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Imprensa

Ataques da França contra Grupo Estado Islâmico podem trazer riscos diplomáticos

Os primeiros ataques aéreos da França contra o grupo Estado Islâmico revelam a disposição do presidente François Hollande de ter mais peso nas decisões sobre a crise síria, constatam os jornais do país nesta segunda-feira (28). No entanto, editoriais alertam para o risco de uma "guerra paralela" contra o regime de Damasco.

Imagem disponibilizada pelos serviços franceses mostram os caças Rafale em pleno voo em direção à Síria, onde atacaram posições do Daesh.
Imagem disponibilizada pelos serviços franceses mostram os caças Rafale em pleno voo em direção à Síria, onde atacaram posições do Daesh. REUTERS/ECPAD/
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O jornal Le Figaro diz que o presidente francês deu o sinal verde para o bombardeio de um campo de treinamento do Daech, nome árabe do grupo Estado Islâmico, na véspera da abertura da Assembleia Geral da ONU, que terá a Síria como um dos temas principais.

Hoje, lembra o jornal, o presidente russo, Vladimir Putin, vai falar na tribuna das Nações Unidas e se encontrar com o presidente Barack Obama com um mesmo objetivo: a formação de uma coalizão internacional para apoiar o presidente sírio Bashar al-Assad na luta contra os extremistas islâmicos do EI.

Le Figaro diz que o governo francês justifica o ataque ao reduto do grupo Estado Islâmico como uma ação de legítima defesa, pelas ameaças que sofre da organização terrorista. Mas vê também uma manobra do presidente François Hollande para a França se posicionar entre a Rússia e os Estados Unidos.

Em editorial, Le Figaro revela a preocupação com a "decisão unilateral" do presidente Hollande de visar os "santuários" dos jihadistas onde estariam supostamente sendo preparados atentados contra a França. "A decisão dá a entender que a França entrou em guerra contra a Síria com total autonomia", escreve.

"A posição da França no conflito sírio é singular: ela pretende atingir o grupo Estado Islâmico sem reforçar o regime de Damasco e apoiar a formação de um governo de coalizão com os pilares do regime, excluindo Al-Assad", diz o editorial.

No tabuleiro geopolítico mundial, convém ser prudente, alerta o jornal. Apesar de a diplomacia francesa ter tido razão ao se opor à intervenção americana no Iraque, em 2003, a história mostra que no jogo das grandes potências, "não se pode impor nem impedir nada sozinho."

Le Figaro adverte o governo para não correr o risco de encampar sozinho uma guerra contra Damasco, paralelamente às ações da coalizão internacional e dos aliados russos e iranianos que apoiam Al-Assad. "A França deve escolher o lado em que está para não correr o risco de servir de ponte entre Moscou e Washington", conclui o texto.

Estratégia diplomática

O jornal Aujourd'hui en France diz claramente que o ataque contra o Daech na Síria é uma maneira do presidente Hollande conseguir "ter mais peso" no cenário diplomático mundial. Segundo o jornal, não é à toa que o anúncio da bem sucedida operação foi confirmada ontem pela manhã pelo chefe de Estado francês em Nova York, onde Putin e Obama vão se encontrar às margens da Assembleia da ONU.

Segundo Aujourd'hui en France, pouco importa se os especialistas dizem que esse tipo de ação na Síria não irá impedir novos atentados em solo francês. "A importância está no simbolismo político", escreve. O envio dos aviões de caça Rafale à Síria no momento em que são abertas em Nova York as discussões sobre a crise síria é para passar uma mensagem forte de que a França quer ter um papel relevante no assunto, confirmaram fontes diplomáticas ao jornal.
 

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