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Em dia de novo ataque a alvos em Cabul, EUA recebem corpos de militares mortos no Afeganistão

Os Estados Unidos realizaram um ataque "defensivo" com drones a um veículo carregado de explosivos neste domingo (29) em Cabul, para "eliminar uma ameaça iminente" do grupo Estado Islâmico de Khorasan (EI-K) contra o aeroporto, informou o Pentágono. A apenas dois dias do fim das operações de retirada de milhares de civis do aeroporto da cidade, a tensão é permanente na capital do Afeganistão.

Homenagem a soldado Johanny Rosario Pichardo, morta no atentado no aeroporto de Cabul, é vista em frente ao Memorial de Guerra dos Marines americanos, em Arlington, no estado da Virginia. (29/08/2021)
Homenagem a soldado Johanny Rosario Pichardo, morta no atentado no aeroporto de Cabul, é vista em frente ao Memorial de Guerra dos Marines americanos, em Arlington, no estado da Virginia. (29/08/2021) REUTERS - ELIZABETH FRANTZ
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O ataque aéreo foi feito de fora do Afeganistão, esclareceram os americanos. "Temos certeza de que atingimos o alvo", disse Bill Urban, porta-voz do Comando Central dos Estados Unidos. "Estamos verificando a possibilidade de vítimas civis", disse ele, especificando que "não há indicações neste momento" a esse respeito.

O presidente americano, Joe Biden, garantiu que haveria represálias dos americanos após o violento atentado no aeroporto da capital afegã na quinta-feira (26), reivindicado pelo braço local do grupo terrorista, rival dos talibãs. No sábado, Biden disse que os serviços de inteligência dos Estados Unidos estavam cientes de que um novo atentado "muito provavelmente" ocorreria até o dia 31 de agosto, data limite para a retirada dos americanos do Afeganistão.

É neste clima de tensão permanente que os países ocidentais finalizam as operações de remoção do país de estrangeiros e afegãos que colaboraram com as forças internacionais, nas últimas duas décadas. Apesar do atentado, que fez no total mais de 100 vítimas, os Estados Unidos dizem esperar que os talibãs continuarão a permitir a saída de americanos e afegãos que desejam sair do país depois do prazo de 31 de agosto.

O conselheiro de segurança nacional de Biden, Jake Sullivan, indicou que os insurgentes já garantiram, em conversas privadas como em público, que autorizarão as expatriações em segurança. Mas os ocidentais, como o Reino Unido, já admitem que milhares de pessoas podem permanecer em Cabul – afegãos que temem represálias porque trabalharam para as potências estrangeiras.

Corpos de militares americanos

Neste domingo, o presidente dos Estados Unidos viajou com a esposa, Jill, à base aérea de Dover, em Delaware, onde recebeu os corpos dos 13 militares americanos mortos no atentado. O avião pousou no país no fim da manhã (hora local).

A base militar da costa leste, a duas horas de Washington, foi o símbolo para os americanos durante décadas do retorno desolador dos corpos de soldados mortos em caixões cobertos com a bandeira nacional. O casal Biden teve uma reunião privada durante a manhã com as famílias dos soldados falecidos, antes de rezar ao meio-dia local (13h de Brasília) diante dos caixões, durante uma cerimônia solene.

Foi o ataque mais fatal em 10 anos para as tropas americanas no Afeganistão. O Pentágono revelou as identidades dos 13 soldados mortos – cinco tinham 20 anos.

O caso de uma jovem de 23 anos morta no atentado provocou grande comoção no país. Uma semana antes do ataque ela foi fotografada com um bebê no colo durante as operações caóticas de retirada no aeroporto de Cabul.

Zona segura

Criticado em seu país e no exterior pela gestão da retirada do Afeganistão, Biden se comprometeu a respeitar a data-limite de 31 de agosto paras as operações de retirada. Otan e União Europeia solicitaram uma prorrogação de alguns dias para conseguir remover todos os afegãos aptos a receber proteção ocidental.

França e Reino Unido defenderão na segunda-feira, em um encontro do Conselho de Segurança da ONU, a criação de uma "zona segura" em Cabul para permitir a continuidade das operações humanitárias após a terça-feira, afirmou o presidente francês, Emmanuel Macron. "Isto estabeleceria um marco às Nações Unidas para atuar em caráter de urgência e permitiria, sobretudo, a cada um assumir suas responsabilidades e à comunidade internacional manter a pressão sobre os talibãs", disse Macron.

Muitos países, incluindo, França, Itália, Espanha, Alemanha, Canadá e Austrália, já concluíram suas operações de retirada. O papa Francisco pediu neste domingo, durante a tradicional oração do Angelus, que o mundo continue ajudando os afegãos. O pontífice rezou por uma "coexistência pacífica e de esperança" no país.

Com o retorno ao poder, os talibãs tentam apresentar uma imagem mais aberta e moderada. Muitos afegãos, no entanto, temem a repetição do regime fundamentalista e brutal imposto entre 1996 e 2001, quando o Talibã foi derrubado por uma coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos.

Com informações da AFP

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