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Turquia/Eleição

Turcos votam em massa em eleições legislativas de alta tensão

Os turcos votaram em massa neste domingo (1°) para eleger um novo parlamento, em um contexto de alta tensão devido à retomada do conflito curdo, a violência jihadista procedente da Síria e as alegadas tendências autoritárias do governo. Cerca de 54 milhões de eleitores foram chamados às urnas. As assembleias de voto abriram suas portas às 7h00 locais (2h de Brasília) e fecharam às 17h locais (12h de Brasília). Os resultados da eleição, a segunda em quase cinco meses, serão anunciados à noite.

Em Diyarbakir, forças especiais fazem a segurança dos locais de votação
Em Diyarbakir, forças especiais fazem a segurança dos locais de votação REUTERS/Sertac Kayar
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"A Turquia tem feito grandes progressos no caminho da democracia, e isso será reforçado com as eleições de hoje", afirmou o presidente islâmico-conservador Recep Tayyip Erdogan ao depositar seu voto em Istambul.

O atual primeiro-ministro, Ahmet Davutoblu, votou em Konya, reduto conservador no centro do país, enquanto o líder do partido pró-curdo HDP, Selahattin Ciftci Demirtas, votou em Istambul. "Espero que o resultado de hoje reforce as esperanças de paz. Isto é o que a Turquia mais precisa neste momento", afirmou Demirtas. Em Diyarbakir, bem como em todo o leste do país de maioria curda, era possível ver uma forte presença policial.

AKP na frente nas pesquisas

Nas eleições de 7 de junho, o partido de Erdogan perdeu a maioria absoluta no Parlamento e o primeiro-ministro Davutoblu não conseguiu formar um governo. Davutoglu e os chefes dos três principais partidos de oposição representados no Parlamento esperam desmentir as pesquisas, que preveem resultados semelhantes aos de cinco meses atrás.

Em 7 de junho, o Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP) de Erdogan sofreu uma importante derrota. Apesar de ter chegado em primeiro, com 40,6% dos votos, perdeu a maioria absoluta que possuía há treze anos no Parlamento, mergulhando a Turquia na instabilidade política. Esse revés trouxe à tona a ambição do chefe de Estado de impor ao país uma "superpresidência" com prerrogativas reforçadas.

As pesquisas de opiniões creditam dessa vez ao AKP de 40% a 43% dos votos, um resultado insuficiente para governar sozinho. "É necessário uma mudança para que nosso país volte a respirar. A Turquia está ingovernável", declarou Ibrahim Yener, de 34 anos, antes de votar no distrito de Cankaya em Ancara, reduto da oposição.

Conflito armado

Desde o verão, o conflito armado que opõe desde 1984 os rebeldes do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) às forças de segurança turcas foi retomado no sudeste de maioria curda do país, enterrando o frágil processo de paz iniciado há três anos.

A guerra que arrasa há quatro anos a Síria também chegou até a Turquia após o atentado suicida realizado por dois membros do grupo jihadista Estado Islâmico (EI), que fez 102 mortos entre militantes pró-curdos.

Esse aumento da violência preocupa cada vez mais abertamente os aliados ocidentais da Turquia, começando com a União Europeia que tem enfrentado um crescente fluxo de refugiados, principalmente sírios, a partir de seu território.

"A única coisa que quero é a paz e a fraternidade. Já sofremos muito nos últimos tempos", declarou por sua vez à AFP Mahmut Kiziltoprak, um simpatizante do Partido Democrático dos Povos (HDP, pró-curdo) no sul da capital, palco de violentos confrontos entre jovens próximos ao Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) e a polícia.

Cerca de 400 mil policiais foram mobilizados para garantir a segurança da votação, especialmente no sudeste do país, afetado pela retomada do conflito curdo.

Embora tenha desistido de fazer campanha abertamente como em junho, o chefe de Estado aposta em seu peso, colocando-se como a garantia da segurança do país e repetindo sua preferência por "o governo de um único partido". "Se nosso povo se pronunciar a favor de um governo de um único partido, permanecerá estável", disse Erdogan.

No entanto, os seus adversários denunciam uma deriva autoritária, ilustrada dias atrás pela invasão policial das sedes de dois canais de televisão da oposição. Erdogan "se vê como o líder religioso de um califado", ironizou o líder do HDP Selahattin Demirtas.

"Alguns querem restaurar o sultanato no país. Não permitam!", instou por sua vez o líder do Partido Republicano do Povo (CHP, social-democrata), Kemal Kiliçdaroglu.
 

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