Cidade síria de Daraya recebe primeira remessa de comida em quatro anos
Pela primeira vez desde 2012, um comboio de caminhões transportando alimentos entrou na noite desta quinta-feira (9) na cidade rebelde de Daraya, sitiada pelas tropas do regime na Síria. Atualmente, cerca de 8 mil pessoas ainda vivem nessa localidade, a 10 km a sudoeste de Damasco. Muitas sofrem privações e desnutrição, segundo a ONU e ONGs internacionais.
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O diretor de Operações do Crescente Vermelho sírio, Tammam Mehrez, informou que nove caminhões descarregaram ajuda alimentar, alimentos secos e sacos de farinha, além de ajuda não alimentar, bem como ajuda médica aos moradores que restaram em Daraya. Ele destacou que a comida é suficiente "para um mês", mas não especificou o número de pessoas ou de famílias atendidas. A operação foi realizada com a cooperação das Nações Unidas.
Em poder dos rebeldes, a Câmara local de Daraya postou um vídeo, com imagens do que seriam veículos da ONU chegando à cidade ao anoitecer. Bastião rebelde altamente simbólico, Daraya foi uma das primeiras cidades a se rebelar contra o regime, em 2012, e também uma das primeiras a ser sitiada.
"Não eram muitos os habitantes que esperavam o comboio, porque já não acreditavam mais nas promessas", disse à AFP o militante Shadi Matar, contactado pelo Facebook. "Com os bombardeios da cidade (por parte do governo), as pessoas já não se atrevem a sair e se reunir", acrescentou. Ele afirmou, porém, que "as incursões diminuíram de intensidade pouco antes da chegada do comboio". Segundo o militante, os alimentos não dão para todos os habitantes sitiados. "Nos informaram que se trata de uma parte da ajuda", disse.
Moradores de dezenove cidades sírias passam fome
A entrega da carga humanitária aconteceu algumas horas depois do anúncio do enviado especial da ONU, Staffan de Mistura, de que o governo sírio autorizou a ONU a enviar ajuda por via rodoviária a 19 cidades sitiadas. De acordo com as Nações Unidas, cerca de 592.700 pessoas vivem nessas áreas.
O governo de Damasco sempre se negou a deixar entrar ajuda em Daraya, já tendo autorizado seu ingresso em outras localidades. Há quatro anos, o governo tenta recuperar essa cidade situada muito perto da base aérea de Mazzé, sede dos serviços de informação das Forças Aéreas sírias e de sua prisão.
Em uma das cidades mais afetadas, Madaya, onde mais de 40.000 pessoas vivem cercadas há meses, 46 pessoas morreram de fome entre 1º de dezembro de 2015 e janeiro de 2016, segundo a ONG Médicos sem Fronteiras.
No mês passado, os 20 países e organizações do Grupo Internacional de Apoio à Síria (GISS) estabeleceram 1º de junho como o último prazo para que os comboios pudessem chegar às cidades cercadas. Caso contrário, a ONU lançaria a comida por aviões. Na última sexta (3), a ONU anunciou que ampliaria esse prazo até 10 de junho.
Desde o início da revolta contra o governo de Bashar al-Assad, em março de 2011, a guerra deixou mais de 280.000 mortos e deslocou milhões de pessoas. A trégua é rompida com frequência desde o final de abril, e as negociações de paz se encontram em ponto morto.
Com informações da AFP
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