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Estupro/India

Quatro suspeitos do estupro que chocou a ĺndia são abatidos pela polícia

Um caso de estupro coletivo seguido de assassinato de uma veterinária, que chocou a Índia na quinta-feira (5), teve um desfecho dramático nesta sexta-feira (6) com o anúncio da morte dos quatro suspeitos, abatidos pela polícia quando tentavam fugir durante a reconstituição do crime.

Indianos celebram a morte dos suspeitos do estupro coletivo abatidos pela polícia indiana nesta sexta-feira (6).
Indianos celebram a morte dos suspeitos do estupro coletivo abatidos pela polícia indiana nesta sexta-feira (6). REUTERS/Amit Dave
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Embora a morte dos suspeitos tenha sido festejada por boa parte da população, o resultado despertou a consternação de advogados e defensores de direitos humanos, com medo da proliferação de "execuções extrajudiciais" e “justiceiros” na  Índia. Um policial disse que os quatro homens foram mortos a tiros enquanto tentavam fugir durante a reconstituição do crime em Shadnagar, a cerca de 50 quilômetros ao sul de Hyberabad, na noite de quinta-feira (5).

"Como parte da investigação, a polícia levou os suspeitos à cena do crime. Os acusados ​​começaram a atacar a polícia com pedras e paus, depois pegaram suas armas e começaram a atirar", disse o comissário. "A polícia pediu que eles se rendessem, mas eles continuaram atirando, e então abrimos fogo e eles foram mortos", disse ele, acrescentando que os homens confessaram o crime durante o interrogatório.

"Chamamos uma ambulância, mas eles morreram antes da chegada da assistência médica", disse Prakash Reddy, vice-chefe de polícia indiana. As emissoras de TV locais mostraram imagens dos corpos dos suspeitos em um campo, sem sapatos, mas com armas nas mãos. Os quatro foram presos na semana passada e acusados ​​de estuprar e assassinar uma veterinária de 27 anos, cujo corpo foi posteriormente queimado.

Segundo a polícia, a vítima foi seqüestrada na noite de 27 de novembro, quando ligava sua moto para sair. Os quatro homens teriam perfurado um de seus pneus em sua ausência e depois se ofereceram para ajudá-la, atraindo-a para uma faixa destianda ao estacionamento de caminhões.

A vítima telefonou para a irmã mais nova para explicar que o pneu estava furado e que um grupo de homens se ofereceu para consertá-lo. Ela disse ainda que estava "assustada", de acordo com o testemunho da irmã à polícia. A irmã então quis ligar de volta, mas o telefone já se encontrava desligado.

Flores para a polícia

Segundo a polícia, os restos carbonizados do corpo da vítima foram descobertos na manhã seguinte sob uma ponte. Apesar da rápida detenção dos quatro suspeitos, o caso chocou o país onde a violência sexual tem sido uma característica regular desde o estupro coletivo de uma estudante, a bordo de um ônibus em Nova Délhi, em 2012, o que provocou uma indignação internacional.

No Parlamento indiano, a deputada Jaya Bachchan disse que os culpados devem ser "linchados em público". Um de seus colegas pediu a castração de estupradores. O anúncio da morte dos quatro suspeitos foi recebido com celebrações em Hyderabad, onde centenas de pessoas se reuniram no local das mortes, explodindo fogos de artifício e jogando pétalas de flores na polícia.

"Estou feliz que os quatro acusados tenham sido mortos", disse a irmã da veterinária assassinada e estuprada a um canal de televisão local nesta sexta-feira. "Este será um exemplo e agradeço à polícia e à mídia pelo apoio", completou.

Assassinato a sangue frio

Alguns indianos, no entanto, denunciaram a "violência arbitrária" de uma polícia frequentemente acusada de assassinatos extrajudiciais quando se trata de cobrir investigações mal feitas ou acalmar a opinião pública. "Isso é absolutamente inaceitável", disse a advogada e ativista de direitos humanos, Vrinda Grover.  

"A polícia deve ser responsável e, em vez de conduzir uma investigação e coletar evidências, o Estado está cometendo assassinato para satisfazer o público e evitar a responsabilização", afirmou.

"Para apaziguar a raiva do público pelo fracasso das autoridades em proteger as mulheres, as autoridades estão cometendo outra violação", twittou Meenaksi Ganguly, da Human Rights Watch (HRW) do sul da Ásia. A Anistia Internacional pediu uma investigação independente.

"Em uma sociedade moderna que respeita a lei, o uso de execuções extrajudiciais para fazer justiça às vítimas de estupro não é apenas inconstitucional, mas ignora o sistema jurídico indiano e estabelece um precedente infeliz", afirmou a organização em um comunicado. "É um assassinato a sangue frio, e agora ninguém saberá quem realmente estuprou e matou essa mulher", disse Utsav Bains, advogado da Suprema Corte. 

Mais de 33.000 estupros foram registrados na Índia em 2017, segundo dados do governo, mas muitos não foram relatados.   Devido à ineficiência do sistema judicial indiano, as vítimas geralmente precisam esperar anos antes de conseguir justiça.

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