Em plena crise econômica, comitê central do PCC chinês se reúne em Pequim
O 19º comitê central do Partido Comunista chinês organiza, a partir desta segunda-feira (8), a sexta plenária em Pequim. O contexto é desfavorável ao dirigente Xi Jinping, que enfrenta a desaceleração econômica do país.
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Stéphane Lagarde, correspondente da RFI em Pequim
Os cerca de 400 dirigentes do partido chinês estão reunidos a porta fechadas. O conteúdo dos debates não foi divulgado, mas uma resolução sobre as principais realizações e a experiência do partido em cem anos de história deve ser examinada pelos participantes.
Essa manobra é vista como uma maneira de preparar a manutenção de Xi Jinping no poder durante o congresso do partido, previsto para o ano que vem. O presidente chinês terá dificuldades pela frente, como a queda do crescimento econômico chinês, que registrou, no terceiro trimestre, 4,9% do PIB em um ano. Este é o pior resultado desde os anos 1990.
As causas dessa desaceleração são múltiplas. Uma delas é a fraca demanda interna, um dos motores da economia chinesa. Além disso, Pequim diminuiu os investimentos, endurecendo as condições para conceder créditos. O setor imobiliário, outra locomotiva da economia chinesa, também está em plena crise. A falência do grupo Evergrande ilustra essa situação.
Paradoxalmente, a desaceleração da economia não parece preocupar o governo de Xi Jinping. O presidente insiste na "qualidade" do crescimento e no fato de que a indústria chinesa está produzindo manufaturados mais sofisticados.
Enquanto isso, muitos lares chineses podem sofrer as consequências de um inverno precoce que está chegando no nordeste chinês, com as ondas de frio e a neve. O país já convive com a falta de energia elétrica que faz aumentar o custos de produção e afeta as cadeias de distribuição.
...et d'assurer à l'actuel numéro un chinois son emprise sur l'appareil d'Etat, à la veille du XXe Congrès du PCC prévu l'automne prochain. Réécrire le passé, pour commander l'avenir, avec un enjeu de pouvoir majeur au sein de la deuxième économie du monde... pic.twitter.com/2b1QB5hNA1
— Stéphane Lagarde (@StephaneLagarde) November 8, 2021
Resolução histórica
A sexta plenária do partido comunista, que acontece até o dia 11 de novembro, não deve resultar em grandes decisões, explica o pesquisador francês Jean Philippe Béja, do CNRS (Centro Nacional de Pesquisa Científica), ouvido pela RFI. De acordo com ele, a reunião irá preparar o 20º congresso, que provavelmente ratificará o limite de dois mandatos presidenciais para o chefe de Estado chinês, que poderá dirigir o PCC até sua morte.
Segundo o pesquisador francês, no encontro também serão discutidas "resoluções históricas sobre o PCC." Na história do partido, explica, houve duas decisões do tipo: uma em 1945, quando a ideologia do líder Mao Tse Tung entrou na Constituição do PCC, e a segunda em 1981, que consacrou a vitória de Deng Xiaoping, considerado responsável pelo desenvolvimento da China atual.
"Essa resolução será principalmente triunfalista. Como em seu discurso do centenário do partido, Xi Jinping dirá que o PCC será 'maravilhoso' e que uma nova era começa com um forte dirigente que transformará o país na maior potência mundial nos próximos 20 anos", conclui Béja.
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