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Linha Direta

Espanha corre contra o relógio para encontrar jornalistas sumidos na Síria

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Continuam com paradeiro desconhecido os três jornalistas espanhóis que estavam em Aleppo, na Síria, cobrindo uma guerra civil que começou há mais de quatro anos no país. O conflito já deixou mais de 230 mil mortos e mais de quatro milhões de pessoas deslocadas, de acordo com a ACNUR, a agência da ONU para os Refugiados.

José Manuel López (esquerda), Ángel Sastre (no fundo) e Antonio Pampliega, na Síria.
José Manuel López (esquerda), Ángel Sastre (no fundo) e Antonio Pampliega, na Síria. Facebook/FAPE
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Fina Iñiguez, correspondente da Rádio França Internacional, em Barcelona

Por enquanto, não há notícias sobre os jornalistas que, de acordo com o Observatório Sírio de Direitos Humanos, sediado em Londres, desapareceram no dia 13 de julho, no centro antigo de Aleppo. Eles foram vistos pela última vez em uma van branca, acompanhados pelo tradutor sírio, quando homens armados e aparentemente vestidos como afegãos interceptaram o veículo e os levaram para um local desconhecido.

Os jornalistas desaparecidos são Ángel Sastre, Antonio Pampliega e José Manuel López. Os três espanhóis entraram em Aleppo através do sul da Turquia, no último dia 10, para fazer reportagens, mas a notícia do desaparecimento dos repórteres só foi divulgada nesta terça-feira, nove dias depois de terem sido vistos pela última vez.

Zonas de guerra

Os repórteres conheciam muito bem a região, para onde iam com frequência desde o início do conflito na Síria, em 2011. Os três trabalham como freelancers para diversos jornais espanhóis e internacionais e possuem ampla experiencia em zonas de guerra.

O repórter Antonio Pampliega trabalhou em lugares como Iraque, Líbano, Paquistão, Egito, Afeganistão, Haiti, Síria e Sudão do Sul. O fotógrafo López também cobriu conflitos no Afeganistão, Iraque, Haiti e o da Síria, entre outros. Ángel Sastre, também repórter, apesar de espanhol, mora há alguns anos na Argentina e, de lá, cobre o noticiário da América Latina e da Ásia.

De acordo com um relatório da organização Repórteres Sem Fronteiras, a Síria é hoje o país mais perigoso para os jornalistas. Aleppo, em particular, é considerada uma das zonas mais críticas e um dos lugares com maior número de sequestros de jornalistas que cobrem o conflito no país: 27 profissionais foram sequestrados na Síria só em 2014, dos quais 20 ainda continuavam retidos no final do ano passado.

Precedentes

Desde que a guerra civil na Síria começou, foram sequestrados pelo menos quatro jornalistas espanhóis e os quatro foram liberados com vida no ano passado. Num dos casos, os sequestradores eram delinquentes comuns e em poucas horas soltaram o jornalista André Labaki. Nos outros casos, os jornalistas Marc Maginedas, Javier Espinosa e Ricardo García ficaram retidos mais de seis meses por membros da rede Al Qaeda e do grupo Estado Islâmico.

A mídia está respeitando o pedido, divulgado pelas autoridades, de “máxima discrição e paciência”. Jornalistas especialistas no assunto acreditam que a liberação dos espanhóis pode ainda demorar.

O chefe da diplomacia espanhola, José Manuel García-Margalho, declarou na terça-feira que começou a trabalhar desde que o desaparecimento foi anunciado e que está fazendo de tudo para localizar os jornalistas, numa operação coordenada pelo CNI, o Centro Nacional de Inteligência espanhol.

García-Margalho disse também que o ministério está em contato permanente com a embaixada espanhola em Ancara, na Turquia, que é a responsável pelas operações na Síria. Em um tom entre otimista e cauteloso, o chanceler espanhol declarou que, felizmente, os casos precedentes sobre reféns espanhóis tiveram resultados positivos, apesar de que o desenlace desejado sempre depende dos movimentos da outra parte.

 

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