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EUA oferecem recompensa de U$15 milhões por Nicolás Maduro, acusado de narcoterrorismo

Na manhã desta quinta-feira (26), uma recompensa de U$ 15 milhões foi oferecida pelos Estados Unidos a quem ajudar a capturar o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro. O líder chavista e políticos e militares da cúpula de seu governo foram acusados pelo Procurador Geral dos Estados Unidos, William Barr, dos crimes de narcotráfico e terrorismo internacionais e de corrupção. 

Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, é acusado pelos EUA de usar narcotráfico como forma de terrorismo internacional
Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, é acusado pelos EUA de usar narcotráfico como forma de terrorismo internacional Venezuelan Presidency/AFP/File
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Da correspondente da RFI em Caracas.

Foram anunciadas também recompensas no valor de US$ 10 milhões pela ajuda na prisão do presidente da Assembleia Nacional Constituinte, Diosdado Cabello, pelo ministro da Indústria, Tareck El Aissami, pelo ex-diretor de Inteligência, Hugo Carvajal, e pelo general Clíver Alcalá.

Durante a coletiva de imprensa organizada nos Estados Unidos, o procurador mostrou uma tela onde estava escrito “Corrupto Regime Venezuelano” e apresentou fotos de autoridades chavistas, entre elas o ministro de Interior e Justiça, Nestor Reverol.

Com esta denúncia, a Venezuela passa a integrar a lista norte-americana dos países que apoiam o terrorismo. Fazem parte do rol a Coreia do Norte, o Irã, o Sudão e a Síria.

Droga como terrorismo

De acordo com Barr, nos últimos anos a Venezuela enviou aos EUA entre 200 e 250 toneladas de cocaína. “A intenção de Maduro era inundar os EUA com drogas. Ele usou a cocaína como arma”, afirmou Barr.

A droga sairia da Colômbia rumo à Venezuela, de onde seria enviada para a América Central e de lá para os EUA. Alguns carregamentos de drogas também teriam como destino países no Caribe.

De acordo com a autoridade americana, existe uma parceria “narcoterrorista” consolidada nas últimas décadas entre a Venezuela e integrantes das antigas Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia). Através deste apoio, o grupo colombiano -transformado em partido político em 2017, mas que ainda tem dissidentes dedicados ao crime-- passava carregamentos de cocaína pela fronteira com a Venezuela.

Em troca do apoio, as Farc enviavam armas e outros suprimentos para incentivar o terrorismo no país comandado por Nicolás Maduro desde 2013.

Corrupção como método

Para conseguir ampliar a rede do tráfico, “Maduro corrompeu as autoridades do país”, acusa Barr. “Informamos que o governo da Venezuela está infectado de corrupção, em todas as áreas de governo”, afirmou o norte-americano.

No ranking do Índice de Percepção de Corrupção, divulgado pela ONG Transparência Internacional, a Venezuela ocupa o posto 166 de uma lista de 176 países.

Neste negócio, segundo o norte-americano, as Farc ganhavam a cobertura da Venezuela para promover a produção de cocaína. Após chegar ao território venezuelano, a droga era enviada em navios e aviões para os EUA.

A expansão desta rota internacional do tráfico de drogas teria começado em 1999, ano da chegada ao poder do ex-presidente Hugo Chávez, segundo a acusação.

O cartel dos Sóis

De acordo com as acusações feitas pelas autoridades dos Estados Unidos, militares venezuelanos de alta patente também estariam envolvidos nos crimes de narcotráfico internacional. Eles seriam parte do chamado Cartel de los Soles (Cartel dos Sóis), em referência ao emblema do sol usado nos uniformes dos oficiais de alta patente no país.

Na coletiva de imprensa, o porta-voz declarou que Nicolás Maduro era o ”líder do cartel dos sóis”.

Ex-seguidor de Hugo Chávez, Diosdado Cabello, um militar reconhecido como o segundo homem forte do chavismo e apresidente da Assembleia Constituinte, é acusado de ser um dos principais aliados de Nicolás Maduro no Cartel dos Sóis. Ele teria ajudado a enviar foguetes às Farc.

Com a formação de cartéis, a cúpula do chavismo é acusada de “usar poder político e militar em detrimento da população da Venezuela”, explicou o norte-americano.

A sentença mínima para o presidente venezuelano é de 50 anos e a máxima, prisão perpétua.

“Ele pode viajar para fora da Venezuela. O Departamento de Estado oferece uma recompensa de U$15 milhões pela prisão de Nicolás Maduro”.

Os “narcossobrinhos”

Em novembro de 2015, dois sobrinhos da primeira-dama Cília Flores foram presos por tráfico internacional de drogas. Efraín Antonio Campos Flores e Francisco Flores de Freitas foram pegos pela Administração de Repressão às Drogas dos Estados Unidos no Haiti, ao tentar transportar 800 quilos de cocaína para os EUA.

No momento da prisão, eles portavam passaportes diplomáticos. Os dois foram condenados e cumprem pena de 18 anos de prisão nos Estados Unidos. Tanto Nicolás Maduro como a primeira-dama Cília Flores evitam comentar o caso dos sobrinhos.

Tentativa de derrubar governo está fadada ao fracasso

O chanceler venezuelano, Jorge Arreaza, divulgou nas redes sociais um comunicado oficial do governo de Nicolás Maduro em resposta às acusações feitas pelos EUA.

O texto diz que "a tentativa de forçar a mudança de governo na Venezuela está fadada ao fracasso". A mensagem  também faz referência ainda à recente denúncia de um suposto contra Juan Guaidó. O opositor é apoiado pelo governo de Donald Trump e foi reconhecido como líder da Venezuela por mais de 60 países.

Em relação à acusação de manter relações com o narcotráfico colombiando, Arreaza citou o papel da Venezuela nas negociações do acordo de paz assinado entre as Farc e o governo colombiano.

O comunicado ironiza também a relação amistosa entre EUA e o país governado por Iván Duque. "Na Colômbia, onde é produzida a droga, os Estados Unidos permitem a entrada e o consumo desaforado de sua população".

 

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