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Linha Direta

Israel e Palestina estão à beira de uma nova era de violência

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O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, ordenou nesta quarta-feira (9) a suspensão quase total do relacionamento entre seu governo e a Autoridade Nacional Palestina, do presidente Mahmoud Abbas. A medida piora ainda mais o clima das negociações de paz entre israelenses e palestinos, que, para muitos, já entraram em colapso. A correspondente em Tel Aviv, Daniela Kresch, conta que os moradores de Israel já temem a Terceira Intifada, uma nova onda de violência palestina contra o território israelense.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e o secretário de Estado americano, John Kerry, em Jerusalém. 31 de março de 2014.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e o secretário de Estado americano, John Kerry, em Jerusalém. 31 de março de 2014. REUTERS/Jacquelyn Martin/Pool
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Daniela Kresch, correspondente da RFI em Tel Aviv

Netanyahu suspendeu todos os contatos entre seu governo e os palestinos, com exceção da coordenação entre as polícias e das reuniões entre a ministra da Justiça, Tzipi Livni, e o negociador-mor palestino, Saeb Erekat, no contexto das atuais negociações de paz. Ao que tudo indica, o premiê israelense decidiu retaliar os palestinos, que, segundo ele, estão sabotando as conversas. O clima entre os dois lados piorou de vez e só parece faltar uma confirmação oficial de que as negociações fracassaram.

A decisão de Netanyahu surpreendeu não só os palestinos, mas também os americanos, que ainda tinham esperanças de conseguir um acordo de paz. Foi o secretário de Estado americano, John Kerry, que deslanchou as negociações em julho do ano passado e deu 9 meses para que os lados chegassem a um acordo. Mas, mais uma vez, como aconteceu nos últimos 20 anos, israelenses e palestinos não conseguiram chegar a um consenso.

Acusações recíprocas

A verdade é que os dois lados culpam um ao outro. Para Israel, o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas pôs tudo a perder: ele exigiu a libertação de 500 a mil presos palestinos e o congelamento da construção de colônias na Cisjordânia como condições básicas para continuar a conversar com Israel. Fora isso, assinou 15 tratados internacionais em nome da Palestina, o que irritou os israelenses. Com esses tratados, Abbas pode acionar Israel em fóruns internacionais por crimes de guerra.

Já o presidente palestino acusa Netanyahu pelo colapso nas negociações: ele diz que Netanyahu cancelou a esperada libertação de 26 presos palestinos no dia 1º de abril. Quando as negociações começaram, em julho, Israel se comprometeu a libertar 104 presos em quatro etapas, mas só cumpriu as três primeiras. Abbas ainda acusa Netanyahu de não ter evitado o anúncio da construção de 700 novas casas em Jerusalém Oriental, área que os palestinos querem para si.

EUA perderam a confiança

A confiança entre as partes está comprometida, mas há uma sobrevida das negociações. Nesta quinta-feira (10), acontece mais um encontro entre os negociadores em Jerusalém. No entanto, poucos acreditam que haja solução. As negociações podem até continuar por mais algumas semanas, mas sem chegar a lugar nenhum.

O desânimo dos Estados Unidos é visível. Ontem, o secretário de Estado americano, John Kerry, recebeu em Washington o chanceler israelense, Avigdor Lieberman, e os dois falaram palavras simpáticas, mas nas entrelinhas ficou claro que a retórica se tornou mais vaga e menos otimista. Até porque Israel também reclama dos próprios americanos. Kerry teria culpado mais os israelenses do que os palestinos pelo impasse nas negociações num depoimento ao Senado, na terça-feira. O Departamento de Estado americano negou que isso tenha acontecido, mas não adiantou nada.

Perspectiva de retaliações mútuas

Se as negociações fracassarem de vez, em termos políticos, os dois lados ameaçam com retaliações. Abbas promete assinar mais tratados e se aproximar do grupo islâmico Hamas, que controla a Faixa de Gaza. Já Netanyahu promete sanções econômicas duras contra a Autoridade Palestina.

O que as pessoas mais temem é que, sem negociações, sem esperança de um acordo de paz, a região entre em mais uma era de conflitos, com mais violência nas ruas. Há quase dez anos, terminou a chamada Segunda Intifada palestina, a última onda de ataques terroristas contra Israel, seguidos de retaliações violentas do exército israelense contra palestinos.

Há quem sugira que uma Terceira Intifada está por vir.

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