Cenário da economia mundial é preocupante, avalia imprensa francesa
As repercussões sobre as previsões do FMI de um crescimento menor da economia mundial ganharam as manchetes da imprensa desta quarta-feira (7). Os jornais especializados destacam a grave recessão que atinge dois grandes países emergentes, entre eles o Brasil.
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Les Echos considera muito preocupante esse anúncio do FMI, visto pelo jornal como uma "impressionante freiada na economia mundial". A expansão de apenas 3,1% do PIB este ano, ao invés de 3,3% prevista anteriormente, confirma o menor crescimento desde a crise de 2009. Esse último relatório sobre as perspectivas mundiais não traz boas notícias, afirma o diário econômico. O documento apresentado em Lima pelo novo economista chefe da instituição, Maurice Obstfeld, trouxe um panorama pouco otimista da economia mundial.
O estudo, ressalta Les Echos, revela uma enorme inquietação pela desaceleração de muitos países emergentes. Além da China, que crescerá 6,8%, registrando uma taxa abaixo do esperado, o FMI mostra que dois pesos pesados do grupo enfrentam uma recessão grave: o Brasil vai ter queda de 3% do PIB este ano e a Rússia uma degringolada ainda maior, de 4%.
E para coroar tudo, o Fundo Monetário Internacional mostra grande preocupação também com o nível muito elevado das dívidas públicas e dos preços das matérias-primas. Em editorial, Les Echos destaca que o Brasil sofre de uma conjunção de problemas: além da queda dos preços das matérias primas, o país está muito endividado e enfrenta uma grave crise política.
Segundo o jornal, neste contexto de incertezas e crescimento fraco, a receita para enfrentar "ventos contrários" é a mesma: uma política monetária que leve em conta reformas estruturais e menos austeridade fiscal para os países que tenham margem de manobra, como a Alemanha.
Recessão "brutal"
Em sua análise sobre os recentes dados do FMI, Le Figaro destaca que os países emergentes frearam o crescimento da economia mundial. Por outro lado, os Estados Unidos e Grã-Bretanha prosperam, registrando aumento do PIB de 2,6% e 2,5%, respectivamente. Ou seja, o resultado global esconde realidades divergentes, afirma o jornal.
Le Figaro identifica "três forças poderosas" que impactam o desempenho global: a transformação da China em um modelo econômico menos industrial, a queda dos preços das matérias-primas diante da redução da demanda, e a normalização da política monetária americana.
Se as perspectivas de crescimento da China não sofreram grandes alterações, países exportadores como o Brasil são duramente atingidos pelo contexto. A recessão de 3% do PIB no Brasil é brutal, avalia o diário.
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