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Protestos contra o racismo ganham a Europa; britânicos destroem estátua de comerciante de escravos

De Bristol a Budapeste, passando por Madri, Londres e Roma, dezenas de milhares de europeus aderiram aos protestos antirracismo ocorridos neste domingo (7), prolongando a onda de indignação desencadeada pela morte do americano George Floyd, nos Estados Unidos. Em Bruxelas, após a dispersão de uma passeata pacífica, houve distúrbios entre a polícia e indivíduos radicalizados que promoveram um quebra-quebra num bairro africano da capital europeia.

Policiais britânicos protegem a entrada da sede do governo em  Downing Street, em Londres, durante novo protesto neste domingo contra o racismo.
Policiais britânicos protegem a entrada da sede do governo em Downing Street, em Londres, durante novo protesto neste domingo contra o racismo. REUTERS - HANNAH MCKAY
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Milhares de europeus foram às ruas neste domingo para denunciar o racismo e a repressão policial no mundo, após o assassinato do afroamericano George Floyd, 46 anos, num incidente envolvendo o policial branco Derek Chauvin, em 25 de maio passado, em Minneapolis.

Em Bruxelas, sede da União Europeia, uma manifestação pacífica reuniu cerca de 10.000 pessoas. Porém, após a dispersão da passeata, cenas de vandalismo foram registradas em uma rua comercial de Matonge, o bairro tradicional da comunidade africana na cidade. Houve enfrentamentos entre policiais e uma centena de pessoas radicalizadas, segundo cálculos das autoridades, que depredaram vitrines e canteiros de obras, incendiaram latas de lixo e atiraram pedras contra os policiais.

"Não temos nada a ver com essas ações", disse Taiyno Cherubin, membro do comitê organizador do protesto em frente ao tribunal de Bruxelas. "Transmitimos uma mensagem de paz, nossa manifestação foi pacífica", insistiu. O ato para denunciar o racismo e a violência policial tinha sido autorizado pelo governo belga.

No Reino Unido, desafiando a proibição das autoridades, milhares de britânicos se manifestaram em Londres pelo segundo dia consecutivo, mas também em outras localidades, incluindo Bristol. Nesta cidade no sudoeste da Inglaterra, com um passado escravagista, uma estátua do comerciante de escravos Edward Colston foi destroçada e depois pisoteada pelos manifestantes quando caiu no chão, de acordo com imagens da BBC.

No dia anterior, em Londres, uma manifestação pacífica de milhares de pessoas terminou em distúrbios violentos. A polícia utilizou a cavalaria para dispersar os manifestantes que jogavam garrafas contra os policiais.

Em Madri, cerca de 3.000 manifestantes, de acordo com estimativas da polícia local, se reuniram em frente à embaixada dos Estados Unidos para condenar a morte de Floyd, repetindo as últimas palavras pronunciadas pelo agente de segurança negro pouco antes de morrer: "Não consigo respirar". Também entoaram mensagens como "Não há paz sem justiça", ou "Vocês, racistas, vocês são terroristas!".

Em Roma, uma manifestação espontânea surgiu na famosa Piazza del Popolo, com milhares de jovens ajoelhados em silêncio e de punhos erguidos, por quase nove minutos. Este foi o tempo durante o qual o policial manteve o joelho pressionando o pescoço de Floyd, até ele morrer. Quando se levantaram, também gritaram: "Não consigo respirar!".

De joelhos

Em Madri, os manifestantes se ajoelharam por um minuto em silêncio, em sinal de protesto contra os abusos policiais cometidos contra a população negra. O gesto foi iniciado pelo jogador de futebol americano Colin Kaepernick, em 2016, em um estádio, no momento em que tocava o hino dos Estados Unidos. Na sequência, caminharam pacificamente rumo à emblemática Puerta del Sol, no coração da capital.

Para Leinisa Semedo, uma tradutora espanhola de 26 anos do Cabo Verde, "o racismo não conhece fronteiras". "Morei na China, em Portugal e agora na Espanha. E em todos os países onde vivi, sofri discriminação pela cor da minha pele", desabafou.

Na manifestação em Roma, que contou com muitos migrantes africanos, Michael Taylor, originário do Botsuana, compareceu com toda a sua família. "Eu sou um africano branco e, às vezes, sinto medo e desprezo apenas porque sou estrangeiro", disse. "Imagine como seriam as coisas se eu fosse negro", completou.

"É realmente difícil viver aqui", disse Morikeba Samate, senegalês de 32 anos, uma das dezenas de milhares de migrantes que chegaram à Itália após uma perigosa viagem pelo Mediterrâneo. "Eles acham que somos todos ladrões", reclamou.

Em Barcelona, no nordeste da Espanha, centenas de manifestantes lotaram a Plaza de Sant Jaume, onde está localizado o governo regional. Usando máscaras e mantendo distância uns dos outros, os participantes espalharam cartazes em inglês para denunciar o racismo na Espanha e na Europa.

A organização Comunidade Negra, Africana e Afrodescendente na Espanha (CNAAE) convocou manifestações em dez cidades do país: de Pamplona, no norte, até o arquipélago das Canárias, na costa oeste da África.

Outras marchas acontecem neste domingo em capitais europeias, como Copenhague e Budapeste. Ontem, também houve grandes concentrações contra o racismo na França, na Alemanha, na Austrália, na Tunísia e em outros países.

Na Tailândia, onde um protesto antirracismo foi proibido, mais de 200 pessoas participaram de um encontro virtual, conectando-se ao site de videoconferências Zoom para assistir a vídeos sobre o movimento "Black Lives Matter", em português "Vidas Negras Importam". Os participantes também ergueram os punhos contra a violência policial.

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