Coronavírus: OCDE prevê desaceleração econômica mundial e França tem novas vítimas
Epidemia do novo coronavírus deve provocar uma desaceleração significativa da economia mundial em 2020, indicou nesta segunda-feira (2) a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Em meio às previsões econômicas, França contabiliza terceira morte em seu território.
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A OCDE reduziu sua previsão de crescimento no mundo de 2,9% a 2,4%. Se este índice se confirmar, será o mais baixo desde a crise financeira de 2008.
A China deve crescer 4,9% em 2020, 0,8 ponto percentual a menos que na projeção anterior, prevê a OCDE. O crescimento da zona do euro perderá 0,3 ponto percentual, alcançando 0,8%, enquanto a Itália, principal foco de coronavírus na Europa, perderá 0,4 e terá crescimento zero em 2020. A economia dos Estados Unidos é mais resistente, com uma previsão de crescimento de 1,9% do Produto Interno Bruto (PIB).
"A contração da produção na China teve efeitos em todo o mundo, prova da importância crescente do país asiático nas cadeias de abastecimento mundiais e nos mercados de matérias-primas", explica a organização com sede em Paris.
A OCDE baseia suas previsões na "hipótese de que o pico acontecerá na China no primeiro trimestre de 2020 e que em outros países a epidemia será mais moderada e circunscrita".
Um surto mais duradouro, no entanto, na Ásia-Pacífico, Europa e América do Norte, poderia dividir por dois o crescimento mundial este ano, adverte a OCDE, apontando para um crescimento de 1,4% neste cenário. Neste caso, assistiríamos a uma contração de cerca de 3,75% do comércio mundial.
"Os governos têm que adotar medidas eficazes, mobilizando meios suficientes, para prevenir a infecção e o contágio", indica a OCDE, com o objetivo de "preservar a renda dos grupos sociais e das empresas vulneráveis durante a epidemia".
Em novembro, a organização internacional calculava em 2,9% o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) mundial este ano, um nível bastante fraco desde a crise financeira de 2008-2009.
A OCDE é a primeira grande instituição internacional a publicar uma previsão do impacto econômico da epidemia.
Atualmente, a China abriga mais de 20% da indústria mundial, comparado a menos de 8% em 2002, um ano antes da epidemia de SARS, enquanto sua participação no PIB mundial aumentou de 6% para mais de 16%.
No cenário mais favorável da OCDE, o crescimento global deve se recuperar em 2021, para 3,3%. A previsão de crescimento do PIB no Brasil se manteve em 1,7% para 2020 e 1,8% para 2021.
Novos casos
O Centro europeu de prevenção e controle de doenças qualificou nesta segunda-feira o nível de risco do novo coronavírus na União Europeia (EU) entre "moderado e elevado", em nota publicada no site da organização.
Uma terceira pessoa faleceu na França, informou nesta segunda-feira uma fonte próxima ao caso. A vítima é um homem de 80 anos que morava em Crépy-en-Valois, no norte do país, cidade onde trabalhava outra vítima do coronavírus que morreu na quarta-feira (26).
Com a morte de um turista chinês, a França soma três vítimas fatais, de um total de 130 casos declarados desde o início da epidemia.
As autoridades francesas decidiram proibir reuniões de mais de 5.000 pessoas em locais fechados, o que levou ao cancelamento de eventos como o Salão do Livro. O museu do Louvre, na capital, está fechado desde domingo devido à decisão de seus funcionários de não trabalhar em razão do risco representado pelo vírus.
Em outros países como a Alemanha, o número de casos praticamente dobrou durante o fim de semana, ultrapassando 150. Portugal, Andorra e República Tcheca também têm casos da doença em seus territórios.
A Suécia anunciou nessa segunda-feira a suspensão de voos diretos provenientes do Irã. A Agência de Transportes do país declarou em um comunicado que retirou, de maneira provisória, a licença para operar da companhia aérea Iran Air para reduzir os riscos de propagação do Covid-19.
Mais de 3000 pessoas morreram em todo o mundo vítimas do coronavírus. Os países mais atingidos continuam sendo a China e a Coreia do Sul, além da Itália, do Irã e do Japão.
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