Acessar o conteúdo principal

Conselho de Segurança da ONU aprova resolução pedindo a talibãs que garantam saídas do Afeganistão

O Conselho de Segurança da ONU adotou nesta segunda-feira (30) uma resolução na qual pede aos talibãs que cumpram suas promessas de permitir que afegãos e cidadãos estrangeiros saiam de forma "segura" do Afeganistão. Treze dos 15 membros votaram a favor do texto, elaborado por Estados Unidos, França e Reino Unido, enquanto China e Rússia se abstiveram. Mas para especialista, o texto é “superficial”.

Famílias são evacuadas do Afeganistão, no aeroporto de Cabul, em 29 de agosto de 2021.
Famílias são evacuadas do Afeganistão, no aeroporto de Cabul, em 29 de agosto de 2021. AP - Visar Kryeziu
Publicidade

Na resolução, o Conselho diz “esperar” que os talibãs cumpram todos seus “compromissos”, principalmente no que se refere “à saída segura” e “ordenada” do Afeganistão “dos afegãos e cidadãos estrangeiros”, após a retirada dos Estados Unidos que deve terminar na terça-feira (31).

Segundo a resolução, o Conselho de segurança “reafirma” a importância do “respeito dos direitos humanos, incluindo o das mulheres, das crianças e das minorias”, e “encoraja” a aplicação de uma solução política “inclusiva” com uma participação “significativa” das mulheres.

O documento “pede” também que o território afegão não seja utilizado para “ameaçar ou atacar” outros países nem para abrigar “terroristas”.

A China, que se absteve do voto, estimou que a situação atual era “consequência direta da retirada apressada e desordenada” das forças ocidentais.

Já a Rússia lamentou que os autores da resolução não tenham considerado suas objeções sobre a “fuga de cérebros”, provocada pela evacuação e partidas de afegãos que trabalharam com os países estrangeiros ou para o governo pró-ocidental derrubado pelos talibãs, e sobre os “efeitos nefastos” do congelamento dos ativos financeiros do Afeganistão pelos países ocidentais após a tomada do poder pelos talibãs.

Zona protegida

A declaração não faz referência à criação de uma “zona segura”, ou protegida, como sugerido pelo presidente francês Emmanuel Macron.

No domingo (29), o presidente francês declarou que Paris e Londres demandariam à ONU a criação desta zona em Cabul, para permitir a continuação das “operações humanitárias”.

“Eu acredito que este projeto é totalmente realizável. Eu tenho esperança que ele possa encontrar uma resposta favorável. Não vejo quem poderia se opor à segurança de projetos humanitários”, precisou o chefe de Estado. “Isso daria um enquadramento da ONU para agir de maneira emergencial e permitiria, sobretuto, colocar cada um diante de suas responsabilidades e à comunidade internacional de manter a pressão sobre os talibãs”, completou.

Questionados na segunda-feira, diplomatas da ONU explicaram que não se tratava de uma “zona protegida” propriamente dita, mas de manter os talibãs cientes de seu compromisso e permitir uma “saída segura” para os que queiram partir. “Essa resolução não é operacional, são sobretudo princípios, mensagens políticas chaves e advertências”, disse uma das diplomatas a jornalistas.

Segundo Richard Gowan, especialista da ONU da organização de prevenção de conflitos International Crisis Group, a resolução “dirige uma mensagem política aos talibãs sobre a necessidade de manter o aeroporto aberto e ajudar a ONU a encaminhar ajuda”.

Mas globalmente, “o texto é bastante superficial” e “Macron errou ao vender a ideia de uma zona protegida no aeroporto de Cabul”, “ou, em todo caso, de não comunicar de maneira muito clara”, sobre o tema, diz Gowan.

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.