Acessar o conteúdo principal
Brasil-Mundo

Brasileiro se torna técnico de uma das maiores escolas de futebol da China

Publicado em:

Motivado por sonhos pessoais, o jogador de futebol brasileiro Juan Bonani, de 28 anos, veio parar na China no ano passado e tornou-se professor e técnico em uma das maiores escolas de futebol do país, a Soccer Road.

O brasileiro Juan Bonani é técnico de uma das maiores escolas de futebol da China.
O brasileiro Juan Bonani é técnico de uma das maiores escolas de futebol da China. Reprodução Facebook
Publicidade

Vivian Oswald, correspondente da RFI Brasil na China

O futebol na China virou uma prioridade do governo do presidente Xi Jinping, ele próprio um grande fã do esporte. Embora o país não tenha tradição de futebol, o governo do Partido Comunista anunciou um plano ambicioso para colocá-la entre os melhores do planeta até 2050. A previsão é de que haverá 70 mil campos de futebol pelo país até 2020. Três anos atrás, não passavam de 10 mil. É neste contexto que têm proliferado as escolas de futebol para crianças. Ainda não é a profissão sonhada por mães e pais chineses para os seus filhos, mas certamente é um esporte que tem ganho a admiração pelo país inteiro. Movido por sonhos, o jogador de futebol brasileiro Juan Bonani, de 28 anos, veio parar na China no ano passado e tornou-se professor e técnico em uma das maiores escolas da China, a Soccer Road. A trajetória pouco usual fez de Juan o responsável pela escola de Pequim. São cerca de 200 crianças, a maioria de chineses. 

"Nossa escolinha fez recentemente uma parceria, hoje somos a única escola na China que representa o Manchester City, da Inglaterra. Trabalhamos com crianças de 4 a 14 anos", conta Juan.

A trajetória deste brasileiro nascido e criado na  cidade paulista de Marília tinha tudo para ser parecida com a de outros jogadores que se tornaram famosos. Desde menino tinha o sonho de jogar futebol. Colocou na cabeça que era assim que faria o que gostava e daria melhores condições para a família. Ele saiu de casa muito cedo. Aos 13 anos fez o teste para o primeiro clube em Joinville, Santa Catarina, e passou. Como ele mesmo diz, mudou-se atrás do sonho.

Seis meses depois, estava no Santos, onde morou debaixo das arquibancadas no alojamento do clube, jogou alguns anos e conheceu famosos como Neymar, Robinho e Diego. Aos 18 anos, assinou seu primeiro contato profissional. Mas tempos depois, teve lesões sucessivas, o que levou para um time de segunda divisão até largar a carreira em 2008, quando resolveu dar uma guinada em sua vida. Foi estudar, formou-se tecnólogo e fez uma MBA em estratégia de negócios. Queria ir morar na China e ter sua empresa de importações e exportações. Para isso, resolveu que precisava aprender outro idioma e começou a estudar inglês. Largou tudo, vendeu carro e mudou-se para Irlanda, onde foi fazer um intercâmbio. Saiu pela Europa de mochileiro, arranjou uma namorada coreana, mudou-se para a Coreia, voltou para Irlanda, e acabou aceitando a jogar futebol em um time pequeno, que lhe garantiria a subsistência. Mas achou que já não era isso o que tinha de fazer e resolveu correr atrás dos sonhos novamente. Voltou ao Brasil, trabalhou em uma multinacional e acabou resolvendo mudar-se para a China

Pesquisou pela internet para onde iria exatamente e optou por Donghuan, a cidade com o maior número de brasileiros da China. Pediu um empréstimo a mãe de R$ 7 mil para partir. Era a passagem e um pouco mais para se manter até arranjar um emprego. Enturmou-se rapidamente e duas semanas depois foi convidado para um jogo de futebol. Ali, recebeu o convite para trabalhar na escola. Um conhecido ofereceu a ele um bom salário, desde de que lhe desse uma comissão equivalente a 15% de um mês ao fim do primeiro semestre. Juan hoje fala chinês, sente-se realizado, casou-se com uma chinesa e espera para o final deste ano uma menina, Maria Chanel. O plano é continuar na China por mais 10 ou 15 anos.

Muitos críticos acham que a China, por não ter a tradição do futebol, ainda demora a entrar para o grupo de notáveis. Mas Juan está confiante no futuro: " Estou aqui, como outros brasileiros, como treinador, tentando transformar o futebol numa potência. Como fazemos? Começamos pelas crianças, o projeto aqui na China é bem interessante para que no futuro possa entrar numa Copa do Mundo e até mesmo disputar de igual para igual com as grandes seleções mundiais", diz o treinador, entusiasmado.

 

 

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Veja outros episódios
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.