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Egito/Protestos

Em meio a protestos, parlamento egípcio vota nova constituição

A assembleia constituinte dominada pela Irmandade Muçulmana e pelos salafistas, a corrente mais conservadora do islamismo, terminou a redação da nova constituição egípcia na madrugada desta quinta-feira. O texto dee ser votado hoje pelos parlamentares. Enquanto a oposição laica e liberal realiza novos protestos, o presidente Mohamed Mursi, acusado de autoritarismo, fará um discurso à nação.

Protestos contra o decreto que aumentou os poderes do presidente Mohamed Mursi em frente à Embaixada dos Estados Unidos no Cairo, nesta quarta-feira.
Protestos contra o decreto que aumentou os poderes do presidente Mohamed Mursi em frente à Embaixada dos Estados Unidos no Cairo, nesta quarta-feira. REUTERS/Asmaa Waguih
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Depois que for aprovada pelo parlamento, a constituição deverá ser validada pelo presidente Mohamed Mursi. Em seguida o governo tem 15 dias para organizar um referendo sobre o texto.

A entrada em vigor dessa constituição é uma condição necessária para a eleição de um novo parlamento egípcio, prevista para o início de 2013.

Os poderes legislativos exercidos pelo chefe de Estado desde agosto passarão para o conselho da Chura, a câmara alta do parlamento, assim que a constituição for ratificada neste final de semana.

Acusado de autoritarismo pela oposição laica e liberal, Mohamed Mursi deve fazer hoje um discurso pedindo que a nação permaneça unida.

Milhares de opositores vão às ruas novamente nesta quinta-feira para protestar contra um decreto que impede qualquer contestação na justiça das decisões presidenciais enquanto o novo parlamento não for eleito. Em uma semana de manifestações, duas pessoas morreram e centenas ficaram feridas.

Já a Irmandade Muçulmana e grupos salafistas organizam neste sábado uma manifestação de apoio ao presidente.

Irmandade Muçulmana

A confraria, que venceu todas as eleições desde a queda do ditador Hosni Mubarak em fevereiro de 2011, aposta que poderá mobilizar um número suficiente de eleitores para obter a aprovação da nova constituição no referendo popular. 

Mas a manobra poderia desestabilizar ainda mais o Egito. A oposição laica e liberal boicota a assembleia constituinte de 100 integrantes, em sua maioria ligados a correntes fundamentalistas islâmicas. Os parlamentares começaram seus trabalhos há seis meses e são acusados de querer moldar a constituição do país de acordo com sua visão de mundo. 

Ações judiciais foram iniciadas para contestar a legitimidade da assembleia constituinte e pedir sua dissolução, o que o decreto presidencial da última quinta-feira deve impedir. 

Em seu discurso, Mohamed Mursi vai explicar por que publicou esse decreto controverso e vai insistir sobre o que chama de "complôs da oposição nao islâmica".

Wael Ghonim, uma das principais figuras da contestação contra o ex-ditador Mubarak, avalia que uma constituição aprovada nesse clima político só pode "enraizar o autoritarismo". 

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