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Paris/ COP21

Negociações da COP21 seguem em ritmo de jogo de pôquer

Um novo rascunho do acordo climático de Paris foi divulgado nesta sexta-feira (4), véspera do prazo definido pela presidência da COP21 para os negociadores fecharem o projeto de acordo. O texto passou de 50 para 46 páginas e está mais objetivo, mas permanece distante de um documento definitivo.

Jovem posa em frente à COP21, em, no Centro de Exposições de Le Bourget.
Jovem posa em frente à COP21, em, no Centro de Exposições de Le Bourget. REUTERS/Christian Hartmann
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A diferença se vê no número de “colchetes” no texto, que simbolizam as questões que permanecem sem respostas. No texto de quinta-feira, havia mais de 1.400 lacunas e, nesta sexta-feira, o número caiu para cerca de 700.

O chanceler francês, Laurent Fabius, alertou que muitas decisões ainda ficarão em suspenso, à espera da chegada dos ministros à mesa de negociações, na semana que vem. Desde a abertura da Conferência do Clima de Paris, na segunda-feira (30), os diplomatas e técnicos dos 196 países participantes tentam diminuir as diferenças entre os países desenvolvidos e os em desenvolvimento, sobre qual deve ser o comprometimento de cada um nos esforços para a redução de emissões de gases de efeito estufa.

O objetivo é que sobrem o mínimo possível de “colchetes” a serem definidos, na tentativa de evitar um novo fracasso, como o de Copenhague, nas negociações sobre o novo acordo global para o clima. Mas, depois de uma semana de diálogo, os países ainda estão distantes de um texto definitivo. “É sempre assim. Eles jogam uma partida de pôquer. Ninguém mostra as suas cartas “, declarou a organização Reseau Action Climat France, logo após a divulgação do texto.

Revisão dos compromissos está incluída

A questão da revisão periódica dos compromissos feitos pelos países parece estar bem encaminhada. O objetivo da presidência da COP21 é que, a cada cinco anos, os países evoluam as suas promessas para diminuir as emissões de gases de efeito estufa. Desta forma, por mais que o acordo de Paris não seja o ideal para limitar o aquecimento do planeta a no máximo 2°C até o final do século, pelo menos será possível reformular os compromissos no futuro.

“Há alguns movimentos de progresso, mas nós precisamos reconhecer que devemos andar mais rápido. É hora de nos comprometermos, de começarmos a finalizar os textos, que vão exigir compromissos neste resto de semana que ainda temos”, afirmou o embaixador José Antônio Marcondes, negociador-chefe da delegação brasileira.

Diminuição gradual das diferenças

O diplomata avalia que, por enquanto, “é difícil apontar apenas uma ou duas questões” que estejam dificultando as negociações. “Todas estão conectadas, interrelacionadas”, avalia. Marcondes destaca que o trabalho é lento porque é justamente neste momento que os países colocam as suas prioridades sobre a mesa e, na medida em que a negociação avança, as divergências começam a cair.

“O número de colchetes certamente reflete a complexidade das questões, e está relacionado com os desacordos, reflete os diferentes pontos de vista. Mas o que devemos observar é o processo”, ressaltou o embaixador, em uma coletiva de imprensa na noite desta sexta-feira. “O importante é que tudo está incluído no rascunho. Agora, é hora de fazer escolhas e chegarmos ao melhor acordo.”

A decisão sobre quem vai pagar quanto para financiar as ações de mitigação e adaptação às mudanças climáticas nos países pobres permanece o principal ponto de divergência, ao lado do tratamento diferenciado dos países, conforme o grau de desenvolvimento e a responsabilidade nas emissões de gases de efeito estufa feitas no passado.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, resolveu intervir e, de Nova York, convocou os países industrializados, principais causadores históricos das emissões de efeito estufa, a manter suas promessas e constituir um fundo de US$ 100 bilhões anuais a partir de 2020 para apoiar os esforços de adaptação dos países pobres. "Sigo pedindo aos países desenvolvidos que reconheçam a responsabilidade que lhes cabe", disse Ban Ki-moon.

Prefeitos se unem a celebridades em defesa do meio ambiente

Estrelas de cinema como Robert Redford e Arnold Schwarzenegger se uniram nesta sexta-feira a mil prefeitos para aumentar a pressão sobre os negociadores de 196 países que buscam um acordo sobre o clima. O presidente francês, François Hollande, recebeu na prefeitura de Paris mil prefeitos e governadores de todo o mundo, na linha de frente na luta contra os efeitos do aquecimento do planeta.

A cúpula de instâncias locais, organizada pela prefeita de Paris, Anne Hidalgo, e pelo ex-prefeito de Nova York Michael Bloomberg, prepara uma declaração que colocará em destaque "o papel das cidades na luta contra as mudanças climáticas". "Não viemos a Paris para fazer história: viemos para forjar o futuro", disse Bloomberg.

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