Acessar o conteúdo principal
Fato em Foco

Campanha contra estupro na França mostra que vítima conhece agressor

Publicado em:

Um novo vídeo acaba de ser lançado na França, na nova campanha do Coletivo Feminista contra o Estupro - CFCV, associação que tem o apoio do governo e trabalha para proteger e informar as vítimas de abusos, através de um telefone gratuito em um plantão de doze horas por dia. A mensagem do vídeo, que vai ser divulgado nas TVs e na Internet,  é centrada na dificuldade das vítimas em falar sobre o estupro e de encontrar alguém para ajudá-las, especialmente quando se conhece o agressor.

Cena do vídeo da nova campanha do Coletivo Feminista contra o estupro.
Cena do vídeo da nova campanha do Coletivo Feminista contra o estupro. CFCV.com
Publicidade

O filme da campanha do Coletivo Feminista contra o Estupro tem 30 segundos. A cena se passa em uma festinha e mostra um tipo super simpático, Marc, chegando e cumprimentando todo mundo. Uma voz de mulher, em off, diz que ele é o melhor amigo e padrinho de casamento de Mathilde e Jean, os donos da casa; é o cara mais engraçado que Nora já encontrou; para Eric, é o camarada com quem se pode contar para o que der e vier. "Para mim, ele é o homem que me estuprou. Mas quem vai querer me ouvir?" diz a voz e a câmara mostra o rosto tenso de uma mulher que, visivelmente, não conseguiu dizer ao seu grupo o que o "amigo ideal", Marc, fez com ela.

Intitulada "Proches", que posso traduzir como "Próximos" ou "Amigos", a campanha parte da preocupante conclusão que em 86% dos casos de agressão sexual a vítima conhece a pessoa que a agrediu.

A doutora Emanuelle Piet, presidente do Coletivo, explica quem são essas pessoas do círculo social das vítimas: "São maridos e companheiros, noivos, ex-noivos, pais, conhecidos, colegas de trabalho, chefes, e também amigos... o que é muito mais difícil para a pessoa agredida".

Estatísticas

Os dados mais recentes indicam que 86.000 mulheres por ano, entre 18 e 75 anos, são vítimas de estupros ou de tentativas de estupro na França. Desse total, justamente por terem sido agredidas por alguém conhecido, somente 13% dão queixa à polícia. Em geral, somente 1% de agressores são condenados.

O crime atinge mais as mulheres, mas os homens também sofrem esse tipo de violência: uma média anual de 16 mil, sendo a maioria menores de idade, são abusados sexualmente.

Efeitos da campanha

A presidente do Coletivo conta que desde que as campanhas começaram a sociedade francesa começou a mudar. No ano 2000, por exemplo, 2/3 das mulheres envolvidas se recusavam a falar sobre o assunto. Em 2006, uma nova pesquisa apontou que apenas 1/3 das mulheres não quiseram falar.  

"Esta é a quarta campanha que fazemos e a primeira coisa que notamos imediatamente é o aumento das chamadas. Durante duas ou três semanas vamos ter cinco ou seis vezes mais telefonemas do que o normal. São na maioria mulheres encorajadas pela campanha que buscam um interlocutor para ajudá-las e isso já é muito importante. Mas também o público em geral vai comentar essa campanha e um bom número de vítimas vai poder dizer aos amigos: "Isso também me aconteceu"... E o que queremos nessa campanha é que o círculo social da vítima, não os agressores, mas os amigos, possam ouví-las de forma solidária, dizer 'Eu acredito em você, ele [o agressor] não tem o direito de fazer isso, nós vamos te ajudar..' E essa atitude faz com que a pessoa consiga falar, contar o que aconteceu, será uma ajuda formidável", observa Emanuelle Piet.

Estupros na Europa

Além da França, diversos países europeus combatem o crime do estupro.

O Reino Unido - onde a maioria das agressões sexuais acontecem em táxis - luta há anos contra o problema e tem feito diversas campanhas para prevenir as mulheres para que não tomem táxis sozinhas em horários e circunstâncias de risco.

A Suécia enfrenta o aumento significativo de casos de estupros coletivos entre adolescentes, que filmam e fotografam a cena para depois mostrar aos amigos. O mais dramático é que eles chantageiam as jovens vítimas: se contarem para alguém, publicam as imagens nas redes sociais. Somente no ano passado foram 1.600 agressões sexuais contra meninas menores de idade, trezentas a mais em relação ao ano anterior. Um agravante do código penal sueco é não ter a noção de consentimento do ato sexual. Juridicamente, o conceito é decisivo nos tribunais que julgam casos de estupro, já sendo aplicado na Bélgica, França, Grã-Bretanha e Noruega.

Alemanha e Rússia vêm apresentando igualmente um aumento relevante de casos, preocupando as autoridades e desencadeando uma série de campanhas preventivas.

Veja o vídeo da campanha do Coletivo Feminista contra o estupro:

 

 

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.