Deputada venezuelana deposta chega a Brasília em busca de apoio
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A crise na Venezuela se complica a cada dia. Na terça-feira (1), terminou em confronto uma manifestação de apoio à deputada Maria Corina Machada, deposta do cargo por ter aceitado falar na Organização dos Estados Americanos (OEA), a convite do Panamá. Ontem, ela entrou na Assembleia Nacional venezuelana e participou de uma sessão. Nesta quarta-feira (2), a deputada estará em Brasília. A Anistia Internacional está preocupada com a situação na Venezuela e divulgou relatório sobre a violação dos direitos humanos nos protestos iniciados há quase dois meses.
A correspondente da RFI em Caracas, Elianah Jorge, explica que a conclusão do relatório da Anistia Internacional é contundente. Segundo o texto, “a Venezuela corre o risco de enfrentar uma das piores ameaças ao estado de Direito das últimas décadas caso as diversas forças políticas não se comprometerem a respeitar os Direitos Humanos plenamente”.
A necessidade de restabelecer o diálogo é uma das principais condições para que o país não caia em uma “espiral de violência”, acredita a organização. Se isto não acontecer, a tendência é que o número de vítimas continue a aumentar. Até o momento, 39 pessoas morreram, 550 ficaram feridas e mais de duas mil foram presas durante os confrontos em todo o país. Além dos 81 casos de tortura registrados desde o começo dos protestos, em fevereiro deste ano.
Deputada opositora cassada em Brasília
A deputada da oposição Maria Corina Machado, deposta pelo Parlamento venezuelano, chega hoje a Brasília, onde vai se reunir com a Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados, presidida pelo tucano Eduardo Barbosa, para apresentar a situação da Venezuela a deputados brasileiros. Corina afirma que seu objetivo no Brasil é "alçar a voz da liberdade” em nome da Venezuela.
Machado afirma que continua sendo deputada, mesmo após o Tribunal Superior de Justiça venezuelano ter anulado seu mandato. O TSJ alegou que a deputada perdeu o direito ao cargo após ter aceitado o convite para falar na OEA como suplente do governo panamenho. Ontem ela reuniu seguidores antes de ir para a Assembleia Nacional, mas o grupo foi atacado por bombas de gás lacrimogêneo lançadas pelas forças de segurança e não conseguiu entrar na sede do Parlamento. Os protestos acabaram em tumulto em Chacao, município da Grande Caracas.
Governo toma medidas contra escassez de alimentos
Nesta terça-feira, entrou em funcionamento o registro de impressão digital para comprar produtos nas redes do governo. O nome oficial é Sistema de Abastecimento Superior. Mas para os críticos, ressalta a correspondente Elianah Jorge, a medida é um racionamento dos produtos que estão escassos no país.
De acordo com o presidente Nicolás Maduro, o “sistema chegou para garantir comida ao povo”. O cadastro é opcional e tem atraído pessoas das classes D e E, que são as que mais sofrem com a falta dos produtos e com o aumento dos preços, sobretudo os dos alimentos controlados.
O governo incentiva o cadastro através do sorteio de casas e de carros, além de descontos. Um sistema de computadores monitora o que foi comprado. Somente oito dias após a primeira compra o cidadão cadastrado poderá comprar a mesma mercadoria nas redes estatais. O sistema é comparado à caderneta de racionamento utilizada em Cuba.
Nova lei sobre a venda de imóveis
O governo venezuelano promulgou uma nova lei sobre a venda de imóveis. De acordo com o texto criado pelo ministério da Habitação, os donos de imóveis alugados há 20 anos ou mais terão que vendê-los ao inquilino dentro de um prazo de até 60 dias ou então pagar multas. As multas podem chegar a 2000 unidades tributárias e caso não seja paga, o imóvel poderá ser embargado.
Elianah Jorge diz que proprietários de imóveis estão assustados com a medida, que classificam de “inconstitucional”. Há os que acusam o governo de fazer uma espécie de expropriação de imóveis particulares. O déficit imobiliário é outro grande problema do país. Alugar um imóvel na Venezuela já é difícil e a situação deve se agravar ainda mais por causa desta decisão do governo.
Clique acima para ouvir o Linha Direta com a correspondente da RFI em Caracas, Elianah Jorge
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