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Brasil continua sendo país violento para a imprensa, revela relatório da RSF

De acordo com o relatório anual da ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF), um total de 488 jornalistas estão detidos no mundo. A alta é de 20% em comparação com 2020, e México e Afeganistão continuam sendo os países mais perigosos para o exercício da profissão, revela o documento. O Brasil caiu quatro posições na classificação este ano e continua sendo um país violento para a imprensa.

500 jornalistas foram presos em todo o mundo em 2021, de acordo com Repórteres sem fronteira. Brasil continua sendo país perigoso para a profissão
500 jornalistas foram presos em todo o mundo em 2021, de acordo com Repórteres sem fronteira. Brasil continua sendo país perigoso para a profissão © rsf.org
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Segundo o relatório da organização Repórteres Sem Fronteiras, a maioria dos crimes no Brasil atingiu jornalistas que cobriam histórias de corrupção, políticas públicas ou crime organizado em cidades de pequeno e médio porte. O balanço da ONG mostrou que o trabalho da imprensa brasileira tornou-se especialmente complexo desde a eleição, em 2018, de Jair Bolsonaro, que fomenta um clima de ódio e desconfiança em relação aos jornalistas.

Além disso, a paisagem midiática brasileira está concentrada, com frequência, nas mãos de grandes famílias de industriais, muitas vezes próximas da classe política. O sigilo das fontes não é sempre respeitado e muitos jornalistas investigativos são alvo de processos judiciais abusivos. "Nunca, desde a criação do balanço anual da organização, em 1995, o número de jornalistas presos havia sido tão elevado", afirma um comunicado da organização com sede em Paris, que destaca que, do total, 60 são mulheres, outro recorde.

O número de jornalistas assassinados caiu neste ano, graças, em partee, ao fim parcial de conflitos armados na Síria, Iraque, Afeganistão e Iêmen. Até 1º de dezembro de 2021, 46 jornalistas foram assassinados. "Temos que retornar a 2003 para encontrar um número de mortos inferior a 50", ressalta a RSF no documento.

Trinta jornalistas foram assassinados deliberadamente, sete deles no México, país mais perigoso pelo terceiro ano consecutivo. O México registrou 47 assassinatos de repórteres nos últimos cinco anos."Alimentada pela impunidade quase total, e diante da falta de reformas ousadas dos sucessivos governos, a espiral de violência parece interminável", denuncia o relatório.

O número de jornalistas mulheres presas aumentou em 2020.
O número de jornalistas mulheres presas aumentou em 2020. Yasin AKGUL AFP

No Afeganistão, seis jornalistas foram assassinados no decorrer do ano, vítimas de ataques e atentados com bombas. O país, afetado por décadas de violência, tem o mesmo balanço de profissionais da imprensa mortos que o México nos últimos cinco anos: 47. Além dos 488 jornalistas oficialmente presos, outros 65 estão sequestrados.

O aumento de 20% de jornalistas detidos foi provocado em particular pela repressão contra a liberdade de informação em três países: Mianmar, onde uma junta militar tomou o poder em fevereiro; Belarus, que teve uma polêmica reeleição presidencial em agosto de 2020, e China, cujo regime comunista assumiu o controle praticamente total de Hong Kong.

Repórteres da redação do Apple Daily Monday, em abril de 2021.
Repórteres da redação do Apple Daily Monday, em abril de 2021. AP - Vincent Yu

Cresce número de mulheres detidas

Um tribunal da ex-colônia britânica ordenou, na quarta-feira (15), a liquidação da empresa matriz do jornal Apple Daily, uma publicação pró-democracia. O Apple Daily encerrou as atividades este ano, depois que seus bens foram congelados com base em uma lei de segurança nacional que a China impôs em Hong Kong para sufocar a dissidência.

Na comparação com 2020, o número de mulheres jornalistas detidas aumentou em um terço. Um dos casos de maior destaque é o de Zhang Zhan, uma jornalista chinesa que está em condição crítica.

Em Belarus, mais mulheres (17) que homens (15) foram detidas este ano, incluindo Daria Chultsova e Katsiarina Andreyeva, condenadas a dois anos de prisão pela transmissão ao vivo em um canal de televisão de um protesto não autorizado.

Quanto aos sequestros, o grupo extremista Estado Islâmico (EI) mantém 28 jornalistas em cativeiro, o correspondente a 43% do total mundial, apesar de o grupo ter sido oficialmente derrotado em 2017. As famílias dos repórteres não sabem se estão vivos ou mortos.

Sede da organização Repórteres em Fronteiras em Paris, em 2008
Sede da organização Repórteres em Fronteiras em Paris, em 2008 Patrick Kovarik AFP/Archivos

(Com informações da AFP)

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