Índia lança visto eletrônico de emergência para refugiados afegãos

A Índia, que retirou todos os seus funcionários diplomáticos de Cabul, está lançando um visto eletrônico de emergência para refugiados afegãos. O objetivo é agilizar o processamento dos diversos pedidos recebidos por Nova Délhi. O governo diz estar particularmente preocupado com o destino das comunidades sikh e hindu.

Estudantes de artes em Mumbai participam de apoio para receber refugiados afegãos. © SUJIT JAISWAL/AFP

Com o correspondente em da RFI em Bangalore, Côme Bastin

A embaixada da Índia em Cabul foi fechada nesta quarta-feira (18). Mas o governo, um grande apoiador do poder anterior no Afeganistão, quer ajudar aqueles que fogem do talibã. Os cidadãos afegãos podem agora solicitar online um visto especial chamado X-Misc. As autorizações de residência serão emitidas por seis meses. Nova Délhi prometeu processar esses pedidos o mais rápido possível.

Os critérios para a concessão desse visto ainda não são claros. A Índia não oferece a categoria de solicitante de asilo, portanto a revisão será feita caso a caso e com a ajuda de agências de segurança, de acordo com o Ministério do Interior. O governo indicou nos últimos dias que deseja dar refúgio às minorias hindu e sikh, que temem por suas vidas sob o governo talibã.

4.600 vistos emitidos em 15 dias

Há críticas contra essa distinção de confissão religiosa, que lembra as leis de cidadania na origem das manifestações gigantescas na Índia no início de 2020. No entanto, as autoridades esclareceram que este visto eletrônico seria concedido sem o critério da religião.

A Índia já havia hospedado as famílias do negociador afegão Abdullah Abdullah ou do presidente Hamid Karzai. Nas últimas duas semanas, a Índia emitiu 4.600 vistos para cidadãos afegãos.

Afeganistão é elemento importante na rivalidade entre Paquistão e Índia

Na madrugada de segunda para terça-feira, cerca de 150 diplomatas e cidadãos indianos foram escoltados por soldados dos talibãs para deixar o país.

O Paquistão há muito tempo é o maior apoiador do Talibã, usando o país para a chamada profundidade estratégica em batalhas intermináveis ​​– reais e diplomáticas – com a arquirrival Índia.

Cidadãos indianos sendo retirados de Cabul. STR AFP

A Índia, por sua vez, apoiou fortemente o governo que assumiu quando os talibãs foram derrubados, ganhando ódio e inimizade do grupo islâmico linha-dura.

Mas os combatentes do Talibã fora da embaixada indiana não estavam lá para se vingar, mas sim para escoltá-los até o aeroporto de Cabul, onde uma aeronave militar estava de prontidão para retirá-los depois que Nova Délhi decidiu encerrar sua missão.