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Zika: OMS decreta estado de emergência mundial contra microcefalia

A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou nesta segunda-feira (1°) que a microcefalia e os distúrbios neurológicos associados ao zika vírus representam "uma emergência internacional de saúde pública". A ameaça não é o vírus zika em si, disse a OMS, considerando que a manifestação clínica da doença não é grave, salvo para algumas gestantes que têm dado à luz bebês com desordens neurológicas.

A diretora-geral da OMS, Margaret Chan, decretou estado de emergência sanitária mundial.
A diretora-geral da OMS, Margaret Chan, decretou estado de emergência sanitária mundial.
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Deborah Berlinck, correspondente da RFI em Genebra

Por conta disso, a OMS não recomendou nenhuma restrição a viagens ao Brasil – uma das nações mais afetadas pelo vírus. O que é um alívio para o governo brasileiro, que temia que vários países reagissem impondo restrições, afetando sobretudo o Rio de Janeiro, às vésperas dos Jogos Olímpicos em agosto. Porém, horas mais tarde, o ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, disse que grávidas devem evitar ir às Olimpíadas no Rio.

"O zika, por si só, não seria uma emergência de saúde pública de preocupação internacional porque não é uma infecção clinicamente séria. Somente se esta associação [entre o vírus e a microcefalia e/ou distúrbios neurológicos] for comprovada, o zika pode ser declarado uma emergência", disse o inglês David Heymann, o especialista em doenças infecciosas que presidiu a reunião de emergência da OMS.

A decisão de declarar estado de emergência foi tomada ao final de quase 5 horas de reunião por teleconferência entre 18 especialistas internacionais, entre eles, o brasileiro Pedro Vasconcelos, do Instituto Evandro Chagas. Países foram conclamados a monitorar a ocorrência de casos de zika, microcefalia e distúrbios neurológicos.

"É preciso um monitoramento internacional coordenado", destacou a diretora-geral da OMS, Margaret Chan.

OMS teme repetir erro cometido durante a epidemia de ebola

Na realidade, a declaração de emergência é uma precaução: vem do temor de erro. A OMS foi duramente criticada por não ter reagido rapidamente no caso da epidemia de ebola, que afetou sobretudo o continente africano.

Os especialistas concordaram que hoje não há prova científica que mostre que o vírus zika é a causa do aumento dos casos de bebês que nascem com cabeças e cérebros muito pequenos, a microcefalia. Mas as “evidências estão crescendo e se tornando fortes”, alertou Chan, que conclamou todos os países a aumentarem esforços na busca da prova.

Chan lembrou que o Brasil e os Estados Unidos já estão trabalhando juntos neste sentido. No Brasil, há suspeita de 4 mil casos de microcefalia até agora, dos quais 270 confirmados.

"Imaginem se não fizermos esse trabalho agora e depois a prova científica aparecer? As pessoas vão dizer: por que vocês não agiram?", reiterou Chan.

OMS recomenda de grávidas evitem viajar a países onde há o vírus zika

Sem restrições de viagens, a única recomendação feita pela OMS foi para mulheres grávidas. Chan disse que elas devem evitar viajar para lugares afetados, se possível. Mas, se tiverem que viajar, que se protejam: usem telas contra mosquitos na hora de dormir, repelentes, calças e camisas de manga comprida.

Chan disse que estudos científicos vão começar “nas próximas semanas” para tentar comprovar a relação do vírus com microcefalia e distúrbios neurológicos. "Não sabemos quanto tempo vai levar [até que haja provas da relação entre o vírus e a microcefalia]. É um estudo muito complicado. Microcefalia é uma doença rara", indicou Heymann.

Esforços também serão feitos para desenvolver uma vacina. A ausência de vacina é outra “grande preocupação”, como disse Chan.

El Niño pode piorar epidemia de zika

O zika é um vírus transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, o mesmo que carrega o vírus da dengue, a febre amarela e o chikungunya. O mosquito é o veículo, portanto, é ele que tem que ser eliminado.

A OMS havia alertado antes para um fator que pode complicar esta tarefa: o fenômeno climático El Niño . Por causar altas temperaturas, ele pode levar este ano a um aumento da população do mosquito vetor - o que complica ainda mais o combate à epidemia.

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