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Síria/Turquia/Rússia

Putin e Erdogan prometem cessar-fogo em Idlib, mas Ancara ameaça revidar em caso de ataque sírio

Os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, anunciaram nesta quinta-feira (5) um cessar-fogo para encerrar semanas de confrontos na região síria de Idlib e afastar o risco de escalada de tensões entre Moscou e Ancara. No entanto, o líder turco disse que vai replicar se sofrer algum ataque da parte da Damasco.

Os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e da Turquia, Recep Tayyip Erdogan (d), durante anúncio do cessar-fogo na Síria.
Os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e da Turquia, Recep Tayyip Erdogan (d), durante anúncio do cessar-fogo na Síria. Pavel Golovkin/Pool via REUTERS
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Com informações de Daniel Vallot, correspondente da RFI em Moscou

Após mais de seis horas de negociações no Kremlin, sede da presidência russa, Erdogan anunciou em uma coletiva de imprensa ao lado de Putin este cessar-fogo que começará na meia-noite de sexta, esperando que seja "duradouro". O acordo prevê ainda a criação de um corredor de segurança em alguns setores da estrada M4, que atravessa a província de Idlib. Patrulhas conjuntas serão organizadas por Moscou e Ancara na área.

O compromisso visa encerrar semanas de intensos combates contra a província, último bastião rebelde e jihadista no noroeste da Síria, onde a Turquia age contra as forças do regime de Bashar al-Assad, apoiado pela Rússia. Esses combates causaram uma catástrofe humanitária, com quase um milhão de pessoas que fugiram em direção à fronteira com a Turquia e dezenas de soldados turcos mortos.

Apesar das aparências, o acordo mostra que a Rússia não pretende abandonar o apoio que dá ao regime de Bashar al-Assad. A estrada M4 é um eixo estratégico para Damasco. Por essa razão Moscou insistiu para que ele fosse protegido pelo corredor de segurança.

“Nós nem sempre concordamos como nossos amigos e parceiros sobre a situação na Síria”, disse Putin. “Mas, em momentos críticos, encontramos pontos de acordo e conseguimos tomar boas decisões”, declarou o chefe do Kremlin, apostando que o texto anunciado nesta quinta-feira servirá como "uma base sólida para acabar com os combates na região" e "o sofrimento da população".

"Nosso objetivo é impedir que a crise humanitária se agrave", completou Erdogan, embora tenha alertado que seu país "se reserva o direito de responder com todo o seu poder e em qualquer lugar a qualquer ataque do regime sírio".

Acordos nem sempre foram respeitados

A escalada de violência em Idlib já fez fracassar os acordos concluídos em Sochi em 2018 entre os presidentes Putin e Erdogan para encerrar os combates nessa região e estabelecer uma zona desmilitarizada. As tensões deram origem a acusações afiadas entre as duas capitais, que fortaleceram sua cooperação nos últimos anos na questão síria, apesar de seus interesses divergentes.

A Turquia acusou a Rússia de não respeitar os acordos de Sochi, que previam a garantia do status quo no terreno e a suspensão dos bombardeios em Idlib. Em resposta, Moscou acusou Ancara de não cumprir sua parte dos compromissos e de não fazer nada para "neutralizar os terroristas" nesta região.

A Turquia, que já abriga 3,6 milhões de sírios em seu território, exigiu na quarta-feira (4) apoio europeu a "soluções políticas e humanitárias turcas na Síria", essenciais, segundo Ancara, para estabelecer uma trégua e resolver a crise migratória. A União Europeia (UE) rejeitou taxativamente que o governo turco a chantageie usando o tema dos migrantes como argumento de negociação.

Desde a semana passada a tensão aumenta na fronteira entre a Turquia e a Grécia, onde as autoridades turcas, que controlavam a travessia até então, são acusadas de deixarem os refugiados entrar no território grego e, consequentemente, na UE.

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