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Analista em Berlim diz que só "base recosturada" pode afastar impeachment de Dilma

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Corrupção em grande escala não é privilégio brasileiro, como lembra Sérgio Costa, sociólogo do Instituto de Estudos Latino-Americanos da Universidade Livre de Berlim. Mas ele faz a ressalva de que, na Alemanha, o cenário brasileiro é visto como resultado do problemático sistema político e não responsabilidade de um só partido.

A presidente Dilma Rousseff.
A presidente Dilma Rousseff. REUTERS/Ueslei Marcelino
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“Acho que aqui ficou claro que o culpado é o próprio sistema político e que o PT não é nenhuma exceção”, diz Sérgio Costa. Mas diante de grandes escândalos recentes, como as fraudes na Volkswagen e a suspeita de compra da Copa do Mundo de 2006, ele crê que dessa forma as pessoas percebem como se dão as conexões entre o capitalismo e o sistema político. Ele diz ainda que, a partir do escândalo mundial das escutas, “o Estado perdeu muito do véu de legitimação que o protegia”.

Dessacralização do Estado

“As pessoas passaram a ver o Estado e a política de uma forma mais crítica”, continua Costa, citando uma frase bastante usada por sociólogos: “O Estado foi dessacralizado”. O Estado deixou de ser um benfeitor para se tornar uma “arena de negociações de interesses privados”, acrescenta.

O sociólogo lembra que as denúncias são sinal de uma ruptura que ainda não foi suturada: “Infelizmente, não é a gravidade das denúncias que pode derrubar Dilma, mas a base de acordos políticos existentes. Ou seja, acordos políticos sólidos podem sustentar um governo completamente corrupto, mas acordos políticos menos sólidos não podem sustentar um governo menos corrupto.”

Memória falha

O jornalista, analista político e escritor Tarcisio Lage diz que há pouco interesse geral pelo imbróglio brasileiro na Holanda, onde ele mora há mais de 30 anos. A exceção foi quando explodiu o escândalo da Petrobras. A estatal brasileira recebeu apoio da Shell, pois a gigante anglo-holandesa tem investimentos na Petrobras.

“As pessoas estão agindo como se a corrupção tivesse acabado de ser inventada, mas a corrupção no Brasil é endêmica, vem da colonização”, lembra Lage, que cita ainda a crise econômica global como pano de fundo da situação no Brasil. “Há uma deformação no Brasil do que é essa crise, como se fosse a primeira crise política ou econômica de sua história”, diz o jornalista.
 

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