Quais as perspectivas geopolíticas para 2014 no Brasil e no mundo ? A RFI selecionou alguns dos assuntos mais importantes da agenda política internacional em 2013 e pediu a dois especialistas que analisassem a repercussão neste ano. Entre os temas, estão o acordo do Irã com as potências ocidentais, a guerra na Síria, a espionagem ou ainda as eleições no Brasil.
Muitos dos assuntos que dominaram o noticiário em 2013 terão repercussão neste ano, mas arriscar um prognóstico para 2014 é sempre um exercício complexo. Para facilitá-lo, pedimos ao cooordenador do Instituto de Estudos Econômicos Internacionais da Unesp, Luis Fernando Ayerbe e ao professor de História da Universidade de Brasília, Estevão Martins, que analisassem, respectivamente, a repercussão em 2014 de alguns dos fatos que marcaram 2013.
Espionagem
"A espionagem da NSA, revelada por Snowden, se tornou explícita, e de uma forma muito abrupta. O efeito na América Latina foi que os líderes buscaram, primeiramente, formas de se proteger contra essa prática. Esse foi o resultado no âmbito regional, que começou com Brasil e a Argentina, e que será estabelecido de forma mais clara na Unasul neste ano. Sem contar, claro, o efeito político com o cancelamento da viagem da Dilma aos EUA . Mas em termos permanentes, o que existe é a busca pela proteção."
Eleições no Brasil
"Do ponto de vista econômico, o efeito da desaceleração econômica não será sentido no ano eleitoral. O impacto maior será em 2015. Por causa do nível do emprego, a sensação não é de crise, mas os indicadores mostram que é preciso de fato aumentar o nível de investimento. Existem também as questões infraestruturais. Mas isso não será sentido neste ano. Tem uma série de questões, que envolvem a Copa do Mundo, que vão amortecer o debate econômico”
Acordo de Paz das FARC
"Uma série de circunstâncias políticas, ideológicas e conjunturais favorecem que a negociação avance, e a pacificação ocorra de uma maneira mais rápida."
Reaproximação Cuba e EUA
"A grande questão continua sendo o bloqueio econômico, e para isso ainda não existe uma saída. Haverá um esforço de Obama para melhorar as relações, mas não acredito que o bloqueio seja colocado em questão. Acho que é uma decisão dos dois lados de melhorar a relação, e isso está sendo negociado, mas em termos de normalização diplomática, isso dependerá da conjuntura interna dos Estados Unidos."
Confira agora a análise do professor de História da Universidade de Brasíilia, Estevão Martins:
Retomada da ALCA
"A criação de uma área de livre comércio das Américas volta ao debate. Existe uma crítica nos EUA de que o país não tem uma política para a região."
Irã
"A questão da ortodoxia no Irã não mudou. Mas politicamente não resta dúvida que o novo presidente adotou um discurso menos agressivo, e isso é sinal de algum grau de distensão. Mas não acho que depois desse acordo, que é um passo monumental, haja grandes mudanças em 2014."
Síria
"Acho improvável que haja uma intervenção militar, mesmo que fosse meramente aérea, como na época do Iraque. O jogo de alianças é tal no sistema macropolítico internacional, que o jogo de interesses do grupo liderado pela Rússia e pelos Estados Unidos não permite um equacionamento da questão, cujas manobras têm dado certo. Por exemplo, concentrar-se no desarmamento das armas químicas como uma espécie de concessão multilateral para aliviar a pressão sobre a Síria. Foi um indicador de que questão no país estaria resolvida, quando sabemos que isso não é verdade."
Edward Snowden
"Snowden se transformou na pedra do sapato da Rússia e de lá não sai porque ninguém vai querer recebê-lo. Acredito que a Rússia vai renovar seu visto provisório por tempo indeterminado. Em relação à espionagem internacional nas relações bilaterais, só mudou o alcance, mas todo mundo sabe que sempre existiu, o grande problema foi ter mencionado a questão no espaço público."
Eleições no Brasil
"Todos os indicadores mostram que o apoio do PMDB e dos pequenos partidos darão, mesmo com uma margem menor do que na eleição anterior, a vitória ao candidato do PT."
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