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Jornal francês ouve menores africanos que acusam militares de abuso sexual

A denúncia de abusos sexuais contra crianças da República Centroafricana, cometidos por militares franceses em missão no país, volta às manchetes da imprensa nesta segunda-feira (18). Os enviados especiais do jornal Le Parisien tiveram contato com as supostas vítimas e ouviram relatos dos meninos que afirmaram terem sido explorados sexualmente em troca de alimento.

Capa do jornal francês Le Parisien desta segunda-feira, 18 de maio de 2015.
Capa do jornal francês Le Parisien desta segunda-feira, 18 de maio de 2015.
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Le Parisien encontrou na capital Bangui duas crianças que repetiram os mesmos relatos chocantes já feitos às Nações Unidas e que fundamentam as acusações contra os militares enviados ao país africano para a missão Sangaris.

Dois meninos de nove anos, apresentados com nomes falsos de Marcus e Isidoro, disseram aos repórteres que foram abusados sexualmente por soldados em troca de comida, bolachas e doces. Eles foram parar em um acampamento durante a espiral de violência que tomou conta do país em dezembro de 2013.

Marcus, órfão de mãe e abandonado pelo pai, contou as dificuldades para encontrar comida junto com outros meninos de rua. Ele afirma ter comentado a um grupo de militares que estava com fome e, em troca de alimento, foi levado a um local escondido para masturbar um soldado.

O menor guardou o nome do militar que pediu a ele "não contar nada para ninguém". Marcus disse que outros três soldados tinham conhecimento do ato. O menino disse conhecer outras quatro vítimas dos abusos.

Isidoro não viu o nome de seu agressor, mas relatou se tratar de "um homem musculoso, grande e branco". O militar teria pedido para que ele fizesse sexo oral em troca de bolachas e balas. “Estava com fome, fui obrigado a fazer”, disse o menino que mora com a mãe e os irmãos em um local improvisado.

ONU

Em sua extensa reportagem, Le Parisien lembra que a denúncia surgiu de uma Ong que trabalha em centros de acolhida para deslocados de guerra. Depois de ouvirem os relatos, encaminharam o caso à ONU, que enviou um especialista à República Centroafricana.

Segundo Le Parisien, seis crianças, entre nove e 13 anos foram ouvidas, e seus relatos incriminam 24 militares, a maioria franceses da operação Sangaris, enviados para conter a onda de violência motivada por conflitos interétnicos e interreligiosos no país.

O caso chegou à justiça francesa que quer acelerar as investigações. "O que está em jogo para o exército francês na República Centroafricana é sua honra", afirma Le Parisien.

Alvos de insultos

Segundo o jornal, duas semanas depois da divulgação do escândalo, as patrulhas militares da missão Sangaris têm sido alvos de insultos verbais por parte da população. Muitos moradores se referem aos soldados como "estupradores", mas outros reagem com indiferença. Para Le Parisien, o clima, em geral, é menos tenso do que o comando da missão poderia imaginar devido à repercussão das denúncias de abuso sexual contra os menores.

Entrevistado pelo Le Parisien, o ministro da Justiça, Aristide Sokambi, lamenta que o governo da República Centroafricana não tenha sido informado oficialmente da abertura de um inquérito na França sobre o caso, há nove meses. O ministro defende que o país deveria ser informado e participar das investigações.

 

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