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Jornalista e ativista é morta no Afeganistão em atentado do grupo Estado Islâmico

Uma apresentadora de televisão e ativista foi morta a tiros ao lado de seu motorista nesta quinta-feira (10) em Jalalabad, no Afeganistão. Este é o terceiro assassinato de um jornalista no país desde o início de novembro. Sua mãe já havia sido vítima de um atentado há cinco anos. 

Funeral da jornalista Malala Maiwand que foi baleada após sair de casa nesta quinta-feira, Jalalabad, ao leste de Cabul, Afeganistão, 10/12/2020.
Funeral da jornalista Malala Maiwand que foi baleada após sair de casa nesta quinta-feira, Jalalabad, ao leste de Cabul, Afeganistão, 10/12/2020. AP - STR
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"Às 07:10 desta manhã (hora local), atiradores não identificados mataram a jornalista e ativista Malalai Maiwand e seu motorista" em Jalalabad, disse Attaullah Khogyani, porta-voz do governador da província de Nangarhar, onde fica Jalalabad.

Maiwand estava a caminho da estação de televisão privada Enekaas, onde trabalhava, quando ocorreu o ataque. 

Localizada a cem quilômetros da fronteira com o Paquistão, a cidade de Jalalabad é palco frequente de ataques sangrentos.

Sociedade patriarcal e conservadora

Maiwand havia falado anteriormente sobre as dificuldades de ser uma jornalista em uma sociedade afegã muito patriarcal e conservadora. Sua mãe, ela mesma uma ativista, foi morta por pistoleiros desconhecidos há cinco anos.

O grupo Estado Islâmico assumiu a responsabilidade pelo assassinato de Maiwand.

"Soldados do califado atacaram a jornalista Malalai Maiwand na cidade de Jalalabad", publicou o grupo em um comunicado em seu canal Telegram.

Os ataques contra personalidades - jornalistas, políticos ou religiosos, defensores dos direitos humanos - aumentaram nos últimos meses, apesar das negociações de paz em curso em Doha entre o governo afegão e o Talibã.

Outras vítimas

Este é o terceiro assassinato de um jornalista afegão desde o início de novembro.

Aliyas Dayee, 33, que trabalhava para a Radio Liberty, um meio de comunicação financiado pelos EUA, morreu em 12 de novembro quando uma bomba explodiu sob seu carro em Lashkar Gah (sul).

Ele havia sido ameaçado pelo Talibã, informou a Human Rights Watch (HRW).

Em 7 de novembro, Yama Siawash, ex-apresentador de TV, também foi morto em Cabul nas mesmas circunstâncias.

Mulheres afegãs

O assassinato de Maiwand gerou uma onda de reações. "Quem tem problemas com as mulheres na sociedade afegã?", perguntou Fatima Murchal, vice-porta-voz do presidente Ashraf Ghani, no Twitter. "Esses covardes não serão perdoados, mesmo depois da paz", acrescentou ela.

A vida cotidiana das mulheres afegãs melhorou em relação ao que viviam sob o Talibã, no poder de 1996 a 2001, mas, de acordo com a ONU, elas continuam sendo vítimas de violência generalizada.

Em 25 de agosto, a atriz e diretora de cinema afegã Saba Sahar sofreu um ataque a tiros em Cabul,foi ferida mas sobreviveu. 

Proteção de jornalistas

O Comitê para a Proteção de Jornalistas Afegãos disse que o atual nível de violência contra jornalistas ameaça reverter o progresso feito nos últimos anos

"Se os assassinatos de jornalistas não pararem, o Afeganistão perderá uma de suas maiores conquistas, que é a liberdade de imprensa", disse ele no Twitter, ao pedir uma investigação sobre a morte de Maiwand.

A violência continua a assolar o Afeganistão, apesar das negociações de paz que começaram em 12 de setembro em Doha e estão progredindo lentamente. Os dois campos anunciaram no início de dezembro um acordo estabelecendo a estrutura para as discussões.

(Com informações da AFP)

 

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