Mursi rejeita ultimato de militares egípcios
O presidente egípcio, Mohamed Mursi, rejeitou o ultimato de 48 horas dado por militares para que governo e oposição cheguem a um acordo para tirar o Egito do caos político. Ontem, 1° de julho de 2013, o país entrou em um novo período de incerteza após o chefe das Forças Armadas ameaçar implementar seus próprios planos para o Egito caso um acordo não seja fechado até amanhã à tarde.
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Hugo Bachega, correspondente da RFI no Cairo
As declarações feitas pelas Forças Armadas suscitaram temores de que militares estariam cogitando tomar o poder. À noite, eles negaram estar planejando um golpe.
Em mensagem divulgada já na madrugada desta terça-feira, o islâmico Mursi descreveu o prazo como potencialmente confuso e afirmou que já estava trabalhando para promover a reconciliação nacional.
Durante toda a noite, milhares de egípcios tomaram as ruas do país como se comemorassem o fim do governo Mursi. Partidários também se reuniram em peso para mostrar apoio ao presidente.
Hoje, novos protestos pedindo a renúncia de Mursi serão realizados em todo o país, inclusive uma passeata no Cairo que deverá reunir um milhão de pessoas. Partidários islâmicos também convocaram milhares às ruas em manifestações a favor do governo.
Também nesta terça-feira termina o prazo dado por opositores para que Mursi deixe a presidência. Se não houver renúncia, eles ameaçaram iniciar um movimento de desobediência civil.
Demissão
O ministro das Relações Exteriores do Egito, Mohamed Kamel Amr, anunciou nesta madrugada que estava deixando o governo. Quatro outros ministros já haviam pedido demissão nesta segunda-feira, mas Kamel Amr é o nome mais importante a deixar a equipe de Mursi até agora.
Na manhã desta terça-feira a Corte de Cassação egípcia confirmou a destituição do procurador geral nomeado pelo presidente Mursi, confirmando assim a decisão de uma jurisdição inferior. Talaat Abdallah deverá ceder o cargo a seu predecessor, Abdel Meguib Mahmoud.
A nomeação de Abdallah havia sido muito contestada pela oposição liberal, que o acusa de ser parcial em favour do governo liderado pela Irmandade Muçulmana e de perseguir os detratores do chefe de Estado sem levar em consideração as violações dos direitos humanos.
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