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Linha Direta

Sob reprovação da comunidade internacional, separatistas ucranianos realizam eleições

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As regiões ucranianas de Donetsk e Luhansk organizaram eleições regionais neste domingo (2), uma semana depois das eleições parlamentares no resto do país. A votação foi classificada como uma provocação pelo governo de Kiev. Para a União Europeia, o pleito é “um novo obstáculo no caminho para a paz na Ucrânia”.

Membros de comissão eleitoral esvaziam urna para apuração dos votos na autoproclamada República Popular de Donetsk, no leste da Ucrânia.
Membros de comissão eleitoral esvaziam urna para apuração dos votos na autoproclamada República Popular de Donetsk, no leste da Ucrânia. REUTERS/Maxim Zmeyev
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As pesquisas de boca-de-urna confirmam o que já era esperado: o atual líder de Donetsk, Alexander Zakhartchenko, teria vencido a eleição da região de Donetsk com 81% dos votos; e o atual líder de Lugansk, Igor Plotnitsky, teria conseguido 63% de votos na região de Lugansk.

Na última semana, Zakhartchenko disse que renovaria a economia de Donetsk e prometeu aumentar salários e aposentadorias. O líder também declarou que reconquistaria a cidade de Mariupol e deixou claro que, se necessário, vai usar a força.

A participação nas eleições foi alta. Em Donetsk, o Comitê Eleitoral fala em um milhão de eleitores. Em Lugansk, a votação teve que ser prorrogada em uma hora por causa das longas filas o dia inteiro.

Ameaças e chantagens

O governo ucraniano diz que o alto comparecimento nas urnas foi conseguido através de ameaças e de chantagens eleitorais. Há denúncias de que eleitores teriam recebido vouchers de alimentos depois de votar, além da presença de homens fortemente armados nas seções eleitorais.

Os separatistas, por sua vez, acusam Kiev de divulgar para a mídia ocidental vídeos falsos do processo eleitoral na região.

Monitoramento internacional

Aproximadamente 70 observadores internacionais acompanharam a votação. Em uma entrevista coletiva, eles afirmaram que as eleições cumpriram todos os requisitos do sistema eleitoral europeu.

O observador Jaroslav Doubrava, da República Tcheca, disse que não encontrou nenhuma irregularidade nos 15 colégios eleitorais que visitou. Ewald Stadler, observador austríaco, contou ter ficado impressionado com a grande participação popular nestas eleições.

A lista de observadores, no entanto, foi bastante criticada pelo Ocidente. O autríaco Stadler, por exemplo, é famoso por ter dito que os países aliados não eram muito melhores do que os nazistas. Outro observador controverso foi um membro do partido Jobbik, da extrema-direita húngara, que sugeriu certa vez que a Hungria deveria ter uma lista de judeus. Ou seja, políticos controversos estão monitorando as controversas eleições.

A imprensa russa noticiou esta semana que observadores da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) estariam presentes no leste da Ucrânia para monitorar as eleições. A OSCE negou a informação.

Rússia reconhece resultados, ocidente critica

Logo que a votação foi encerrada, o Ministério de Relações Exteriores da Rússia disse que considerou o pleito válido, destacando que o processo transcorreu de maneira organizada, calma e com alto comparecimento às urnas. O ministério disse ainda que a Rússia respeita a vontade dos cidadãos do sudeste da Ucrânia e que o país está preparado para trabalhar junto a outros parceiros internacionais para continuar contribuindo de maneira construtiva na resolução da crise ucraniana.

As autoridades ucranianas abriram uma investigação criminal por tentativa de “tomada de poder” e de “mudança da ordem consititucional” com as eleições no leste da Ucrânia.

A comissária de Relações Exteriores da União Europeia, Federica Mogherina, declarou que as eleições dos separatistas representam “um novo obstáculo no caminho para a paz na Ucrânia”. O secretário-geral da ONU, Ban Ki Moon, ressaltou que a votação viola a constituição ucraniana.

Crise continua no leste da Ucrânia

Nas eleições parlamentares ucranianas do dia 26 de outubro, os três partidos que lideraram as preferências e que juntos tiveram quase 55% dos votos são partidos pró-Europa e pacifistas. As legendas afirmam querer resolver a crise no leste da Ucrânia sem o uso da força.

Kiev informou que no último fim-de-semana equipamentos e tropas russas começaram a se mover de maneira intensa pelo leste do país. A Rússia ainda não se manifestou sobre a acusação.

O cessar-fogo entre a rebelião e o governo ucraniano foi assinado no início de setembro, em Minsk, capital da Belarus. Desde então, mais de 300 pessoas já morreram no leste da Ucrânia devido ao conflito.

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