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Reportagem

Investidores franceses se preocupam com recessão no Brasil

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As empresas francesas que possuem negócios no Brasil estão preocupadas com a recessão e a desacelaração da economia. O anúncio nesta terça-feira (4) de que a produção industrial voltou a apresentar resultado negativo, caindo 0,2% em setembro, e o mistério em torno do novo ministro da Fazenda, também contribuem para o clima de incerteza, como explicou o presidente da Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro), Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira, em visitaa Paris nesta quarta-feira (5).

Eduardo Eugênio, presidente da Firjan
Eduardo Eugênio, presidente da Firjan T. Stivanin
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O representante da Firjan se reuniu com Pierre Gataz, presidente do Medef, entidade que representa o patronato francês. Segundo Eduardo Eugenio, Gataz viajará em 2015 ao Brasil em missão para discutir estratégias para impulsionar os investimentos entre os dois países. Ele lembra que praticamente todas as empresas do CAC 40, que reúne os 40 maiores grupos empresariais franceses cotados na Bolsa de Valores de Paris, estão presentes no Brasil, e por isso esse diálogo é fundamental.

“O resultado deles no Brasil faz diferença no resultado global das companhias, estamos começando a ter problemas econômicos graves no Brasil. Os problemas que tocam as empresas brasileiras, tocam as empresas brasileiras de capital francês. Como a França vem nessa experiência de lidar com um governo intervencionista, é hora de discutir o que isso tem de bom ou ruim”, ressalta.

A discussão com o representante do Medef é importante, segundo ele, para que o Brasil aprenda com os erros da França, que agora está sendo obrigada a diminuir cada vez mais os gastos públicos para garantir o equilíbrio orçamentário. “Os juros já subiram. O Brasil precisa e é fundamental fazer um aperto fiscal rigoroso esse ano, senão não teremos a credibilidade necessária para a economia ir adiante”.

Rio tem maior concentração de empresas francesas

De acordo com Eduardo Eugenio, a maior concentração de empresas francesas está no Rio. Os escândalos de corrupção envolvendo a Petrobrás também têm preocupado os empresários, diz. “A Total fez um investimento gigantesco no Brasil além de outras empresas médias. Todos estão com receio, mas tento mostrar que uma coisa são os problemas brasileiros graves e outra coisa é a necessidade que o país tem de retirar o óleo que já foi descoberto e isso ocorrerá de qualquer forma. Por mais que a Petrobrás esteja mexida, o petróleo é uma realidade e temos que ir adiante.”

O representante da Firjan também não economiza as críticas ao PT e ao novo governo, que segundo ele tem uma agenda política do “século 19.” “Mudar a Constituição para ouvir as massas. O verbo que está ali escrito é velho e impressiona muito mal. Não são termos da esquerda contemporânea europeia. Estamos falando aqui de esquerda bolivariana, que é o que há de mais retrógrado no século 21. Se seguirmos nesse caminho, haverá um drama econômico nacional que criará atritos sociais”, diz. Segundo ele, o discurso do governo assusta os investidores, que já criticavam o excesso de intervencionismo do Brasil.

“É uma costura complicada. Precisamos de credibilidade e mostrar aos investidores que o Brasil está incluído no mundo, é um país moderno e dar continuidade a essa ascensão. Com essas forças políticas, vemos o inverso. Não temos poupança interna no Brasil, nem interna e nem privada, necessárias para os investimentos que temos que encarar, de infraestrutura: todas as condições de investimentos fora dos muros das fábricas, fundamentais para que as empresas sejam competitivas. Essa discussão espanta o investidor. O setor privado foi demonizado nesta campanha eleitoral”, defende.

“É do interesse de todos que haja mais empregos”

O presidente da Firjan também compara os problemas do governo francês e brasileiro e diz que seus representantes parecem “que nunca se sentaram em uma empresa.” “Quando eu vejo o premiê Manuel Valls sugerir a criação de um comitê para avaliar a criação de empregos em função dos benefícios fiscais que as empresas receberam, é justamente essa mentalidade que mostra que quem está no poder aqui e lá nunca trabalhou em uma empresa na vida. O principal ativo da empresa é o trabalho e o trabalhador. É do interesse de todos que haja mais emprego.”

Manifestações são exageradas

Apesar de declarar seu descontentamento com a política governamental, o presidente da Firjan criticou as manifestações contra a presidente Dilma e pelo retorno à ditadura. “Isso não tem o menor sentido em uma democracia como o Brasil e com as instituições funcionando, como já foi demonstrado em vários eventos recentemente no país.”

 

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