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Linha Direta

Libertação de palestinos por Israel não basta para diálogo avançar

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Em meio ao impasse atual nas negociações de paz entre Israel e a Autoridade Palestina, mais de 150 israelenses protestaram nesta quarta-feira em frente à casa do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, em Jerusalém. Eles reclamaram da libertação de 26 presos palestinos condenados por envolvimento em atentados terroristas.  

Em Jerusalém, cerca de 200 pessoas protestaram ontem à noite em frente à casa do premiê israelsense Benjamin Netanyahu contra anova libertação de prisioneiros palestinos.
Em Jerusalém, cerca de 200 pessoas protestaram ontem à noite em frente à casa do premiê israelsense Benjamin Netanyahu contra anova libertação de prisioneiros palestinos. REUTERS/Ronen Zvulun
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Por Daniela Kresch, correspondente da RFI Brasil em Israel

Os civis que protestaram diante da residência do premiê Benjamin Netanyahou  eram quase todos parentes de israelenses mortos em atentados realizados pelos prisioneiros listados para serem libertados até o próximo domingo, 29 de março.

Esta próxima libertação de 26 presos já tinha sido prevista no começo das atuais negociações de paz entre israelenses e palestinos, em julho do ano passado, depois de um impasse de três anos.

Israel se comprometeu a libertar 104 palestinos como gesto de boa vontade para com o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, 26 a cada três meses.

Até agora, três libertações já aconteceram. Esta será a última. A libertação de mais presos palestinos seria uma maneira de manter Mahmoud Abbas engajado. Mas antes, a medida precisa ser aprovada pelo Knesset, o Parlamento israelense. Isso é problemático, já que desse lote de presos fazem parte 14 árabes-israelenses, que não são considerados palestinos por Israel e há muita resistência por causa disso.

Estaca zero

As poucas informações sobre as negociações bilaterais não mostram nenhum avanço, ao contrário, os dois lados só reclamam um do outro.

Para tentar desatar esse nó, o secretário de Estado americano, John Kerry, viajou ontem (26) para Amã, na Jordânia, para se encontrar com Mahmoud Abbas.

O presidente palestino condenou Israel por continuar a expandir assentamentos judaicos na Cisjordânia, o que, para ele, é o maior obstáculo para a paz. Abbas chamou a expansão de colônias de “ofensiva criminosa”.

Já os israelenses, por sua vez, reclamam da intransigência dos palestinos, que se recusam a reconhecer Israel como “Estado Judeu”, o que levantaria dúvidas quanto à intenção palestina de admitir um país com maioria judaica no Oriente Médio.

Nesta quarta-feira, a Liga Árabe, reunida no Kuwait, decidiu apoiar Abbas nessa recusa, o que piorou ainda mais o clima entre os dois lados.

Futuro incerto

O prazo das negociações expira em 30 de abril.  John Kerry tenta de todas as maneiras salvar as negociações de paz às quais se dedica há quase um ano – sob o ceticismo de israelenses e palestinos.

O secretário de Estado chegou a ser chamado publicamente de “obsessivo” e “messiânico” por autoridades locais, como o ministro da Defesa de Israel, Moshe Ya’alon.

No caso de Israel, a imprensa local sugeriu que os americanos prometeriam libertar o espião israelense Jonathan Pollard, preso nos Estados Unidos há 27 décadas por ter repassado documentos secretos para Jerusalém.

Mas, apesar dos boatos, a Casa Branca e do Departamento de Estado americano negaram a intenção de libertar Pollard.

Caso as negociações fracassem, há um temor muito grande de que haja uma nova escalada de violência.

Se os dois lados se retirarem da mesa sem nenhum acordo, nem um documento vago que está sendo preparado por Washington, a frustração pode levar a mais uma onda de violência regional, quem sabe mais uma intifada – revolta generalizada palestina contra Israel.

Fora isso, os palestinos ameaçam, por exemplo, voltar às Nações Unidas em busca de um reconhecimento mais enfático da Palestina como um país-membro. A Assembleia Geral da ONU reconheceu a Palestina como “Estado observador não-membro” em 2012, mas os palestinos querem ser reconhecidos como país também pelo Conselho de Segurança.

O passo, condenado por Israel, poderia levar a um corte de relações sem precedentes, e Israel poderia reagir com mais expansão em assentamentos ou até mesmo a anexação da Cisjordânia.

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