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Justiça fecha cerco contra Sarkozy e ameaça seus planos de retornar à presidência

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Os planos de Nicolas Sarkozy para as eleições presidenciais francesas de 2017 podem estar com os dias contados. Na semana passada, a Justiça considerou válidas as escutas telefônicas entre ele e e seu advogado Thierry Herzog, que podem condenar o ex-presidente por corrupção, tráfico de influência e violação de sigilo profissional.

O presidente da UMP, Nicolas Sarkozy, pode ser condenado por corrupção, tráfico de influência e violação de sigilo profissional.
O presidente da UMP, Nicolas Sarkozy, pode ser condenado por corrupção, tráfico de influência e violação de sigilo profissional. REUTERS/Gonzalo Fuentes
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Nicolas Sarkozy é presidente do partido de direita UMP e quer disputar as primárias para ser o candidato do partido nas eleições presidenciais de 2017. Ele é acusado de ter tentado obter informações confidenciais e de influenciar as decisões de um alto magistrado da Corte de Cassação, sobre outro processo no qual era investigado por financiamento ilegal da campanha presidencial de 2007.

Além desses, o líder da direita está envolvido em outros cinco casos que tramitam na Justiça. Mas desde que anunciou seu retorno à vida política e chegou à presidência da UMP, no ano passado, Sarkozy vinha reconquistando seu eleitorado. Entre a vitória do partido nas eleições departamentais francesas, no final de março, e as pesquisas de opinião que o mostravam cada vez mais popular, as primárias da UMP pareciam garantidas ao ex-presidente.

Situação delicada

Para o presidente da agência de conselho em comunicação MCBG, Philippe Moreau Chevrolet, Sarkozy está em uma situação "muito delicada". "O que aconteceu com Sarkozy nesta semana nos mostra que somos todos 'mortais' na política. É verdade que ele subestimou, nos últimos tempos, esses casos na Justiça. E ele pode, sim, ver todos os seus esforços para 2017 comprometidos", analisa.

Para o especialista, além da imagem prejudicada pela suspeita de envolvimento nesse e em outros episódios, Sarkozy tem desafios importantes para encarar. "O principal desafio de Sarkozy é de mostrar que ele é o chefe de sua família política e de marginalizar seus concorrentes, especialmente Alain Juppé, seu grande rival dentro da legenda", diz.

Sarkozy ainda não se pronunciou sobre a validação das escutas. Mas a oposição aposta que o ex-presidente vai se defender atacando a Justiça. Chevrolet, no entanto, acredita que essa não seria uma boa estratégia. "É complicado para Sarkozy, como presidente do partido, criticar a Justiça francesa. Dentro da própria UMP, as lideranças não aceitariam esse comportamento. E, em nome do partido, ele deve tomar cuidado com as sensibilidades de seus integrantes. Como ele está em campanha, isso enviaria um sinal estranho para seus eleitores: ser o presidente de um partido e atacar a Justiça."

Imagem prejudicada

Segundo o professor de Ciência Política da Sciences Po de Lyon, Paul Bacot, o episódio prejudica a imagem do líder da direita francesa, mas ele lembra até o momento, Sarkozy não foi condenado. "Há muitos dirigentes políticos que já foram condenados e que continuam sua carreira política sem dificuldades", ressalta.

Bacot também sublinha que o caso pode até mesmo ser um lado positivo para o ex-presidente, que tem um forte apoio popular. "Sabemos que para o eleitorado mais fiel da UMP, há uma teoria do complô: que ele é vítima de juízes manipulados pelo Eliseu. Então, esse episódio pode até resultar em pontos favoráveis para Sarkozy", defende.

Marine Le Pen x Nicolas Sarkozy

Uma pesquisa de intenção de votos, divulgada na semana passada, mostrava que Marine Le Pen, a líder do partido de extrema-direira Frente Nacional, havia ultrapassado Sarkozy em um ponto. Se as eleições fossem hoje, ela venceria no primeiro turno com 29% dos votos. Seu rival ficaria com 28%.

Entretanto, Bacot é cético que a validação das escutas telefônicas na Justiça possa resultar no aumento das intenções de voto para Marine Le Pen. "Se partirmos do princípio de que tudo o que prejudica Sarkozy beneficia seus adversários, é verdade seus rivais, dentro de seu partido, e os externos, os presidenciáveis, ganham pontos, e é aí onde entra Marine Le Pen. Mas é preciso considerar que a situação ainda pode evoluir muito porque contra Marine Le Pen também correm processos na Justiça."

O professor também lembra que os escândalos nos quais Sarkozy está envolvido são relativizados devido a uma decepção do eleitorado com a política francesa. "A ideia comum da opinião pública hoje é que todos os partidos franceses têm problemas na Justiça. Porque cada um destes casos não prejudicam somente candidatos e partidos, mas o conjunto inteiro da classe política francesa", conclui.

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