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Linha Direta

Irã e Estados Unidos tentam resolver divergências sobre acordo nuclear

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Representantes do Irã e dos EUA estão reunidos em Genebra para tentar acelerar as negociações nucleares que entram em fase decisiva. O encontro, que foi anunciado às pressas no fim de semana, deve terminar nesta terça-feira após dois dias de discussão. São raras as conversas bilaterais entre Irã e EUA com data e hora marcada. Geralmente estes encontros ocorrem em segredo ou às margens de reuniões multilaterais.

O secretário de Estado adjunto dos EUA, William Burns, aprticipa das negociações com o Irã.
O secretário de Estado adjunto dos EUA, William Burns, aprticipa das negociações com o Irã. REUTERS/Kim Hong-Ji/files
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O encontro em Genebra é uma tentativa de diminuir divergências entre iranianos e americanos antes de uma data decisiva. No dia 20 de julho, termina o prazo para redigir um acordo que visa conciliar duas ideias potencialmente antagônicas: a continuação do programa nuclear iraniano e garantias de que este mesmo programa não irá gerar uma bomba atômica.

Por enquanto, as partes cumprem acordo preliminar em vigor desde janeiro que é como um teste de intenções mútuas. O Irã já reduziu drasticamente o volume de seu programa nuclear e está aceitando um monitoramento mais intrusivo dos inspetores da ONU. Teerã deixou claro que não medirá esforços para tranquilizar os ocidentais e mostrar que não quer a bomba atômica.

Já as potências levantaram algumas sanções econômicas contra os iranianos e começaram a devolver alguns bilhões de dólares do Irã que estavam bloqueados em bancos no exterior. O problema é que, faltando pouco mais de um mês para o fim do pacto preliminar, Irã e EUA não conseguiram se acertar sobre o conteúdo definitivo.

Os dois países são os verdadeiros protagonistas das negociações que envolvem ainda Rússia, China, Reino Unido, França e Alemanha. Em Genebra, iranianos e americanos tentam pavimentar o caminho rumo à próxima rodada com o grupo completo que acontece na próxima semana.

Pontos de atrito

As dificuldades giram em torno de dois temas: o tamanho do programa nuclear que o Irã poderá conservar após um entendimento final e o futuro das sanções financeiras e petroleiras contra Teerã. O Irã diz precisar de 100 mil centrífugas para produzir isótopos em medicina nuclear. O país possui atualmente 19 mil centrífugas, metade das quais em operação. Os EUA querem limitar o número de centrífugas iranianas a alguns milhares.

Outro tema em debate é o reator de água pesada que o Irã está construindo na cidade de Arak. Países ocidentais exigem que a obra seja suspensa já que o reator poderia, em tese, ser usado na fabricação de uma bomba atômica de plutônio. O Irã descarta interromper a construção, mas afirma que poderá fazer ajustes para dar mais garantias de que o equipamento será usado apenas para fins medicinais.
Pelo lado iraniano, a maior cobrança é que os ocidentais acelerem o alívio das sanções. Até agora, a suspensão das punições ao Irã foi modesta.

Esforços diplomáticos

Se não houver acordo, os negociadores têm a opção de estender o prazo do pacto preliminar por alguns meses. Tecnicamente, isso daria mais tempo para superar divergências mas, politicamente, seria mau sinal. Além disso, o americano Barack Obama enfrentará uma eleição legislativa durísisma em novembro e há grandes chances de que seu partido democrata perca o Senado.

Sem apoio parlamentar, Obama terá muita dificuldade em validar um acordo com o Irã. O Irã também tem seus radicais. Em Teerã, clérigos, militares e deputados formam uma frente ultraconservadora que, por se beneficiar economicamente do regime de sanções ou por pura convicção ideológica rejeita concessões nucleares. Com exceção de Israel e da Arábia Saudita, quase todo mundo parece determinado a resolver pacificamente o impasse nuclear iraniano…

* Samy Adghirni,  correspondente da Folha de S.Paulo em Teerã, em participação especial para a RFI

 

 

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