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Ex-nazista julgado na Alemanha pede desculpas às vítimas do Holocausto

Um ex-guarda nazista julgado na Alemanha por cumplicidade no assassinato de quase 5.000 pessoas pediu desculpas às vítimas do Holocausto nesta segunda-feira (20). Ele reiterou que não tinha escolha quando foi transferido para o campo de extermínio de Stutthof, no norte da Polônia.

Bruno Dey, ex-vigia da SS no campo de concentração de Stutthof, esconde o rosto atrás de uma pasta quando chega em uma cadeira de rodas para uma audiência em seu julgamento em 20 de julho de 2020 em Hamburgo, norte da Alemanha. - Os promotores alemães exigiram três anos de prisão para Bruno Dey, um ex-guarda de Stutthof, de 93 anos, que eles disseram ser "sem dúvida" cúmplice no assassinato de mais de 5.000 pessoas.
Bruno Dey, ex-vigia da SS no campo de concentração de Stutthof, esconde o rosto atrás de uma pasta quando chega em uma cadeira de rodas para uma audiência em seu julgamento em 20 de julho de 2020 em Hamburgo, norte da Alemanha. - Os promotores alemães exigiram três anos de prisão para Bruno Dey, um ex-guarda de Stutthof, de 93 anos, que eles disseram ser "sem dúvida" cúmplice no assassinato de mais de 5.000 pessoas. AFP - AXEL HEIMKEN
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“Hoje eu gostaria de me desculpar com aqueles que passaram por esse inferno com seus entes queridos". Em seu último discurso durante o julgamento em Hamburgo, na Alemanha, Bruno Dey, 93, pediu desculpas nesta segunda-feira às vítimas do Holocausto. "Tal coisa nunca deveria acontecer novamente", acrescentou o ex-guarda nazista. O veredicto é esperado para quinta-feira (23).

As declarações de testemunhas permitiram que ele compreendesse "toda a extensão da crueldade" dos atos perpetrados no campo de Stutthof, no norte da Polônia, disse o nonagenário alemão.

"Gostaria de reiterar que nunca me ofereci para servir na SS ou em um campo de concentração", disse. E continuou: "se tivesse tido a oportunidade de evitá-lo, não teria ido para lá". Padeiro aposentado, o réu, que se movimenta em cadeira de rodas, teve uma existência tranquila até que a Justiça o obrigou a explicar suas atividades durante o Holocausto.

Bruno Dey comparece desde outubro de 2019 nos tribunais alemães. Ele é acusado de cumplicidade em milhares de assassinatos -  exatamente 5.230 - quando era guarda, entre agosto de 1944 e abril de 1945, no campo de Stutthof.

Localizado a 40 km de Gdansk, este foi o primeiro campo nazista a ser construído fora da Alemanha, vigiado pela SS e auxiliares ucranianos. Segundo a promotoria, ele "apoiou o terrível assassinato, especialmente no caso de detidos judeus".

Seu advogado, Stefan Waterkamp, exigiu nesta segunda-feira uma remissão da pena ou, na pior das hipóteses, uma sentença de prisão com sursis, de acordo com a legislação para menores com base na qual ele é julgado. Ele tinha 17 anos na época dos fatos. Devemos levar em conta que "servir em um campo de concentração não era considerado crime na época", acrescentou o advogado.

Uma justiça alemã tardia

Cerca de 65.000 pessoas morreram em Stutthof (Sztutowo em polonês). De acordo com o memorial do Holocausto Yad Vashem, entre os 115.000 prisioneiros que passaram por este campo. As vítimas são principalmente mulheres judias dos países bálticos e da Polônia, deportadas de 1944.

Nos últimos anos, a Alemanha processou e condenou vários ex-SS por cumplicidade em assassinato. Esses casos ilustram o aumento, mesmo que tardio, da severidade de sua Justiça, frequentemente criticada por seu tratamento leve dos crimes do Terceiro Reich.

Promotores e tribunais alemães estenderam a acusação de cumplicidade em assassinato aos guardas dos campos de extermínio. No passado, apenas pessoas que ocupavam altos cargos na hierarquia nazista ou diretamente envolvidas nas mortes haviam sido acusadas de cumplicidade.

O caso mais emblemático na Alemanha foi o processo contra John Demjanjuk. Ex-guarda do campo de extermínio de Sobibor, ele recebeu uma sentença de cinco anos de prisão em 2011. Demjanjuk foi o primeiro na lista de criminosos nazistas elaborados pelo Wiesenthal Center, uma organização judaica internacional que "combate o anti-semitismo, a negação do Holocausto, o extremismo e as atividades neonazistas". Ele morreu em 2012, antes de seu julgamento de apelação.

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