Mirando em um quarto mandato, Merkel completa dez anos no governo da Alemanha
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No meio de seu terceiro mandato, a chanceler Angela Merkel comemora nesta sexta-feira (18) dez anos na liderança da Alemanha. Com bons níveis de popularidade, a alemã não é ameaçada pela oposição e não descarta concorrer a um quarto mandato em 2017. Se durante a crise grega ela foi vista no exterior como uma vilã, defensora ferrenha da austeridade, na crise dos refugiados Merkel tem firmado sua imagem como uma governante generosa, que acolheu milhares refugiados.
Marcio Damasceno, correspondente da RIF na Alemanha
Em uma entrevista realizada há algumas semanas na televisão alemã, Merkel não descartou que venha a concorrer a um quarto mandato. Ao ser questionada sobre se pretende se reeleger novamente, ela disse que ainda não chegou o momento para tomar tal decisão e ressaltou que, na hora certa, anunciará se estará ou não disposta a se candidatar.
A declaração deixou claro que a reeleição é uma hipótese bastante provável, a não ser que ocorra algum acidente até lá. A chanceler continua sendo considerada como uma líder indiscutível de seu partido e de seu país. Além disso, não tem concorrentes em seu partido ou mesmo em outras legendas. O maior partido de oposição, o Partido Social Democrata, faz parte do governo e não é uma ameaça.
Líder moderadora
Angela Merkel tem se caracterizado como uma governante que atua mais como uma moderadora do que como alguém de ação, de gestos bruscos ou grandiloquentes. Ela reflete e espera o momento certo para decidir, sempre se pautando pela tranquilidade. Isso vem agradando os alemães.
Na crise da Grécia, por exemplo, ela conseguiu manejar a situação de tal forma, que possibilitou que, depois de muita negociação, uma solução fosse encontrada. Aliás, o que tem marcado o governo Merkel é sobretudo a capacidade de evitar catástrofes, de proteger a Alemanha de danos maiores e de vencer dificuldades.
A chanceler tem conseguido superar crises: fez com que a Alemanha atravessasse ilesa a crise financeira. Também manejou bem o leme na crise europeia, evitando um dano maior com uma saída da Grécia da zona do euro. O gerenciamento da crise da Ucrânia também é mais uma prova da capacidade da líder alemã.
Vencendo desafios
Ao se candidatar novamente, Merkel chegaria perto do período de governo de Helmut Kohl, o mentor da chanceler, que ficou 16 anos no poder. Apesar de o governo Merkel ainda não ter feitos considerados históricos, como por exemplo, uma reunificação alemã, que marcou o governo de seu antecessor, ou mesmo a reforma do mercado de trabalho, como a realizada por Gerhard Schroeder, a líder consegue convencer pela rigidez ao gerenciar situações críticas.
A atual crise de refugiados parece ser mais um desafio nos moldes da chanceler. E os alemães tem confiança que ela vença mais esse desafio.
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