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Justiça decreta novas penas para líderes do movimento pró-democracia em Hong Kong

Oito militantes que ajudaram a organizar a vigília para lembrar do ato em memória do massacre da Praça Tiananmen, também conhecida como Praça da Paz Celestial, em Pequim, em 4 de junho do no ano passado, foram condenados a diversas penas de prisão, nesta segunda-feira (13) em Hong Kong. A homenagem foi proibida pela primeira em vez, em 30 anos, em razão da situação sanitária.

Jimmy Lai durante uma entrevista à agência AFP em 2020
Jimmy Lai durante uma entrevista à agência AFP em 2020 Anthony WALLACE AFP/Archivos
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Florence de Changy, correspondente da RFI em Hong Kong

Os oito acusados, entre eles quatro líderes da oposição pró-democracia de Hong Kong, foram condenados a penas de prisão que vão de quatro a 14 meses de prisão, sem suspensão condicional. Tecnicamente, a vigília não aconteceu: os organizadores apenas indicaram sua intenção de ir até o local onde o evento ocorre anualmente para lembrar a morte dos estudantes chineses em Pequim, perto da praça Victoria. O problema é que dezenas de milhares de pessoas aderiram à homenagem.

De acordo com a juíza Amanda Woodcock, através de discursos ou entrevistas, alguns dos militantes sugeriram aos habitantes da cidade que acendessem velas para lembrar a data. Esse tipo de ação pode ser considerado como uma "incitação", declarou. 

Ela já havia rejeitado o argumento de restrição da liberdade da expressão e afirmou, na semana passada, que as pessoas que participaram da vigília se uniram "a um ato de desconfiança e protesto contra a polícia".

Na última segunda-feira (13), a juíza de Hong Kong reafirmou que os acusados mereciam uma pena "dissuasiva punitiva." As novas condenações aumentarão o tempo de cadeia dos militantes, que já haviam sido condenados por outros delitos.

O militante Jimmy Lai participa da cerimônia em comemoração ao massacre da praça Tianamen, em 2020.
O militante Jimmy Lai participa da cerimônia em comemoração ao massacre da praça Tianamen, em 2020. AP - Kin Cheung

 

Há alguns anos, 16 responsáveis políticos e militantes, entre eles, Joshua Wong, um dos líderes mais conhecidos da contestação no território, já haviam sido condenados por penas entre 6 e 10 meses de prisão por terem participado da mesma vigília. 

Entre os militantes presos está Lee Cheuk-yan, veterano da Aliança de Hong Kong, que apoia os movimentos patrióticos e democráticos na China e que, desde 1989, organiza a vigília. O magnata Jimmy Lai, 74 anos, proprietário do jornal Apple Daily, também foi condenado e disse estar "orgulhoso" por ter participado em 2020 da homenagem proibida. Ele foi condenado a 13 meses de detenção. 

Protestos em 2019 nas ruas de Hong Kong exige democracia.
Protestos em 2019 nas ruas de Hong Kong exige democracia. Anthony WALLACE AFP

"Apagar Tiananmen da história"

"Se lembrar aqueles que são mortos injustamente é um crime, pode me infringir esse crime e deixem-me cumprir minha pena, para que eu divida o fardo e a glória desses jovens homens e mulheres que derramaram seu sangue no dia 4 de junho quando o exército chinês reprimiu o  movimento pró-democracia na praça Tiananmen, em Pequim", escreveu o magnata em uma carta, lida na segunda-feira pelo seu advogado, Robert Pang, no tribunal.

"Lembrem-se daqueles que derramaram sangue, mas não se lembrem da crueldade. Que o poder do amor supere o da destruição", diz o texto. A advogada Chow Hang, que fez sua própria defesa e foi condenada a 13 meses de prisão, comparou sua condenação "a uma etapa que consiste a apagar a história do massacre de Tiananmen e a história da resistência cívica de Hong Kong. "As pessoas não devem se deixar desencorajar pela detenção", declarou.

(RFI e AFP)

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