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Linha Direta

Confrontos em Hong Kong marcam aumento da violência no movimento

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Hong Kong foi palco de mais uma noite de confrontos em frente à sede do governo. Milhares de pessoas voltaram no domingo (30) ao principal ponto de ocupação do movimento civil por eleições livres, a pedido dos líderes estudantis. A ação foi uma tentativa de conter a operação policial, que começou na última semana e visa esvaziar as zonas de protestos nesta região autônoma chinesa. A mobilização, que ficou conhecida como Movimento do Guarda-chuva, já se estende por nove semanas.

Confrontos entre policiais e manifestantes em frente à sede do governo.
Confrontos entre policiais e manifestantes em frente à sede do governo. REUTERS/Bobby Yip
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Da correspondente da RFI em Hong Kong, Luiza Duarte.

Os manifestantes exigem eleições livres para o chefe do executivo local em 2017, sem a interferência de Pequim, que pretende pré-selecionar os candidatos. Depois de ser governada pelos britânicos, Hong Kong voltou para as mãos dos chineses em 1997 e funciona sob o “modelo de um país, dois sistemas”.

Milhares de pessoas voltaram ao principal ponto de ocupação depois de um pedido dos líderes estudantis para aumentar a resistência na área. O objetivo era evitar a retirada dos manifestantes, já que, desde a última terça-feira (26), a polícia realiza uma ação para esvaziar as zonas de ocupação do movimento. A data foi apresentada como um momento decisivo, já que a organização dos protestos voltou a ameaçar subir o tom e invadir prédios públicos. No entanto, os estudantes parecem ter voltado atrás e ficaram do lado de fora, se contentando em tentar cercar o complexo do governo.

Cerca de 7 mil policiais foram deslocados para a zona e o clima foi de grande tensão até o início da manhã de hoje. Manifestantes equipados com máscaras, capacetes, óculos especiais e guarda-chuvas, mas desarmados, gritavam em cantonês os slogans do movimento pedindo o voto direto e democracia. Detenções e confrontos foram registrados durante a noite e a polícia fez uso de spray de pimenta e bastões para dispersar os estudantes.

Pelo menos 40 pessoas foram levadas para hospitais durante a madrugada. Todas as tendas do Parque Tamar, área no entorno da sede do governo, foram removidas. Mas os manifestantes continuam ocupando várias outros pontos que cercam o complexo administrativo. O governo tolera há mais de dois meses centenas de tendas ao lado da sede governamental desta região autônoma da China.

Remoção de tendas

Novos confrontos entre policiais e manifestantes ocorreram na manhã desta segunda-feira (1) e, à tarde, o clima é calmo. Por volta das 7h da manhã do horário local, funcionários do governo receberam um comunicado anunciando a suspensão do expediente na manhã desta segunda-feira. Os prédios foram temporariamente fechados sob a alegação de que as ruas bloqueadas impediriam a chegada dos trabalhadores. Centenas de tendas de diversos tamanhos continuam de pé em Admiralty e o ocorrido na última noite não foi suficiente para por fim ao acampamentos. Outro ponto de ocupação menor, no bairro comercial de Causeway Bay, também resiste.

Na última semana, começou operação de retirada das zonas ocupadas. A polícia conseguiu esvaziar a ocupação do bairro de Mongkok, único ponto de protesto do lado mais próximo da China, a península de Kowloon. Dezenas de pessoas foram temporariamente detidas, incluindo alguns líderes estudantis. Desde o início da ocupação, no final de setembro deste ano, 518 pessoas feridas nos protestos receberam tratamento em postos de emergência, segundo dados do governo.

Sem negociações

O movimento continua em um impasse e não foi anunciada por enquanto nenhuma tentativa de retomada das negociações. Nesta segunda-feira, o secretário de segurança de Hong Kong, Lai Tung-kwok, condenou a ação na Lung Wo Road, via próxima ao complexo do governo. Ele acusa os manifestantes de terem planejado e organizado barricadas de metal forçando o avanço sobre o bloqueio feito pela tropa de choque. O tráfego foi retomado nesta rua que estava até então bloqueada. Diversas vias da cidade de 7 milhões de habitantes permanecem fechadas há mais de dois meses e o trânsito foi alterado em certos pontos.

O secretário acrescentou que a violência é contrária ao slogan do movimento civil Occupy Central, que diz “ ocupe Central com paz e amor”. Ele afirmou ainda que pedras e bastões teriam sido encontrados nas mochilas dos estudantes e os acusou de ignorarem o apelo da polícia para que parem com a ocupação que considera ilegal.

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