Conforme o Egito caminha perigosamente para guerra civil, as relações diplomáticas se redesenham na região. Ainda que ninguém ouse cutucar diretamente o vespeiro egípcio - como ninguém se atirou no sírio -, todo o Oriente Médio sente os ecos da crise. A Líbia, por exemplo, que não se alinhou à Irmandade Muçulmana nem ao Exército, tem convivido com frequentes protestos pró-islamitas e chegou até a ter a embaixada egípcia em Benghazi atacada. Também houve manifestações no Sudão, na Palestina e no Marrocos.
Os sismos extrafronteiriços do terremoto egípcio ampliaram depois do massacre de 14 de agosto. Mais de 900 pessoas morreram na última semana no país - a grande maioria, manifestantes. Na região, o maior aliado do Governo Interino é a Arábia Saudita, enquanto a Irmandade Muçulmana conta com os petrodólares e o lobby político do Qatar.
Israel mantém sua fachada de neutralidade, mas age nos bastidores contra os islamitas - de olho no seu conflito doméstico com o Hamas. Tel-Aviv se aproxima assim do regime de Bashar al-Assad, que adota retórica similar à do Governo Interino, ao classificar a oposição de "terrorista". E os Estados Unidos, provedores de ajuda bilionária ao Exército Egípcio, preferem guardar uma distância tensa.
Para o professor de Relações Internacionais da PUC-SP Reginaldo Nasser, Washington, dealer deste intrincado jogo diplomático pós-Primavera Árabe, deve guardar suas cartas. E deixar fluírem os dólares. Ouça no link acima.
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