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Irã/Funeral

Tumulto em funeral de general iraniano deixa mais de 30 mortos no Irã

Pelo menos 32 pessoas morreram e cerca de 190 ficaram feridas em um tumulto nesta terça-feira (7), durante o funeral do general Qassim Soleimani, no Irã. Uma multidão acompanha a cerimônia em Kerman, cidade natal do chefe militar no sudeste do país.

Bousculade mortelle lors de l'enterrement dMilhares de pessoas participam do funeral de Qassim Soleimani em Kerman nesta terça-feira, 7 de janeiro de 2020.
Bousculade mortelle lors de l'enterrement dMilhares de pessoas participam do funeral de Qassim Soleimani em Kerman nesta terça-feira, 7 de janeiro de 2020. ATTA KENARE / AFP
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O centro de Kerman foi invadido por uma maré humana semelhante à que varreu no domingo (5) e na segunda-feira (6) Teerã e outras cidades, por onde o caixão com o corpo do general passou. Qasssim Soleimani, morto em um ataque americano na sexta-feira (3), deverá ser enterrado na tarde desta terça-feira na cidade.

Chefe da Força Al-Quds, uma unidade de elite encarregada das operações externas da Guarda Revolucionária (Exército ideológico iraniano), Soleimani era o arquiteto da estratégia do Irã no Oriente Médio. Ele foi morto em um ataque por drone em frente ao aeroporto de Bagdá.

O processo de "expulsão dos Estados Unidos da região já começou", disse à multidão em Kerman o comandante-chefe da Guarda Revolucionária, major-general Hossein Salami. "Nossa vontade é firme. Dizemos a nossos inimigos que vamos nos vingar e que, se eles atacarem novamente, atearemos fogo no que eles adoram", ameaçou em tom enigmático. "Eles sabem de que lugares estou falando", completou.

Terroristas

Nesta terça, o Parlamento iraniano adotou, em caráter de urgência, uma lei que classifica todas as forças armadas americanas como "terroristas" após o assassinato de Soleimani. "O mártir Qassim Soleimani está mais poderoso e vivo agora do que morto" e "mais perigoso para o inimigo", garantiu o chefe da Guarda Revolucionária diante dos caixões do general e de seu braço direito, o general de brigada Hossein Pourjafari que também morreu no bombardeio americano.

Soleimani foi reconhecido postumamente como general de corpo do Exército, uma patente inutilizada há anos no Irã. Ele é considerado em seu país um herói pela luta travada contra os extremistas do grupo Estado Islâmico (EI), no Iraque e na Síria. Para os iranianos, sua ação permitiu que a nação iraniana multiétnica evitasse a desintegração ocorrida no Iraque, na Síria, ou no Afeganistão.

O general também defendeu o Irã em guerras passadas. "Estamos aqui para prestar homenagem ao grande comandante da Defesa sagrada", disse Hemmat Dehghan, referindo-se ao papel de Soleimani na defesa do país durante a guerra Irã-Iraque (1980-1988). "Ele era amado não apenas em Kerman, ou no Irã, mas em todo mundo", ressaltou esse veterano, de 56 anos.

"Desescalada"

Desde o assassinato de Soleimani, a comunidade internacional teme uma nova escalada da violência no Oriente Médio. Mas enquanto os principais líderes civis, religiosos e militares iranianos se revezam anunciando uma terrível vingança, os pedidos de "desescalada" aumentam em todo mundo.

O ex-presidente francês François Hollande considerou que o presidente americano, Donald Trump, "ameaçou o mundo" com sua decisão "mais do que infeliz" de eliminar o general.

Nesse clima hipertenso, após meses de pressão entre Washington e Teerã, em um cenário de escalada militar no Golfo e tensões em torno da questão nuclear iraniana, os Estados Unidos criaram confusão na segunda-feira (6) ao transmitir por engano às autoridades iraquianas uma carta anunciando os preparativos para a retirada de seus soldados do Iraque.

A carta se referia a uma votação realizada no domingo (5) no Parlamento iraquiano. Os deputados do país decidiram exigir que o governo expulsasse as tropas estrangeiras do Iraque, depois do ataque que matou o general Soleimani.

Em entrevista coletiva, o secretário americano da Defesa, Mark Esper, garantiu que "nenhuma decisão foi tomada para deixar o Iraque".

(Com informações da AFP)

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