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ONU/Síria

Há dez anos ausente na ONU, Putin defenderá coalizão contra o EI

A guerra na Síria e as tentativas para enfraquecer a organização terrorista Estado Islâmico (EI), chamada em árabe de Daech, vão dominar os discursos e articulações de bastidores nesta segunda-feira (28) durante a sessão inaugural da 70ª Assembleia-Geral da ONU, em Nova York. A intervenção aguardada com maior expectativa é a do presidente da Rússia, Vladimir Putin, que não fala na ONU há dez anos. Putin deverá defender a criação de uma coalizão internacional contra os ultrarradicais islâmicos, incluindo a participação das forças do regime sírio.

Vladimir Putin deu entrevista ao jornalista americano Charlie Rose.
Vladimir Putin deu entrevista ao jornalista americano Charlie Rose. REUTERS/Michael Klimentyev/RIA
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A Rússia, punida pelos ocidentais no último ano devido à anexação da Crimeia e o apoio à rebelião separatista na Ucrânia, volta ao centro do tabuleiro internacional com essa iniciativa na Síria. Moscou conduz uma verdadeira ofensiva diplomática e militar no território sírio, uma estratégia que o líder do Kremlin irá esclarecer hoje em Nova York.

Antes de subir na tribuna da ONU, Putin terá uma reunião bilateral com o presidente americano, Barack Obama. Washington lidera uma coalizão de 60 países árabes sunitas e europeus que realiza há mais de um ano ataques contra redutos do EI na Síria e no Iraque, mas a estratégia americana já é considerada um fiasco.

Em uma entrevista à televisão americana CBS, transmitida neste domingo (27), mas gravada há vários dias, Putin anunciou que procura estabelecer com "os países da região (...) uma espécie de estrutura de coordenação" contra os jihadistas do EI na Síria e no Iraque. "Gostaríamos de ter uma plataforma comum para uma ação coletiva contra os terroristas", defendeu. Ele acrescentou que "informaria pessoalmente" a Arábia Saudita e os governantes jordanianos da sua proposta, assim como os Estados Unidos.

Pega de surpresa pela ofensiva diplomática russa, a Casa Branca declarou que seria "irresponsável" excluir Putin do diálogo. "Nós observamos as atitudes, não só as palavras", disse Ben Rhodes, conselheiro de Obama. "No caso da Ucrânia, as ações russas não foram coerentes com o discurso. Mas em relação ao programa nuclear iraniano, a Rússia cumpriu suas promessas e desempenhou um papel construtivo", comentou Rhodes.

A Rússia reforçou nas últimas semanas sua presença militar na Síria e insiste para que o regime de Damasco seja associado à luta contra o EI. Na entrevista à CBS, Putin disse que "há mais de 2.000 ativistas na Síria que vêm da antiga União Soviética". "Em vez de esperar que eles voltem aos seus países, devemos ajudar o presidente sírio, Bashar al-Assad, a combatê-los na Síria", frisou. Putin também assegurou que a Rússia não forneceu, "pelo menos não por enquanto", tropas terrestres à Síria.

Além da reunião bilateral com Obama, Putin também terá conversas a portas fechadas com o presidente iraniano, Hassan Rohani, outro aliado do regime sírio, e com o presidente cubano, Raúl Castro.

França em guerra contra o grupo EI

Neste contexto de intensas negociações, a França realizou seu primeiro ataque no domingo, no território sírio, contra "santuários" do grupo jihadista, segundo expressão utilizada pelo presidente François Hollande. O líder francês disse que as forças envolvidas na operação tinham "alcançado seu objetivo", destruindo um campo de treinamento do EI no leste da Síria.

Paris explica intervir "em legítima defesa", nos termos do artigo 51 da Carta das Nações Unidas, contra "santuários nos quais combatentes do Daech são treinados para atacar a França", segundo o primeiro-ministro Manuel Valls.

Até agora, Paris se negava a intervir militarmente na Síria, temendo que suas ações servissem aos interesses de Assad. A França considera o presidente sírio como o principal responsável pela guerra em seu país.

Irã, um "facilitador" para Hollande

Hollande, que se reuniu por meia hora em Nova York com o presidente iraniano, Hassan Rohani, disse que o Irã, outro grande aliado de Damasco com Moscou, poderia agir como um "facilitador" para uma solução política do conflito que já custou cerca de 250.000 vidas, desde 2011.

Com informações da agência AFP

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