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Imprensa/Copa

Imprensa francesa indaga se Brasil terá clima de festa ou protesto

A imprensa francesa parece tão dividida quanto os brasileiros quando o assunto é Copa do Mundo. Nos jornais dessa manhã, as capas não conseguem chegar a um consenso. "O Brasil está em clima de festa ou de protesto?", pergunta a mídia francesa.

"O Samba Triste" é a manchete do jornal Libération
"O Samba Triste" é a manchete do jornal Libération
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Para o jornal Libération, o samba desta Copa vai ser triste. O jornal lembra tudo o que deu errado até agora: operários mortos nos canteiros de obras, estádios superfaturados, desigualdade social. Diante de tantos problemas, o jornal se pergunta até que ponto o fervor pelo esporte nacional será suficiente para "acalmar o clima de revolta". Um motorista de táxi carioca, entrevistado pelo jornal, tenta resumir a situação: "As pessoas estão revoltadas, mas quando o juiz apitar o começo do jogo, as coisas vão mudar. Aqui, as pessoas sabem fazer as duas coisas: protestar e festejar".

O jornal lembra ainda que mais da metade dos brasileiros são favoráveis à Copa realizada no Brasil embora as críticas aos gastos excessivos e à interferência da Fifa estejam sempre presentes. Mas, reconhece o jornal, isso tudo pode mudar. Um sinal é que a seleção brasileira foi recebida com entusiasmo pelos torcedores em São Paulo.

Mas o tom do editorial é crítico à Fifa, organizadora do Mundial. O texto fala do "lado sombrio do futebol". Hoje, "o dinheiro ocupa um lugar tão importante nesse tipo de evento que a corrupção acaba se instalando", avalia o jornal católico. A contradição da Copa e do futebol é que há um lado apaixonante e extremamente popular. "O espetáculo resiste aos dramas da pobreza e até da guerra". Durante esse mês de Copa, escreve La Croix, os jogadores vão mostrar o melhor de si, vão se superar, os comentaristas sul-americanos vão gritar gol a plenos pulmões e o mundo vai esquecer por alguns dias de todo o resto.

Para o Brasil, resta o "soft power"

O jornal Le Figaro mostra entusiasmo com o Brasil. A principal reportagem sobre o Mundial afirma que "a Copa do Mundo vai contribuir para a afirmação do gigante sul-americano na cena internacional". Para analistas enrtrevistados pelo jornal, o Brasil não tem ambição de ser uma potência militar e seu peso econômico ainda é bastante limitado. Diante disso, resta ao país investir no "soft power". Ou seja, exercer influência diplomática em aspectos como ajuda humanitária e o futebol. A organização da Copa pode ser uma grande jogada de marketing para o país. Mas os benefícios reais para a economia serão bem mais modestos. E pontos positivos como o aumento do consumo interno e das receitas do turismo devem ter fôlego curto.

"Condenados à glória". Assim o jornal esportivo L'Equipe resume o peso que recai sobre as costas da seleção brasileira. Para o jornal, a "pressão é monstruosa" e a expectativa dos brasileiros é enorme; e o time entra em campo com a obrigação de ganhar. Caso contrário, o risco de provocar um desastre emocional é imenso.

O jornal aponta as falhas do time brasileiro sobretudo na defesa, que deveria ser o ponto forte da equipe. Daniel Alves e Marcelo têm um caráter mais ofensivo e não vão se tornar zagueiros do dia para a noite. Júlio César também inspira dúvidas. O goleiro, qua já brilha no futebol italiano, amarga um quase ostracismo jogando no Canadá. Mas Scolari tem cartas na manga, diz o jornal.

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