eleição injusta. Por que injusta? Porque todos os principais candidatos da oposição estão presos, estão sendo processados, fugiram, foram silenciados”.

Cada um dos 153 candidatos teve que fazer promessas de lealdade política à China e "patriotismo" para poder participar do pleito. Como resultado, os ativistas pró-democracia foram impedidos de concorrer ou renunciaram, isso quando não estão presos ou fugiram para o exterior, dando à maioria dos candidatos um perfil repetitivo e monótono.

Até uma lei proibindo qualquer pessoa de sugerir abstenção ou voto em branco foi aprovada. O crime é punível com três anos de prisão, e dez pessoas já foram detidas em Hong Kong por essa motivação. Sete mandados de prisão internacionais também foram emitidos contra ativistas no exílio que também pediram um boicote.

Dos 90 assentos no Conselho Legislativo, apenas 20 estão abertos ao sufrágio universal, metade do número anterior, sendo o restante indicado por diversos comitês e grupos de interesse do regime chinês.

Com isso, a única verdadeira incógnita na votação será, portanto, o comparecimento, um termômetro da adesão dos Hong Kong ao novo sistema eleitoral. As novas regras foram impostas por Pequim como parte da resposta à Hong Kong após os massivos protestos pró-democracia de 2019. Cerca de 4,5 milhões de pessoas de uma população total de 7,5 milhões estão aptas a votar.

(Com informações da AFP)

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