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China/Taiwan

Encontro sem precedentes vai reunir presidentes da China e de Taiwan

Os presidentes da China, Xi Jinping, e de Taiwan, Ma Ying-jeou, se reunirão no sábado em Cingapura, um encontro sem precedentes desde o fim da guerra civil em 1949. "O objetivo da visita do presidente Ma é garantir a paz e manter o status quo do estreito", afirmou o porta-voz do presidente taiwanês, Charles Chen.

O encontro sem precedentes entre a China e Taiwan foi organizado pelo líder taiwanês Ma Ying-jeou (foto).
O encontro sem precedentes entre a China e Taiwan foi organizado pelo líder taiwanês Ma Ying-jeou (foto). REUTERS/Pichi Chuang
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No encontro, "não será assinado nenhum acordo, nem será divulgado nenhum comunicado conjunto", esclareceu o porta-voz. Os presidentes Ma e Xi devem apenas "trocar opiniões sobre os assuntos bilaterais".

A agência de notícias oficial chinesa Xinhua apresentou o encontro como uma etapa histórica nas relações entre as partes. "Nos últimos sete anos, as duas partes reforçaram a confiança mútua e abriram o caminho para um desenvolvimento pacífico", disse o diretor do Escritório de Assuntos Taiwaneses da China, Hang Zhijun.

Vários analistas consideram que a reunião é uma tentativa chinesa de apoiar o Kuomitang, o partido nacionalista que governa Taiwan, antes das eleições presidenciais de janeiro de 2016.

Os partidos de oposição em Taiwan, preocupados com as discussões bilaterais, convocaram um protesto diante do Parlamento em Taipei. Cinquenta pessoas participaram de um protesto, e cinco militantes foram detidos depois de lançar fogos e ovos contra a sede da presidência.

O governo dos Estados Unidos saudou com cautela a notícia do encontro e espera observar os resultados. "Certamente damos as boas vindas aos passos dados pelos dois lados do estreito de Taiwan para tentar reduzir as tensões e melhorar as relações" bilaterais, disse o porta-voz do Executivo americano, Josh Earnest.

O Kuomintang (KMT), partido de Ma, governa Taiwan de maneira quase ininterrupta desde o final da guerra civil chinesa em 1949. Quando Mao Tsé-Tung proclamou a República Popular da China, há 66 anos, as relações com Taiwan, também chamada ilha Formosa, foram rompidas. Refugiados na ilha, os nacionalistas do Kuomintang, liderados por Chang Kai-shek (1887-1975), criaram suas próprias estruturas políticas e proibiram qualquer relação com a China comunista.

Desde 2010, o partido tenta melhorar as relações com Pequim, apesar do governo da China considerar a ilha uma parte integrante de seu território. Taipé e Pequim assinaram em junho de 2010 um acordo marco de cooperação econômica. Esta política de aproximação é estimulada por Ma Ying-jeou, que foi eleito em 2008 para governar a ilha e reeleito em 2012.

Desconfiança

Muitos taiwaneses, no entanto, desconfiam do acordo, pois temem que a indústria e a agricultura locais sejam dominadas pelo peso gigante da economia chinesa.

A opinião pública em Taiwan se tornou de fato hostil a relações mais estreitas com a China por temer, de maneira geral, uma influência crescente sobre a ilha. Neste ano, o Kuomitang sofreu uma derrota nas eleições municipais, porque muitos eleitores têm a impressão de que a aproximação com a China só vai beneficiar grandes grupos econômicos em detrimento do cidadão comum.

No campo diplomático, as relações entre as partes continuam marcadas pela desconfiança mútua, apesar do diálogo iniciado em 2007.

Como demonstração das relações ainda difíceis, Pequim rejeitou recentemente a candidatura de Taiwan ao novo Banco Asiático de Investimentos, ao indicar que este território, cujo nome oficial é República da China, poderia apresentar uma nova candidatura, mas "sob um nome apropriado". Além disso, o presidente chinês afirmou em maio que para Pequim existem uma "única China" e "compatriotas taiwaneses".

Ma Ying-jeou deixará o cargo no próximo ano, ao fim de dois mandatos, o máximo autorizado pela Constituição taiwanesa. A candidata do principal partido de oposição, o Partido Progressista Democrático, Tsai Ing-wen, favorável à manutenção do status quo com Pequim, é a grande favorita para suceder Ma nas eleições de janeiro.

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