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O Mundo Agora

2015 poderá ser o melhor ano da história da humanidade

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Basta olhar para os títulos de qualquer jornal, televisão, ou ouvir notícias no rádio para ficar deprimido. Os massacres na Síria e no Iraque, os milhares de imigrantes que morrem tentando atravessar o Mediterrâneo, o vírus do ebola, a crise econômica mundial e as catástrofes climáticas não deixam muita esperança. O sentimento de que tudo era melhor antigamente vem se espalhando. Só que temos que tomar cuidado. Esse negócio de sempre achar que o passado era bem melhor é prova de senilidade.

Comemoração do Ano Novo em Nova York.
Comemoração do Ano Novo em Nova York. REUTERS/Stephanie Keith
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É bom não confundir o fim do mundo de cada um, com o fim do mundo em geral. As jovens gerações já estão em outra, construindo suas vidas com as circunstâncias e vidas que têm hoje, com suas alegrias e penas. É claro que jornal só se interessa pelos trens que chegam atrasados. Difícil encontrar uma notícia dizendo que o trem chegou na hora certa, ou ver um repórter bradando que lá onde ele se encontra não está acontecendo nada.

Não há dúvida de que muita gente está sofrendo horrores e privações pelo mundo afora e que tudo tem que ser feito para acabar com esses sofrimentos. Mas numa primeira crônica do ano, é bom injetar uma dose de otimismo. Vamos ter um ano inteiro para denunciar, se lamuriar, se indignar.

O presidente Bill Clinton gostava de dizer que era “melhor seguir as tendências do que as manchetes”. Ele sabia das coisas. Claro que perder o emprego é um drama, às vezes insuportável para uma pessoa e seus familiares. Mas acabamos esquecendo que, quando o desemprego está batendo nos 10% ou 15%, 85% ou 90% estão ainda trabalhando. Obviamente não dá para querer só atualidades felizes. Mas se compararmos com o passado – e até o passado recente – o ano de 2015 pode ser um dos melhores da história da humanidade.

Razões para ser otimista em 2015

Nas últimas duas décadas – e apesar da crise – centenas de milhões de pessoas na China, na Índia, no Brasil e em outras partes do velho Terceiro Mundo, conseguiram sair da pobreza, graças às dádivas do período da “globalização feliz”. Os países pobres hoje vivem muito melhor do que antes. Muito mesmo.

As percentagens de subalimentados e da mortalidade infantil nas regiões pobres nunca foi tão baixa. Claro, uma média não mostra os bolsões que pioraram, mas a grande maioria está bem melhor. A revista científica de referência Lancet acaba de demonstrar que até o conjunto de doenças que afligem a humanidade diminuiu quase 30% nos últimos 25 anos graças ao progresso da higiene e da medicina.

Mais insólito ainda: esses primeiros anos do século XXI foram os que tiveram – de longe – menos guerras e menos mortos em conflitos violentos internos ou interestatais desde 1940. Os próprios homicídios, na média, declinaram de maneira significativa. Até no México, com os horrores das guerras dos narcotraficantes, as mortes violentas são muito menores do que há cinquenta anos atrás.

As próprias guerras atuais, inclusive as mais violentas no Grande Oriente Médio, são infinitamente menos mortíferas do que as duas guerras mundiais, as guerras coloniais e os inúmeros conflitos “quentes” da Guerra Fria.

Número de governos democráticos supera o de ditaduras

Quanto à política, desde o começo dos anos 1990, os regimes democráticos começaram a ultrapassar rapidamente os regimes autocráticos e por enquanto, apesar dos Putin e Chávez da vida, não há reversão séria desta tendência geral. Melhor ainda: depois de sete anos de crise, os Estados Unidos, a maior e mais dinâmica economia do planeta, estão saindo do buraco e pode até haver uma melhora na Europa.

2015 pode ser o ano em que estas duas grandes locomotivas comecem a puxar o resto do mundo fora do poço. Portanto, antes de voltar inevitavelmente para as manchetes agourentas, vamos celebrar esse mundo que continua andando e melhorando aos trancos e barrancos, com sorrisos, suor e lágrimas. Além do mais como dizia o sábio, é sempre melhor ser otimista. O pessimista sofre o tempo inteiro enquanto o otimista só sofre no fim. Feliz Ano Novo, queridos ouvintes!

 

* Alfredo Valladão, do Instituto de Estudos Políticos de Paris, escreve às terças-feiras para a RFI

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