Candidatos denunciam fraudes e pedem cancelamento das eleições no Haiti
Doze dos dezoito candidatos que disputam a presidência do país fizeram uma declaração conjunta na tarde desde domingo, denunciando as fraudes na votação.
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Flávia Marreiro, correspondente da Folha de S. Paulo, especial para a RFI
A jornada eleitoral neste domingo no Haiti começou com atraso em alguns centros de votação de Porto Príncipe e foi marcada pela denúncia de fraudes feita conjuntamente pelos principais candidatos presidenciais, à exceção do concorrente governista, Jude Celestin. No hotel Caribe, a ex-primeira dama Mirlande Manigat e o cantor popular Michel Martelly lideraram uma manifestação dos candidatos oposicionistas, para afirmar que uma ampla fraude estava em curso, pedindo o cancelamento das eleições.
Horas antes, a Minustah, a missão de estabilização da ONU, hoje sobre o comando militar do Brasil, havia garantido, porém, que só haviam sido registrados incidentes menores, e que a eleição transcorria bem na maior parte do país. Não houve novo pronunciamento da missão depois do protesto dos candidatos. Ainda que as eleições no Haiti sejam sempre marcadas por turbulências, e pelo questionamento do sistema eleitoral, a declaração conjunta de 12 dos 18 candidatos contra a votação não é um bom sinal.
Cerca de 4,7 milhões de haitianos estão aptos para ir às urnas e escolher o novo presidente, um terço do Senado e as 99 cadeiras da Câmara dos Deputados. A eleição é a aposta da ONU e dos criadores da missão no país, para contar com uma nova cúpula do poder legítima, capaz de coordenar a reconstrução do Haiti, após o devastador terremoto de janeiro.
Flávia Marreiro, correspondente da Folha de S. Paulo, especial para a RFI
O novo presidente também terá o desafio de enfrentar o surto de coléra que começou em outubro e já matou mais de 1600 pessoas. Para a OEA (Organização dos Estados Americanos), o sistema evoluiu desde 2006, mas mesmo eles admitem que no momento da contagem bruta dos votos no próprio centro de votação é delicado, dada a vulnerabilidade dos observadores partidários.
O processo eleitoral deste ano também é questionado pela exclusão formal do Lavalas, o partido de Jean Bertrand Aristide, o presidente deposto em 2004. Os resultados das eleições de hoje só devem ser conhecidos no dia 7 de dezembro. A julgar pela pesquisa de opinião do Fórum Empresarial Haitiano, haveria segundo turno para decidir a eleição presidencial, no dia 16 de janeiro.
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