Conselho de Segurança da ONU aprova resolução pedindo a talibãs que garantam saídas do Afeganistão
O Conselho de Segurança da ONU adotou nesta segunda-feira (30) uma resolução na qual pede aos talibãs que cumpram suas promessas de permitir que afegãos e cidadãos estrangeiros saiam de forma "segura" do Afeganistão. Treze dos 15 membros votaram a favor do texto, elaborado por Estados Unidos, França e Reino Unido, enquanto China e Rússia se abstiveram. Mas para especialista, o texto é “superficial”.
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Na resolução, o Conselho diz “esperar” que os talibãs cumpram todos seus “compromissos”, principalmente no que se refere “à saída segura” e “ordenada” do Afeganistão “dos afegãos e cidadãos estrangeiros”, após a retirada dos Estados Unidos que deve terminar na terça-feira (31).
Segundo a resolução, o Conselho de segurança “reafirma” a importância do “respeito dos direitos humanos, incluindo o das mulheres, das crianças e das minorias”, e “encoraja” a aplicação de uma solução política “inclusiva” com uma participação “significativa” das mulheres.
O documento “pede” também que o território afegão não seja utilizado para “ameaçar ou atacar” outros países nem para abrigar “terroristas”.
A China, que se absteve do voto, estimou que a situação atual era “consequência direta da retirada apressada e desordenada” das forças ocidentais.
Já a Rússia lamentou que os autores da resolução não tenham considerado suas objeções sobre a “fuga de cérebros”, provocada pela evacuação e partidas de afegãos que trabalharam com os países estrangeiros ou para o governo pró-ocidental derrubado pelos talibãs, e sobre os “efeitos nefastos” do congelamento dos ativos financeiros do Afeganistão pelos países ocidentais após a tomada do poder pelos talibãs.
Zona protegida
A declaração não faz referência à criação de uma “zona segura”, ou protegida, como sugerido pelo presidente francês Emmanuel Macron.
No domingo (29), o presidente francês declarou que Paris e Londres demandariam à ONU a criação desta zona em Cabul, para permitir a continuação das “operações humanitárias”.
“Eu acredito que este projeto é totalmente realizável. Eu tenho esperança que ele possa encontrar uma resposta favorável. Não vejo quem poderia se opor à segurança de projetos humanitários”, precisou o chefe de Estado. “Isso daria um enquadramento da ONU para agir de maneira emergencial e permitiria, sobretuto, colocar cada um diante de suas responsabilidades e à comunidade internacional de manter a pressão sobre os talibãs”, completou.
Questionados na segunda-feira, diplomatas da ONU explicaram que não se tratava de uma “zona protegida” propriamente dita, mas de manter os talibãs cientes de seu compromisso e permitir uma “saída segura” para os que queiram partir. “Essa resolução não é operacional, são sobretudo princípios, mensagens políticas chaves e advertências”, disse uma das diplomatas a jornalistas.
Segundo Richard Gowan, especialista da ONU da organização de prevenção de conflitos International Crisis Group, a resolução “dirige uma mensagem política aos talibãs sobre a necessidade de manter o aeroporto aberto e ajudar a ONU a encaminhar ajuda”.
Mas globalmente, “o texto é bastante superficial” e “Macron errou ao vender a ideia de uma zona protegida no aeroporto de Cabul”, “ou, em todo caso, de não comunicar de maneira muito clara”, sobre o tema, diz Gowan.
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