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Argentina/Presidenciais

Argentina se prepara para possível segundo turno histórico nas presidenciais

A paridade entre os candidatos Mauricio Macri e Daniel Scioli e a tendência entre indecisos e aqueles que mudaram o voto na última hora podem levar a disputa mais acirrada da história do país. Se os resultados das pesquisas de boca de urna se confirmarem, os argentinos terão um inédito segundo turno nas eleições presidenciais realizadas neste domingo (25).

O candidato da oposição Mauricio Macri (e) teria conseguido um resultado melhor que o esperado e pode ir para o segundo turno com Daniel Scioli (d), da situação.
O candidato da oposição Mauricio Macri (e) teria conseguido um resultado melhor que o esperado e pode ir para o segundo turno com Daniel Scioli (d), da situação. REUTERS/Agustin Marcarian/Martin Acosta
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Márcio Resende, correspondente da RFI em Buenos Aires

A divulgação de sondagens de boca-de-urna é publicamente proibida na Argentina, mas informações extraoficiais, se forem confirmadas pelas urnas, indicam uma surpresa histórica: haveria segundo turno nas eleições presidenciais do país, porque o candidato da oposição, Mauricio Macri, teria tido uma excelente votação, muito próxima do candidato da situação, Daniel Scioli.

Outra disputa acirrada acontece na província mais rica do país, Buenos Aires, que detém 40% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional e 37% dos eleitores. O candidato de Cristina Kirchner, Aníbal Fernández, estaria tecnicamente empatado com a candidata de Macri, Maria Eugenia Vidal. Essa disputa durante a apuração seria voto a voto. Se Vidal ganhar, será a primeira derrota do peronismo na província de Buenos Aires.

A Câmara Eleitoral informou que os resultados oficiais são vão começar a aparecer mesmo a partir das 23 horas em Buenos Aires (meia-noite em Brasília).

Como ficará a força do “kirchnerismo” ?

O candidato da situação, Daniel Scioli, destacou que "há muita expectativa no mundo" com o resultado das eleições. Já seu principal rival, Mauricio Macri, disse que "hoje é um dia divisor de águas entre mudar ou continuar igual". Sergio Massa, outro opositor, disse esperar que "as eleições sejam claras", fazendo alusão a uma votação em papel, num sistema considerado arcaico e que permitiria possíveis fraudes.

As eleições também renovam um terço do Senado e metade da Câmara de Deputados. Das 24 províncias, 11 elegem governador. O mapa eleitoral no Parlamento também deve refletir a paridade das urnas.

Será crucial saber como ficará a força do chamado "kirchnerismo" no Congresso para medir o grau de influência que a atual presidente Cristina Kirchner terá sobre o próximo governo, tanto de Macri como de Scioli. Quando perguntada hoje o que ela vai fazer a partir de 10 de dezembro, a chefe de Estado respondeu: "O que sempre fiz: militância".

Essa é a primeira vez em 12 anos que o sobrenome Kirchner não aparece numa chapa para presidente, mas o filho dela, Máximo Kirchner, é candidato a deputado. O "kirchnerismo" quer fazer dele, no futuro, o herdeiro do legado dos pais. Ser eleito legislador, ele também beneficiará de imunidade parlamentar perante investigações judiciais sobre lavagem de dinheiro, que complicam a família Kirchner.

Conheça o perfil dos três presidenciáveis argentinos:

- Mauricio Macri, 56 anos

Em 1991, o engenheiro Mauricio Macri, filho do empresário Franco Macri, uma das maiores fortunas da Argentina, foi sequestrado. Durante doze dias de cativeiro, conversava sobre futebol com o homem que lhe levava comida. O sequestrador era torcedor do Boca Juniors, o clube mais popular da Argentina. Macri disse-lhe: "Quando eu sair daqui, serei presidente do Boca". Quatro anos depois, cumpriu a promessa. O Boca o catapultou à vida pública. Em 2007, foi eleito governador do distrito federal de Buenos Aires. Da capital argentina, contestou abertamente a política econômica intervencionista de Cristina Kirchner e tornou-se seu principal opositor.

- Daniel Scioli, 58 anos

O peronista Scioli conseguiu a façanha de ser aliado de todos os que estiveram no poder desde 1997, quando foi eleito deputado. Antes de ser governador da província de Buenos Aires, foi vice-presidente de Néstor Kirchner. Resistiu a todos os embates políticos assim como sobreviveu a um grave acidente como piloto de lanchas de corrida em 1989. Scioli perdeu o braço direito, mas fez da tragédia um ensinamento de resistência, superação e paciência. Depois do acidente, foi campeão. Repete as palavras "confiança", "fé", "esperança" e "positivo" como um mantra em discursos e entrevistas. Scioli acredita que a perda do braço foi uma prova do destino para se chegar à presidência.

- Sérgio Massa, 43 anos

O deputado peronista Sergio Massa rompeu com Cristina Kirchner em 2013, de quem foi nada menos do que chefe do Gabinete de Ministros por um ano, entre 2008 e 2009. Ao vencer com a sua força política as eleições legislativas de 2013, Massa freou a tentativa de Cristina de obter uma maioria de 2/3 no Parlamento para modificar a Constituição e impor a reeleição indefinida na Argentina.

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