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Linha Direta

Deputada venezuelana deposta chega a Brasília em busca de apoio

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A crise na Venezuela se complica a cada dia. Na terça-feira (1), terminou em confronto uma manifestação de apoio à deputada Maria Corina Machada, deposta do cargo por ter aceitado falar na Organização dos Estados Americanos (OEA), a convite do Panamá. Ontem, ela entrou na Assembleia Nacional venezuelana e participou de uma sessão. Nesta quarta-feira (2), a deputada estará em Brasília. A Anistia Internacional está preocupada com a situação na Venezuela e divulgou relatório sobre a violação dos direitos humanos nos protestos iniciados há quase dois meses.

Deputada opositora venezuelana Maria Corina Machado durante um discurso em Caracas, no dia 26 de março.
Deputada opositora venezuelana Maria Corina Machado durante um discurso em Caracas, no dia 26 de março. REUTERS/Jorge Silva
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A correspondente da RFI em Caracas, Elianah Jorge, explica que a conclusão do relatório da Anistia Internacional é contundente. Segundo o texto, “a Venezuela corre o risco de enfrentar uma das piores ameaças ao estado de Direito das últimas décadas caso as diversas forças políticas não se comprometerem a respeitar os Direitos Humanos plenamente”.

A necessidade de restabelecer o diálogo é uma das principais condições para que o país não caia em uma “espiral de violência”, acredita a organização. Se isto não acontecer, a tendência é que o número de vítimas continue a aumentar. Até o momento, 39 pessoas morreram, 550 ficaram feridas e mais de duas mil foram presas durante os confrontos em todo o país. Além dos 81 casos de tortura registrados desde o começo dos protestos, em fevereiro deste ano.

Deputada opositora cassada em Brasília

A deputada da oposição Maria Corina Machado, deposta pelo Parlamento venezuelano, chega hoje a Brasília, onde vai se reunir com a Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados, presidida pelo tucano Eduardo Barbosa, para apresentar a situação da Venezuela a deputados brasileiros. Corina afirma que seu objetivo no Brasil é "alçar a voz da liberdade” em nome da Venezuela.

Machado afirma que continua sendo deputada, mesmo após o Tribunal Superior de Justiça venezuelano ter anulado seu mandato. O TSJ alegou que a deputada perdeu o direito ao cargo após ter aceitado o convite para falar na OEA como suplente do governo panamenho. Ontem ela reuniu seguidores antes de ir para a Assembleia Nacional, mas o grupo foi atacado por bombas de gás lacrimogêneo lançadas pelas forças de segurança e não conseguiu entrar na sede do Parlamento. Os protestos acabaram em tumulto em Chacao, município da Grande Caracas.

Governo toma medidas contra escassez de alimentos

Nesta terça-feira, entrou em funcionamento o registro de impressão digital para comprar produtos nas redes do governo. O nome oficial é Sistema de Abastecimento Superior. Mas para os críticos, ressalta a correspondente Elianah Jorge, a medida é um racionamento dos produtos que estão escassos no país.

De acordo com o presidente Nicolás Maduro, o “sistema chegou para garantir comida ao povo”. O cadastro é opcional e tem atraído pessoas das classes D e E, que são as que mais sofrem com a falta dos produtos e com o aumento dos preços, sobretudo os dos alimentos controlados.

O governo incentiva o cadastro através do sorteio de casas e de carros, além de descontos. Um sistema de computadores monitora o que foi comprado. Somente oito dias após a primeira compra o cidadão cadastrado poderá comprar a mesma mercadoria nas redes estatais. O sistema é comparado à caderneta de racionamento utilizada em Cuba.

Nova lei sobre a venda de imóveis

O governo venezuelano promulgou uma nova lei sobre a venda de imóveis. De acordo com o texto criado pelo ministério da Habitação, os donos de imóveis alugados há 20 anos ou mais terão que vendê-los ao inquilino dentro de um prazo de até 60 dias ou então pagar multas. As multas podem chegar a 2000 unidades tributárias e caso não seja paga, o imóvel poderá ser embargado.

Elianah Jorge diz que proprietários de imóveis estão assustados com a medida, que classificam de “inconstitucional”. Há os que acusam o governo de fazer uma espécie de expropriação de imóveis particulares. O déficit imobiliário é outro grande problema do país. Alugar um imóvel na Venezuela já é difícil e a situação deve se agravar ainda mais por causa desta decisão do governo.

Clique acima para ouvir o Linha Direta com a correspondente da RFI em Caracas, Elianah Jorge

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