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Linha Direta

Silêncio de Kirchner revela desorientação do governo com segundo turno

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O resultado do primeiro turno na eleição presidencial de domingo (25) na Argentina abre uma crise política no país. O conservador Mauricio Macri, de 56 anos, surpreendeu ao obter um empate com o favorito Daniel Scioli, candidato apoiado pela presidente Cristina Kirchner. Pela primeira vez na história do país, a definição foi para o segundo turno, marcado para 22 de novembro. Pega de surpresa, a presidente argentina não reagiu ao revés eleitoral.

Mauricio Macri, do partido oposiocinista Cambiemos, em foto de 26 de outubro de 2015.
Mauricio Macri, do partido oposiocinista Cambiemos, em foto de 26 de outubro de 2015. REUTERS/Agustin Marcarian
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Os primeiros números oficiais do primeiro turno só foram divulgados seis horas depois de encerrada a votação, quando já passava da meia-noite, uma da manhã em Brasília. Esse atraso revelou a desorientação do governo em como administrar a derrota. Impedida por lei de disputar o terceiro mandato, Kirchner, de 62 anos, respaldou a candidatura de Scioli, um peronista moderado, que diferentemente dela tem boas relações com os mercados e o empresariado.

Ao longo da madrugada, a apuração dos votos revelou uma paridade que nenhuma sondagem previu e da qual nem mesmo os concorrentes suspeitaram. Nenhum candidato conseguiu 45% dos votos ou 40% com uma vantagem de 10 pontos sobre o segundo colocado, possibilidades que garantiriam a vitória no primeiro turno.

Empate tem efeito político de vitória

Com 96% dos votos apurados, Scioli tem uma leve vantagem (36,7%) sobre Macri (34,4%). Os números representam uma grande surpresa para os analistas. Se antes a tendência era de vitória para o candidato da situação, agora a tendência está do outro lado. Macri ficou dois pontos atrás, mas o efeito político é o de uma vitória. "O que aconteceu hoje mudou a política do país", disse eufórico Macri, o empresário de direita que é prefeito de Buenos Aires há oito anos.

Scioli, de 58 anos, reagiu com um discurso agressivo, que não é a sua característica. Demonstrou ter sentido o golpe e partiu para o ataque direto, criando medo nos argentinos. Ele disse que, se dependesse de Macri, na Argentina não existiria uma série de coisas como estatizações e planos sociais. O candidato afirmou que representa os humildes e os trabalhadores e que, com Macri, representante da elite, virá o ajuste e a desvalorização da moeda.

Sem o carisma nem o discurso intenso e incendiário de Kirchner, Scioli atrai o eleitorado com a experiência da superação, depois que perdeu o braço direito em um acidente com uma lancha esportiva em 1989. Apoia as políticas sociais de Kirchner, mas discorda de sua adesão ao eixo bolivariano regional.

Macri tem o apoio do eleitorado antikirchnerista de classe média. Ele é apoiado pelo que chama de "círculo vermelho", os grandes grupos de empresários e meios de comunicação. Foi prefeito do Boca Juniors antes de ser prefeito da capital do país. Ovacionado por seus partidários, Macri prometeu aos que não votaram nele que conquistará a "confiança" de todos e pediu apoio no segundo turno aos eleitores dos outros candidatos.

Terceiro colocado vai definir o pleito

A partir de agora, a batalha mais importante será por conseguir os votos do terceiro candidato mais votado, Sergio Massa. Ex-chefe de gabinete da atual presidente e deputado peronista que passou à oposição, Massa obteve 21% dos votos, o mesmo nível que as sondagens previam.

Os votos que Macri conseguiu além do previsto pelas sondagens saíram do próprio Scioli e não do terceiro colocado. Segundo analistas, é mais provável que os votos de Massa migrem para Macri do que para Scioli. A tendência é de uma disputa acirrada até o final, mas com vantagem para Macri.

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